5 filmes na Netflix que vão bugar sua cabeça

5 filmes na Netflix que vão bugar sua cabeça

Viver nunca foi exatamente fácil. Poucos conseguem preservar a sanidade mental frente a tanta preocupação, tanta ansiedade, tanto conflito. Nos últimos 70 anos, desde o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o homem tenta escapar das armadilhas da modernidade; nos tornamos viciados no conforto tóxico dos grandes centros, estamos cada vez mais assoberbados de trabalho e a consequência direta de toda essa deturpação do que deveria nos trazer mais qualidade de vida — e acaba por nos deixar sedentários, gordos, diabéticos, hipertensos — é o fastio, a decepção, a tristeza, passos firmes rumo à infelicidade. Dia após dia, cada de um de nós — do multimilionário cuja fortuna se erigiu da mão para a boca ao pobre-diabo que luta por um pecado de pão sob o viaduto de uma megalópole qualquer — temos nossas batalhas a travar. São muitos os desafios para os teimosos que insistem em viver, em seguir adiante, tropeçando, errando, mas determinados a burlar o pensamento enganoso que reza que a vitória tem um momento exato para chegar. A esmagadora maioria das pessoas nunca está apta a experimentar o sucesso se não à custa de uns tantos fracassos, que se acumulam, como degraus que conduzem a uma nova dimensão e a um mundo muito mais interessante.

Para tanto, há que se estar disposto e ser sensível aos acenos da vida. Às vezes, é mais recorrente que o aconselhável a vontade de se isolar, ou de passar por cima de preceitos éticos — tomados como meras formalidades ou um pormenor dispensável de gente meio melindrosa —, ou ainda de ignorar esses mesmos sinais e fazer tudo de um jeito completamente novo (e errado), tentações que nos impedem ou, ao menos, nos atrapalham de seguir caminhando. Uma das grandes sabedorias da vida é aprender, o mais breve possível, a respeitar o lugar onde chegamos e a maneira que escolhemos para isso. Se tudo está nas nossas mãos — e está mesmo —, o mais razoável, o mais inteligente a se fazer é, para princípio de conversa, valorizar nosso esforço, não abrir mão do que nossas experiências nos legaram. Respeitar-se, a si e a sua própria história, faz toda a diferença para se vislumbrar, afinal, a beleza do existir; quando, por algum motivo, isso não acontece, o que se vê é a pletora de desencontros e vexames que atropela Daniel Mantovani, o protagonista de “O Cidadão Ilustre” (2016), comédia dramática dos diretores argentinos Gastón Duprat e Mariano Cohn. Contudo, também sempre se pode dispor do onipresente livre arbítrio a fim de se evitar qualquer risco de desapontamento, e a pandemia de covid-19 deixou à humanidade uma lição: se isolar pode ser libertador, e no documentário “Bo Burnham: Inside” (2021) o comediante americano Bo Burnham faz dessa pretensa agonia o gatilho para experimentar novos métodos, aprimorar técnicas que já conhecia e repensar sua trajetória pessoal e seu trabalho. A lista da Bula toma esse propósito, o de tratar das pirações que o cinema oferece, nessa ou naquela medida, para, invariavelmente, tentar fazer com que o distinto público seja um pouco menos melancólico e um tanto menos estúpido. O Cidadão Ilustre, “Bo Burnham: Inside” e outras três produções, todas disponíveis no acervo da Netflix e lançadas entre 2021 e 2000, partem do pressuposto de que estamos sempre precisando de orientação, mas se não for o seu caso, melhor ainda. Dá para apreciá-lo apenas sob a perspectiva do entretenimento.

Imagens: Divulgação / Reprodução Netflix