Algumas profissões exigem muita criatividade, especialmente se são ligadas à arte. O cinema precisa constantemente oferecer produtos inovadores e surpreendentes. Não é fácil ser roteirista, diretor, produtor. É preciso muito estudo, muitas conversas e pesquisas com pessoas de diferentes nichos, é necessário se colocar na pele de outros e pensar fora da caixa. Muitas vezes, pensar no futuro. Em outras, no passado. Mas é sempre necessário sair da zona de conforto. Nesta lista, algumas produções que provam o quanto o cinema é feito de muita criatividade, pesquisa, viagens na maionese, leituras e muito mais. Roteiros assim não são alcançados simplesmente do nada, exigem muito esforço e muita dedicação. Destaques para “Estou Pensando em Acabar com Tudo”, de 2020, de Charlie Kaufman; “O Diabo de Cada Dia”, de 2020, de Antonio Campos; e “Rede de Ódio”, de 2020, de Jan Komasa. Os títulos disponíveis na Netflix estão organizados de acordo com o ano de lançamento e não seguem critérios classificatórios.
Imagens: Divulgação / Reprodução Netflix
Apesar de ter dúvidas sobre seu relacionamento, uma jovem faz uma viagem de carro com seu novo namorado, Jake para visitar a fazenda da família dele. Depois de uma forte nevasca, ela fica presa com a mãe e o pai de Jake e começa a questionar a natureza do que sabe sobre seu namorado, sobre si mesma e o mundo. Uma análise do arrependimento, da carência afetiva e da fragilidade do espírito humano, “Estou Pensando em Acabar com Tudo” é baseado no best-seller de Iain Reid.
A história traz diversos eixos familiares no sul de Ohio, na década de 1960. Entre eles, o de Arwin, órfão depois que o pai (um veterano de guerra) se matou e a mãe morreu de câncer. Ele e Charlotte, que também é órfã, vivem como irmãos na casa da avó do jovem. Quando um novo pastor chega à cidade e seduz Charlotte, Arwin descobre que tem a mesma personalidade violenta do pai. Em outro arco, Carl e Sandy formam um casal de seriais killers, que dão carona a jovens rapazes somente para matá-los.
Rede de Ódio” já impacta pelo nome. Certamente não foi por acaso que optou-se por traduzir com essa expressão o título da produção polonesa. O filme de Jan Komasa deve muito de sua genialidade ao personagem principal, mas ampara-se, por óbvio, no contexto histórico em que está inserido e na época em que vivemos, no Brasil, sobretudo. O uso deturpado da inteligência artificial — cada vez mais inteligente, ao passo que o homem, por sua vez, parece emburrecer a olhos vistos — fomenta a discussão sobre em que medida um indivíduo agressivo pode se dizer afetado pela toxicidade da internet ou se sua truculência é fruto de sua própria natureza patológica. Komasa explora essa dicotomia — logo resolvida, em face da superioridade da segunda hipótese — à luz de Tomasz, que sai do interior da Polônia para a capital Varsóvia a fim de estudar direito, graças à generosidade de estranhos. O rapaz não é simplesmente ambicioso, e a perspicácia do diretor aliada ao talento soberbo de Maciej Musialowicz, desde sempre deixam muito claro que está ali um sociopata que, como quase sempre sói acontecer, é um sujeito cuja capacidade intelectual supera a de quem o rodeia. Ele se vale das facilidades que as redes sociais proporcionam para levar a termo os objetivos que busca alcançar, sem poupar quem quer que seja. Não se deve deixar passar nada ao longo das 2h15 de duração da trama, que oferece uma mensagem edificante, sem ser — ou parecer — moralista. Há que se estar sempre atento para os Tomasz que nos apresenta a vida.
Ellen é uma viúva que havia perdido o marido em um acidente de barco. Ao procurar o seguro, descobre que o dinheiro não será liberado, porque a empresa aplica golpes em seus clientes. Essa e outras centenas de companhias offshore, localizadas em paraísos fiscais, faziam parte de um esquema de lavagem de dinheiro e corrupção, administrada pelos advogados Jürgen Mossack e Ramón Fonseca. No esquema, também estavam envolvidos empresários, criminosos, celebridades e políticos.
Ephraim Winslow é contratado como assistente de um faroleiro, chamado Thomas Wake. O trabalho é árduo, o tempo é ruim e Wake se mostra um chefe desprezível e autoritário, que não permite a entrada de Winslow no farol superior. Quando uma gaivota aparece e começa a atormentar o recém-chegado, trazendo maus presságios, coisas sombrias e misteriosas começam a acontecer.
Josh Mansky é um antigo mestre de xadrez e professor universitário, que se tornou um jogador degenerado e alcoólatra. Ele é recrutado por oficiais da inteligência dos Estados Unidos, que precisam de seus conhecimentos estratégicos para salvar o país de uma ameaça nuclear, em plena Guerra Fria. Ele terá de ajudar o governo a evitar navios russos a caminho de Cuba com uma carga não identificada e que tem chances de ser armamento ofensivo com capacidade de destruir os EUA.
Zhang Dong Ling comete suicídio. O filme acontece em uma cronologia reversa, em que temos um vislumbre dos três eventos que moldaram sua vida e, por fim, resultaram em sua morte. Os acontecimentos fatídicos e trágicos envolvem a traição de sua mulher, sua vingança contra o amante e a morte de sua mãe.