Quem ficou surpreso ao saber do barraco entre Gabriel García Márquez e Mario Vargas Llosa, acontecido em 1976 (donde deduzimos que a Literatura Moderna não consiste apenas num soco no estômago do leitor: às vezes vale murro em olho de autor), é porque nunca soube de outros casos, tão mais apetitosos quanto abafados, também envolvendo literatos — e que chegam agora até você, com exclusividade.
Por exemplo, o beliscão no mamilo que o Machado de Assis tomou do Gregório de Mattos, e que fez o Bruxo do Cosme Velho sair dando pulinhos em ziguezague pela calçada do Forte de Copacabana gritando “Bof quoi, dis donc, fait chier!”. Segundo fofocas, o fato de nunca terem sido contemporâneos — com quase um século e meio dividindo os dois — deve ter sido a causa do desentendimento: se já nunca tinham se falado antes do incidente, aí é que não voltaram a conversar.
Outro caso que deu o que falar foi o demorado pisão no pé que Ernest Hemingway tomou de F. Scott Fitzgerald, num baile em Fresno. Segundo Hemingway, foi porque Fitzgerald não suportava os “therefore” que ele tinha enfiado indevidamente em “O Sol Também se Levanta”. Segundo Zelda Fitzgerald, que presenciou tudo, foi porque Hemingway tirou Fitzgerald para dançar. E segundo Fitzgerald, o décimo-quinto Martini estava ótimo e ele não se lembra de mais nada.
Houve também o caso de Fernando Pessoa, que uma vez se trancou no banheiro de uma tabacaria no Ribadouro, em Lisboa, e quem encostou o ouvido na porta acompanhou o tenso diálogo que culminou em Alberto Caieiro enfiando o dedo no olho de Ricardo Reis. Como não se lembrar também de Lord Byron e Mme. de Stäel, que chegaram a trocar cusparadas, tufos de cabelo e pedaços de unha — e tudo isso por correspondência?
Aliás, no quesito briga de casais, houve o caso de Norman Mailer, que, depois de ter se pegado com uma namorada também escritora, foi a um bar com uma faca cravada nas costas. Quando os amigos, depois de vários rodeios, com muito jeitinho apontaram o fato, ele teria virado um gole de bourbon e dito: “Pois vocês precisavam ver como ela ficou”.
Voltando lá no início, há quem diga que no caso de Vargas Llosa e García Márquez tinha uma mulher no meio. Ainda bem que ela se desviou bem na hora.