O Catar é um país que, tradicionalmente, não tem nenhuma tradição no futebol, um país que só tem tradição em explorar petróleo e ganhar dinheiro. Foi usando essa última tradição que o Catar conseguiu essa vaga na Copa. Mas aí, depois de se dar e conseguir fazer a Copa no Catar, um dirigente da FIFA perguntou ao do Catar: — Tudo bem, mas vocês precisam mesmo jogar?
Com a resposta positiva, os organizadores tiveram que quebrar a cabeça para marcar o jogo de abertura. Porque um jogo de abertura de Copa com o Catar não é uma boa atração. E ainda por cima podia acontecer o pior: uma goleada no time da casa poderia desmascarar de prima que o Catar não tinha a menor condição de sediar uma Copa do Mundo. Acabaram escolhendo o “clássico” Catar x Equador para abrir a Copa. E o Catar, como era esperado, perdeu. E também foi o primeiro país eliminado da Copa.
Mas foi só a Copa começar para a gente esquecer tudo que se falou sobre o Catar, sobre a Fifa, sobre a corrupção, porque eram quatro jogos por dia, não dava tempo de pensar nessas coisas. Copa é foda! E ainda era época de Black Friday, então demos um descontão nos preconceitos e proibições catares para poder assistir aos jogos.
E o Brasil? Torcer ou não torcer? Mesmo com o sequestro da amarelinha pelos bolsominions, mesmo com as besteiras do Neymar, mesmo sem aguentar ouvir o Tite falar, mesmo traumatizado com o 7×1, com as roubalheiras e bizarrices da CBF e com os últimos fracassos da seleção, mesmo assim, eu torci pela seleção.
Mas, por outro lado, eu ainda não consegui usar a amarelinha. É que fiquei com medo de que, se vestisse a camisa amarela, alguma força estranha me fizesse ir até a frente de um quartel para acampar e gritar palavras de ordem sem sentido. Como eu não queria perder os jogos da seleção de jeito nenhum, eu evitei usar a amarelinha e vesti uma camisa azul qualquer para assistir aos jogos.
O Brasil passou pela fase de grupos sem ser brilhante, mas passou. E aí, nas oitavas, encestou uma goleada na Coreia, meteu quatro gols só no primeiro tempo e se absteve de jogar o segundo-tempo. A galera ficou animada, eu inclusive, mesmo sabendo que era a Coreia, que tradicionalmente não tem tradição no futebol.
Então veio o fracasso contra a Croácia e o Brasil saiu da Copa nas quartas de final. Fiquei chateado. Bem chateado. Mas isso não durou muito tempo, já estava desconfiado dessa seleção há algum tempo. Na verdade, até ali, só jogamos bem dois tempos, o segundo tempo contra a Sérvia e o primeiro tempo contra a Coreia.
E começou a discussão para explicar a eliminação do Brasil. Para mim, a explicação para a derrota para a Croácia é simples: ela está no nome dos jogadores croatas. Todos os croatas têm o nome terminado em “ic”. A gente só decorou o nome do Modric, mas sabe que os outros também são Fulanovic, Sicranovic e Etceteravic. Mas a gente aqui no Brasil fala essa terminação “ic” como se fosse ite, então falamos Modrite, Jogadorite, Atacanterite, por aí. E, pouca gente percebeu, mas nós também tínhamos o nosso croata no banco. Era o Tite, que em croata também deve ser escrito com o final “ic”. O Tite só pode ser croata, porque o que ele fez no segundo tempo da prorrogação, nem o técnico croata, o Treinadoric, faria. O croata de terno que estava no nosso banco conseguiu desarmar completamente a defesa brasileira e ainda mandou a turma toda para o ataque, mesmo ganhando de 1×0. Quem estava na frente no placar era o Brasil, mas o contra-ataque foi dos croatas. Foram cinco croatas contra quatro brasileiros quando o Sujeitovic fez o gol. E depois o Tite ainda caprichou na escalação das cobranças de pênalti, começando com o “experiente” Rodrygo, 21 anos de idade. E guardou o melhor cobrador, o Neymar, para depois, quem sabe para 2026? Mas acho que o menino Ney, que já é adulto Ney, em 2026 já vai ser meia-idade Ney e não deve jogar mais.
E agora que a Era Tite virou Já era Tite, a CBF está tentando escolher um novo treinador, candidato a ser o próximo culpado. Enquanto todo mundo discute e trata de catar os cacos do Catar.