O Código de Ética Médica dispõe, dentre outros princípios fundamentais, o seguinte: “O alvo de toda a atenção do médico é a saúde do ser humano, em benefício da qual deverá agir com o máximo de zelo e o melhor da sua capacidade profissional”.
Entendo ser esse princípio fundamental, acima de tudo, a razão maior da vocação para o exercício da Medicina, visto que, o profissional que não devota a prática de sua profissão à essa finalidade, não atende à função social que lhe foi destinada, omitindo e negligenciando atenção e cuidados ao bem maior do ser humano: a vida.
O Conselho Federal de Medicina promoveu um estudo intitulado “Radiografia das Escolas Médicas do Brasil”, com o intuito de disponibilizar à sociedade um “retrato” mais fidedigno e com mais transparência do sistema formador de novos profissionais da Medicina no país. De acordo com a última publicação, o Brasil possui 353 escolas de Medicina, o que torna possível, em 1 ano, a oferta de 37.423 vagas, espalhadas em 228 municípios.
Recentemente, o Cremego publicou nota em suas redes sociais esclarecendo não compactuar com a abertura de novas faculdades de Medicina em Goiás. Na oportunidade, foi dito que, a despeito disso, foi instalada uma unidade da UniRV em Luziânia — GO, contrariando as orientações emanadas por esse órgão de fiscalização da atividade médica.
Muitos são os questionamentos que surgem diante destes fatos e números, mas o que mais preocupa a classe médica e a sociedade é: que médicos estamos formando? Quem serão os nossos colegas?
Mais do que nunca é necessário que os órgãos de defesa da profissão se unam e exerçam sua função de fiscalização, com a finalidade de evitar que os números que temos hoje aumentem cada vez mais e percamos o controle sobre a qualidade dos cursos oferecidos e dos profissionais por eles formados.
Temos, hoje, no Cremego 30.686 médicos inscritos, destes, 19.558 com inscrição ativa. A nossa função, enquanto órgão fiscalizador da atividade profissional é, também, a de acolher os colegas em suas demandas e queixas, o que nos ajuda muito a melhorar a qualidade do serviço médico prestado à sociedade e essa função que suplanta, em muito, a ideia equivocada de que o Conselho Regional de Medicina é apenas uma casa de julgamento administrativo do médico.
A indignação de muitos colegas com o surgimento de mais e mais escolas médicas é uma pauta recorrente e é por essa razão que o Cremego se posiciona de maneira clara e histórica contra a abertura de novas faculdades de Medicina.
Entendemos que a valorização da classe passa, necessariamente, pelo respeito que ela adquiriu ao longo de tantos anos, fruto de incansável trabalho articulado entre os órgãos que a representa e, para tanto, é necessário que haja critério e a devida aprovação dos órgãos responsáveis para se chancelar a abertura de novos cursos de Medicina, a fim de, prezando pela boa prática da Medicina, não se perder de vista o fim a que se destina, qual seja, envidar esforços pela saúde do ser humano.