Suspense hitchcockiano na Netflix vai revirar seu estômago e te fazer duvidar dos seus olhos Divulgação / Constantin Film

Suspense hitchcockiano na Netflix vai revirar seu estômago e te fazer duvidar dos seus olhos

“A Garota do Trem” é um best-seller de 2015, escrito por Paula Hawkings, que foi transformado em duas adaptações cinematográficas, uma estadunidense e outra indiana. Na primeira versão, Emily Blunt é Rachel, uma mulher alcoólatra, desempregada e obcecada em observar, pela janela do trem, a casa do ex-marido, Tom (Justin Theroux). Quando Megan (Haley Bennett), a babá da filha de Tom com a atual esposa, Anna (Rebecca Ferguson), desaparece, fragmentos de memórias que podem ajudá-la a descobrir o que houve a instiga a investigar.

O filme não é narrado linearmente. Ele vai e volta para o passado por meio de flashbacks, não apenas de Rachel, mas também de Megan, que se sentia infeliz e traía o marido. O enredo avança para o presente com buracos, que são apagões na memória de Rachel devido ao alcoolismo, deixando muitos rastros de dúvidas e suspeitas. Afinal, o que houve com Megan? Qual a relação de Rachel com o ocorrido?

Conforme o suspense se arrasta enchendo os espectadores de questionamentos, a história vai se desdobrando e revelando lentamente os segredos de cada personagem e revelando a verdade. Por vezes, Rachel acredita ser a culpada por seja lá o que tenha acontecido com Megan. Nós, como público, também duvidamos, questionamos, suspeitamos. Quanto mais pistas nos é dado, mais temos certeza, mas também podemos nos enganar.

“A Garota do Trem” é sobre abuso emocional, psicológico e até físico nos relacionamentos. Rachel é tóxica para si mesma quando bebe e se coloca em posição de vulnerabilidade por seu uso exagerado de álcool, que a torna capaz de coisas que não faria se estivesse sóbria. Inclusive, ser manipulada e enganada sobre sua própria personalidade e caráter. Megan também está cada vez mais afastada de si própria conforme avança na relação extraconjugal, a fazendo mergulhar em um abismo de depressão e autodepreciação. Anna também sofre, principalmente por acreditar que está sendo perseguida pela ex-mulher lunática de Tom. No fundo, todas elas se assemelham pela opressão que sofrem em seus relacionamentos, mas são constantemente jogadas umas contra as outras pelas circunstâncias.

O filme é um thriller sobre traição, violência doméstica, abuso emocional e a suposta disputa entre mulheres, que não passa de uma construção social ou, em boa parte das vezes, um jogo maldoso manipulado por homens. Um suspense intrigante e inteligentemente construído, sob claras influências hitchcockianas, “A Garota do Trem”, de Tate Taylor, é parada obrigatória para cinéfilos de plantão.


Filme: A Garota do Trem
Direção: Tate Taylor
Ano: 2017
Gênero: Suspense/Thriller/Drama
Nota: 8/10