Poesia é tudo quanto o homem encontra de belo na vida. Pode se apresentar sob sua forma mais clássica, versos, mas também dá o ar de sua graça em canções, peças de teatro e, não raro, desabrocha sem nenhuma inibição diante de milhões de espectadores na tela grande. Fizemos um esforço nada extenuante e elencamos os seis filmes mais poéticos que o cinema já produziu — é claro que há muitos outros, mas para fecharmos em apenas seis, foram esses os que mais nos chamou a atenção, por uma razão ou outra. Os títulos são citados conforme o ano de estreia, do mais recente para o mais antigo, e não seguem critérios de avaliação. Abra a janela e se lance para a poesia.

Contando três histórias sem concluir nenhuma, “Adú” traz propostas de reflexão. O filme é político ao expor problemas cotidianos da vida de um menino que tenta deixar a África com a irmã em busca de uma vida melhor, mas também filosófico e emotivo, quando aborda os dramas particulares de Sandra e o pai Gonzalo, e ainda discorre a respeito da truculência da polícia ao querer dar um pouco de sentido a tamanha desordem. Filme cabeça, filme de autor, filme inteligente, como preferirem, mas filme bom e comovente.

Ellie é a típica garota interiorana em uma cidade pequena e pacata morando com o pai e mercadejando seu talento para a redação com os colegas. Numa dessas, recebe a encomenda de Paul, que lhe pede para escrever uma carta romântica para Aster, uma das moças mais bonitas da escola, por quem está interessado. Ellie aceita a tarefa, e, a partir de então, vai se deparar com uma pletora de emoções nada confortáveis.

O diretor Alan Yang reconta a história do sonho americano à luz das aspirações de um jovem imigrante taiwanês procurando melhorar de vida na tão falada América. Para isso, ele deixa seu país, visando a ascender na fábrica em que trabalha e se casar com a filha do chefe, e se muda para a Nova York da década de 1970. Transcorrido meio século, tudo o que esse rapaz ambicioso e destemido consegue, porém, é um casamento desfeito, muitas amarguras ao longo da jornada no Ocidente e uma relação espinhosa com a filha.

Bertrand, um quarentão depressivo e desempregado há dois anos se dedica a passar seus dias jogando pelo telefone largado no sofá, até que descobre a equipe de nado sincronizado masculino da piscina pública da cidade. Os integrantes desse estranho grupo, claro, são todos perdedores como ele, o que o motiva a ingressar no time e, quem sabe, tomar novo fôlego e tentar outra vez fazer alguma coisa por si mesmo.

Uma paixão adolescente. Um romance que surge do nada. Um amor platônico e um relacionamento prestes a ruir. Junte tudo e, pronto!, se tem todos os clichês da clássica comédia romântica teen neste filme cuja trama roteiriza três contos de amor que se passam ao longo do período natalino, como a de Tobin, apaixonado por uma amiga, mas sem coragem de se declarar. Luke Snellin se tornou célebre por contar histórias bastante palatáveis, recheadas de números musicais e, por óbvio, final feliz, ideais para quem não dispensa um filme que, basicamente, garanta bons momentos.

Héctor, um adolescente de dezessete anos que ostenta um vasto currículo de delinquências, é denunciado pelo irmão Ismael e vai parar num reformatório, onde estão outros garotos como ele, desajustados e indesejados na sociedade. Mas é justamente nesse lugar hostil que ele encontra o amigo com que tanto sonhara: Ovelha, um cachorro abandonado à espera de um dono, tão arredio e problemático quanto ele. Essa relação vai se cristalizando até que o indomável Ovelha some, mas Héctor não está disposto a ficar sem seu novo — e único — amigo.