Proibido para menores, filme que acaba de estrear na Netflix é uma das mais belas histórias de amor de todos os tempos Parisa Taghizadeh / Netflix

Proibido para menores, filme que acaba de estrear na Netflix é uma das mais belas histórias de amor de todos os tempos

Cada história de amor tem suas cores, sabores, texturas e cheiros. Apenas os amantes sabem o que levou e o tamanho da fatia de si que se desfez pelo outro. Um dos romances mais ardentes da literatura, considerado um dos 100 livros mais importantes do século 20 pelo jornal “Le Monde”, “O Amante de Lady Chatterley” chega, neste ano, em mais uma adaptação cinematográfica, dirigida por Laure de Clermont-Tornnerre. A obra literária chegou a ser proibida em alguns países, durante um tempo, por sua linguagem explícita de sexo e o filme lançado em 2022 também não é recomendado para menores de idade.

Mas não quero gastar mais muitas linhas falando do livro que, como é de conhecimento, foi escrito por D.H. Lawrence. Quando despido de seu verdadeiro dono, “O Amante de Lady Chatterley” é um romance envolvente e sensual, que mantém os espectadores conectados a ele como um fio de energia, que continua a transmitir aquela eletricidade de uma paixão urgente ainda durante um tempo. É difícil superá-lo. Por mais que se busque em outras histórias, outros filmes, algo que vá manter essa carga energética, nenhuma é como a dele.

O motivo disso é a intensidade do romance entre Lady Chatterley (Connie Reid) e Oliver Mellors (Jack O’Connell). E o mérito não é apenas da história, mas da direção de Clermont-Tornnerre, que conseguiu despertar um sentimento imperativo na narrativa e uma química fervorosa entre os dois atores centrais. É como se Reid e O’Connell se conhecessem com a palma das mãos. No enredo, Lady Chatterley é uma jovem recém-casada, na década de 1920, que vê seu marido sexualmente inútil após se ferir gravemente na guerra. Com aval dele para que ela tenha um filho com outro homem, desde que não se apaixone, ela se envolve com o guarda-caça da propriedade em que vivem, Oliver Mellors, outro ex-combatente. No entanto, Lady Chatterley e Mellors se envolvem muito mais que fisicamente, mas desenvolvem uma conexão de almas escaldante, que coloca em risco a reputação e o casamento da aristocrata.

É claro que quando se está apaixonado, pode-se ser tudo, menos discreto. Esta não é uma qualidade dos amantes, que em qualquer história, seja real ou fictícia, não conseguem controlar seus ímpetos mais ancestrais, trocas de olhares, de toques e uma curiosidade intensa pelo outro. Não demora para que o romance entre Lady Chatterley e Mellors vire alvo de fofocas e prejudique cada um individualmente. Mas qualquer amor não vem sem desafios e o que resta para eles é que escolham se estão ou não dispostos a enfrentá-los para ficar juntos.

A paixão transforma a vida de Lady Chatterley, que vivia esgotada como enfermeira de seu próprio esposo, e depositava nela a responsabilidade por seu bem-estar e felicidade. Mellors chega como uma libertação espiritual de sua vida de esposa devota e que abdica da própria felicidade. Ao escolher viver o romance com o guarda-caça, ela também escolhe o autocuidado e o amor-próprio, pois dá a si mesma uma nova chance de ser feliz e de viver sua juventude, apesar dos preços a serem pagos.

Com visuais bucólicos deslumbrantes e cores pastéis, o filme tem um frescor juvenil que se mistura à estética clássica e a melancolia do amor proibido. Um filme para apaixonados inveterados em busca de alimento para suas utopias românticas, “O Amante de Lady Chatterley” é uma deliciosa tatuagem sobre a memória, que promete não desbotar facilmente.


Filme: O Amante de Lady Chatterley
Direção: Laure de Clermont-Tornnerre
Ano: 2022
Gênero: Romance
Nota: 10/10