A fortuna crítica do escritor belga-argentino Julio Cortázar é ampla (um de seus melhores críticos é o brasileiro Davi Arrigucci, autor de “O Escorpião Encalacrado”), mas o homem (e mesmo parte da obra) é um continente a ser desbravado. A respeito da causa de sua morte — ocorrida em 12 de fevereiro de 1984, há 38 anos — ainda há certas reservas. Um de seus melhores intérpretes, Mario Goloboff, no livro “Cortázar — Notas Para uma Biografia” (Dsop, 302 páginas, tradução José Rubens Siqueira), é cauteloso e fala tão-somente em “leucemia”. Já “Julio Cortázar — El Cronopio Fugitivo” (Edhasa, 639 páginas), do escritor biógrafo espanhol Miguel Dalmau, de 64 anos, é incisivo: o autor de “O Jogo da Amarelinha” (“Rayuela”) morreu de complicações derivadas da Aids.
No capítulo “La muerte — el grande escândalo”, de dezesseis páginas, Dalmau discute a causa da morte, de maneira transparente e esclarecedora, mas sem sensacionalismo.
Dalmau relata que, além de doente, Cortázar estava triste por causa da morte de sua mulher, a escritora canadense Carol Dunlop, sua grande paixão, em 1982, aos 36 anos, de leucemia.
Os médicos pediam exames frequentes e variados de Cortázar. Porém, se tinha leucemia, por que teve de fazer uma consulta urgente com um imunologista? O que se investigava era se o paciente tinha HIV, a causa da Aids (Sida, em espanhol). O escritor começa a perder peso e energia.
“Como se produziu o contágio? Eis o dilema. O autor de ‘Rayuela’ não pertencia aos grupos de risco: homossexuais, drogaditos, hemofílicos etc.”, assinala Dalmau. O biógrafo diz que não há evidência de que Cortázar fosse homossexual ou bissexual. Nem ele nem Carol Dunlop eram promíscuos. “Não há provas de que o Lobo [Cortázar] e Osita [Carol Dunlop] se entregassem a certos jogos nem que Cortázar praticasse sexo descontrolado em suas viagens a Havana”, capital de Cuba.
A hipótese mais provável é outra, sugere Dalmau. “No verão de 1981 o escritor recebeu várias transfusões por causa de uma hemorragia gástrica que pôs sua vida em perigo. Ele disse: ‘Sou um homem novo. Trocaram todo o sangue’. Na realidade, injetaram-lhe litros de sangue contaminado. Naquela época, o Ministério da Saúde francês adquiria bolsas de sangue africano a baixo custo sem saber que parte delas continham o vírus da Aids. O sangue foi distribuído nos hospitais do Sul da França, entre eles o de Aix-en-Provence, onde o Grande Cronopio havia feito as transfusões. Para alguém tão respeitoso com os vampiros, um tremendo erro humano o havia condenado a essa trágica ironia do destino”. Por causa da distribuição de sangue contaminado, o ministro da Saúde foi exonerado.
Cortázar contaminou Carol Dunlop? Não. A pesquisa de Dalmau conclui que a escritora morreu de “aplasia medular”.
Mesmo estando comprovado que Cortázar tinha Aids, a ex-mulher Aurora Bernárdez, amigos e biógrafos postulam que morreu em decorrência de leucemia. “Outros autores, como Cristina Peri Rossi [escritora e crítica literária uruguaia] e o crítico espanhol Rafael Conte, admitem que sua morte deriva de Aids. Todos os elementos atuais apontam que Julio Cortázar faleceu por causa da Aids.” O biógrafo ressalva que, de fato, também tinha leucemia. O médico Hervé Elmaleth prognosticou que, dado o câncer, viveria cerca de três anos. Porém, o HIV acelerou seus problemas de saúde e ele viveu a metade disso.
Consciência do fim — como Rilke
Depois de apresentar a causa principal da morte de Cortázar, o biógrafo retoma sua história.
Numa carta ao amigo Mario Muchnik, no Natal de 1983, Cortázar conta que, apesar de sonolento (por causa dos medicamentos e da doença), “procura trabalhar e que isto lhe dá ânimo e o faz se sentir melhor”.
Ao encontrar Cortázar, na saída de um concerto, num teatro dos Champs-Elysées, Tata Cedrón diz que ele “está bem, bárbaro”. O escritor contrapôs: “Não, não… Estou mal. Estou mal”.
Depois, Cortázar liga para Mario Muchnik e, com voz cavernosa, lhe diz: “Estou muito farto do meu corpo, Mario. A verdade é que estou bastante desesperado”. A tristeza, porém, não era apenas por causa da doença. “O autor de ‘Rayuela’ não quis ou não pôde superar a morte de Carol. Ainda que tivesse companhia, se sentia deprimido e só.” Numa breve nota manuscrita, o escritor disse a Guillermo Schavelzon: “Por minha letra, você perceberá meu estado de ânimo. Ligue para mim, por favor”. Schavelzon acredita que “Cortázar morreu de tristeza”.
A lituana Ugné Karvelis, com quem Cortázar foi casado, disse a Balmau: “Ele [Cortázar] viveu o final de sua vida muito mal. Confessava que dormia, comia e caminhava mal. Dizia que tudo estava ruim. Foi uma morte lenta. Ele se via morrer, mas sem poder impedir. Me dava muita pena. É um absurdo sugerir que alguém merece um tipo determinado de morte, mas preferia que Julio tivesse tido uma morte rápida e sem consciência do fim”.
A ideia de “consciência do fim” tem a ver com Rilke, poeta que Ugné Karvelis e Cortázar apreciavam. O poeta tcheco morreu de leucemia.
Em meados de janeiro de 1984, Cortázar se internou no Hospital Saint-Lazare, que ficava perto de sua casa. O médico Modigliani (o nome chamou a atenção do atento escritor) pediu exames ao Serviço de Gastroenterologia. “Porém, durante um dos exames, sua pressão arterial caiu de maneira brusca.” Ao amigo Saúl Yurkievith, disse: “Fiquei sem pulso e todos pensaram que eu morreria ali mesmo”.
No dia 20 de janeiro, Cortázar é visitado por Omar Prego. “Julio estava só, sentado numa cadeia, com o olhar perdido” em direção a uma janela. O escritor, que observava um velho pátio de Paris, reclama: “Estou farto da comida [tem vontade de comer um “bom bife”] e do barulho provocado pelas enfermeiras”.
“Quando sair do hospital, daremos um passeio por um bosque”, diz a Omar Prego. “Não pode ser muito longe: Vincennes ou Fontainebleau. O que quero é ver árvores.”
Na mesma data, Cortázar envia uma carta (a última de que se tem notícia) à editora espanhola Felisa Ramos. “O conteúdo da dita carta confirma definitivamente a origem do mal que está lhe matando, Aids: ‘Sigo muito enfermo, passando por laboratórios e hospitais a fim de que encontrem por fim o que é que tenho [ele estava com problemas estomacais]. O problema é que já tem mais de oito meses que me sinto como um cachorro, vítima de coceiras na pele, que às vezes me levam à pior exasperação”. Volta-se a discutir o diagnóstico de leucemia mieloide crônica.
Na primeira semana de fevereiro de 1984, percorre, de carro, tendo ao lado Aurora e o casal Yurkievich, algumas ruas de Paris. Pede para ir à Biblioteca do Arsenal. Mas, como o edifício era alto e não tinha elevador, não subiu. Pediu a Aurora que olhasse a biblioteca e contasse o que vira. “Anda, sobe, e me diz se a biblioteca está como sempre.”
Cortázar ficou no automóvel, na companha de Saúl Yurkievich. “Segundo o testemunho deste, o enfermo já havia descoberto que estava morrendo e declarou, com amargura, que ninguém lhe havia informado sobre a gravidade de seu estado”, anota Dalmau. O escritor teria acrescentado que, se soubesse que estava tão mal, teria “vivido os últimos anos de maneira diferente”.
Ao chegar à porta do edifício onde morava, na Rua Martel, deu-se, de novo, o problema de não se ter elevador. “Enquanto descansava, resignado, ao pé da escada sinuosa, o humor o acudiu: ‘Caramba’ — disse. ‘Esta escada é como um dragão. Que tema para um conto’. Depois daquela excursão falhada, regressaram ao hospital, onde Cortázar ficou internado definitivamente”. Aurora Bernárdez, Luis Tomasello e Saúl Yurkievich o acompanharam. O último era o encarregado de lhe levar os jornais. Tomasello massageava suas [longas] “pernas de agrimensor”. Ele ouviu de Cortázar, que adorava boxe: “Se este combate fosse de sete rounds o ganharíamos, mas com 12…”.
Mesmo muito doente, Cortázar “quis terminar a tradução de vários contos que lhe havia deixado Carol, e, para isso, contou de novo com a ajuda inestimável de Aurora”. Ele “concluiu a revisão de um breve livro de poemas [“Negro el 10”] que havia escrito para acompanhar uma coleção de dez serigrafias” de relevos negros de Luis Tomasello.
“Empieza por no ser. Por ser no. El caos es negro. Como es negra la nada”, escreveu. “Caballo negro de las pesadillas, hacha del sacrificio, tinha de la palabra escrita, pulmón del que diseña, serigrafia de la noche, negro el diez: ruleta de la muerte, que se juega viviendo.” Dalmau diz que, “assombrosamente, nestes penúltimos versos se encerra todo o Cortázar: a noite, o pesadelo de viver, a escritura, o jogo, o azar, o sonho… E quase ao modo de epitáfio, este último verso que ficou sobre a mesinha do hospital: ‘Tu sombra espera tras de toda luz’” (“Tua sombra espera atrás de toda luz”, na tradução de José Rubens Siqueira).
“Depois de corrigir o texto, Julio foi se apagando”, afirma Dalmau. O tratamento era apenas para que sofresse menos. O enfermo disse a Saúl Yurkievich: “Diante de mim há duas portas: uma leva à claridade e a outra leva às trevas”.
Num momento de lucidez, Cortázar disse para Aurora: “Não se preocupe comigo. Estou indo para minha cidade”.
Françoise Campo Timal, que o viu no leito de morte, disse: “Desgraçadamente, a última visão que tenho dele é em seu leito de morte. Tinha o rosto muito magro. E isso ressaltava ainda mais seus olhos imensos, de vidente. O rodeavam Saúl e Gladys Yurkievich, sua ex-mulher Aurora e eu. Julio estava muito mal. Mas, de repente, sua cara começou a apaziguar-se. Levantou uma de suas imensas mãos e perguntou: ‘Ouvem essa música?’ Tinha o rosto cheio de alegria e nos dizia: ‘Que lindo que estejam comigo ouvindo essa música’. E eu me dizia: Meu Deus, se morresse agora, se morresse escutando a música que ele disse que ouve e dizia-nos ‘que lindo, que belo’. Porém morreu dois dias depois, sem música”.
Na verdade, Cortázar estava alucinando por causa dos medicamentos — morfina, possivelmente — que estava tomando para não sentir dor. Mas, como diz Dalmau, o ato é revestido de poesia, a poesia que o acompanhou por toda a vida. “No seu delicioso livro ‘Um Tal Lucas’ [Nova Fronteira, 157 páginas, tradução de Remy Gorga Filho], havia escrito que na hora de sua morte, se houvesse tempo e lucidez, lhe agradaria poder escutar duas coisas, o último quinteto de Mozart e um solo de piano sobre o tema ‘I ain’t got nobody.” Porém, se não tivesse tempo suficiente, pediria para ouvir “somente o disco de piano”. Ele apreciava a música do pianista de jazz Earl Hines.
A morte do escritor num hospital de Paris
“Depois de sete horas de agonia, Cortázar recebeu uma piedosa injeção do médico. Em poucos segundos morreu serenamente de uma parada cardíaca, num domingo, 12 de outubro [de 1984], com a cabeça voltada para a porta” do quarto do hospital.
Como Cortázar morreu num hospital, as leis francesas exigiam que o velório fosse realizado no necrotério municipal. No entanto, com a cumplicidade do médico do Hospital Saint-Lazare, Aurora e amigos levaram o morto de ambulância — como se estivesse vivo — para sua casa. “Este traslado de um corpo — um cadáver apresentado como vivo — era um bom final para um apaixonado pela literatura romântica. E pelos vampiros”. Há uma história de Cortázar, “El copiloto silencioso”, parecida com a de sua própria morte.
Por causa da ação de Aurora e amigos, há registros de que Cortázar morreu no seu apartamento da Rua Martel. Mas, na verdade, faleceu no hospital.
Tata Cedrón compareceu ao velório e deixou um relato: “Quando morreu fui vê-lo, na sua casa. Estava na cama com seu gorro russo e, de barba, parecia Alexander Nievski”. Osvaldo Soriano disse que, sobre uma mesa, viu “um tomo com a poesia completa de Rubén Darío”. Com a morte de Cortázar, a casa não parecia ter dono. Quem quisesse, afirma, poderia “roubar um livro” ou seus papéis.
Aurora pediu a Mario Muchnik que fizesse fotografias do cadáver de Cortázar. O editor decidiu fazer, não muito animado: “Julio estava estendido na cama, com as mãos cruzadas sobre o peito e os olhos fechados. Estava extremamente magro. Aurora e Claribel me haviam dito que estava ‘lindo’ e Hugo me havia confirmado. Mas eu não vi nenhuma beleza”. As fotos foram entregues para Aurora. Dalmau lembra que Cortázar escreveu: “Quiçá, finalmente, a fotografia dê razão a quem acreditava, no século passado [o 19], que os olhos dos assassinados conservam a imagem última daquele que avança com o punhal”.
Na Argentina, onde moravam Herminia, mãe, e Ofelia, irmã, um afilhado do escritor, Carlos María Gabel, leu, estupefato, no jornal “La Razón”: “Murió Cortázar”.
O então presidente da Argentina, Raúl Alfonsín, que não convidou Cortázar para sua posse — auxiliares por certo o consideravam por demais radical politicamente, dada sua ligação com Cuba e Nicarágua —, demorou a reagir à morte do escritor, e, quando o fez, agiu de maneira protocolar. Num desrespeito a um dos maiores escritores argentinos e da história.
Cortázar foi enterrado no cemitério de Montparnasse, ao lado de sua amada Carol Dunlop (perto do túmulo do filósofo francês Jean-Paul Sartre), no dia 14 de fevereiro de 1984. “Era o Dia de San Valentín, o Dia dos Namorados. Um de seus amigos, Omar Prego, recorda que era uma manhã fria, mas de uma luminosidade quase sobrenatural”, escreve Dalmau. O silêncio imperava. Os funcionários do cemitério sugeriram, em certo momento, que os amigos saíssem e deixassem apenas os familiares. Os amigos insistiram, sem convencer os burocratas, que não havia família ali, só os amigos. Aurora era ex-mulher. Estavam lá o casal Yurkievich, Mario Muchkin, Claribel Alegría, Julio Silva, Tomasello, Soriano, Goloboff, a viúva de Italo Calvino [a tradutora argentina Esther Judith Singer], o fotógrafo Antonio Gálvez, os cantores Daniel Viglietti e Paco Ibánez e o escritor espanhol Andrés Amóros. O embaixador de Cuba na França e membros da Frene Farabundo Martí de Liberación Nacional de El Salvador estiveram presentes. A variedade de pessoas, com ideologias diferentes, sugere, postula Dalmau, “uma faceta variada, tão rica e inapreensível”. O biógrafo está falando de Cortázar.
Ninguém se lembrou do epitáfio que Cortázar havia criado para si mesmo, assim que chegou a Paris: “Julio Cortázar. Cualquier ranita le ganaba”. “Sem dúvida que é maravilhoso, ainda que injusto com o homem tão valente que chegou a ser. Um homem que teve o valor de sonhar, de escrever, de amar, de ser livre, de enfrentar seus piores demônios, e de comprometer-se com seu tempo para ajudar os outros. Na hora da verdade [a morte] tudo transcorreu de uma maneira mais próxima dos inquietantes contos de ‘Bestiário’ [Civilização Brasileira, 144 páginas, tradução de Ari Roitman e Paulina Wacht] do que das ‘Histórias de Cronópios e de Famas’” (Civilização Brasileira, 157 páginas, tradução de Glória Rodríguez).
Mais tarde, numa rua de Buenos Aires, uma pichação chamou a atenção: “Volvé, Cortázar, volvé. Total, ?qué te cuesta?”
Aurora Bernárdez, encarregada do legado de Cortázar, descobriu uma carta-poema, intitulada “La Madre”, para sua mãe, Herminia. O escritor decidiu não enviá-la. Segue o texto, sem tradução, mas que, com algum esforço, se poderá ler.
Carta de Julio Cortázar para Hermínia, sua mãe
“Delante de ti me veo en el espejo que não acepta câmbios, ni corbata nueva ni peinare en esta forma. Lo que veo es eso que tú ves que soy, el pedazo desprendido de tu sueño, la esperanza boca abajo y cubierta de vómitos.
“Oh, madre, tu hijo es éste, baja tus ojos para que calle el espejo y podamos reconciliar nuestras bocas. A cada lado del aire hablamos de cosas distintas con iguales palabras. Eres una coluna de ceniza (yo te quemé) una toalla en la percha para las manos que pasan y frotan, un enorme búho de ojos grises que espera todavía mi nombramiento decorativo, mi declaración conforme a la justicia, a la bondad del buen vecino, a la moral radiotelefónica. No puedo allegarme, mamá, no puedo ser lo que todavía ves en esta cara. Y no puedo ser otra cosa em libertad, porque en tu espejo de sonrisa blanda está la imagen que me aplasta, el hijo verdadeiro y a medida de la madre, el buen pingüino rosa yendo y viniendo y tan valiente hasta en final, la forma que me diste en tu deseo: honrado, cariñoso, jubilable, diplomado.”
Cia das Letras publicou “O Jogo da Amarelinha” e todos os contos
O romance “O Jogo da Amarelinha” (Companhia das Letras, 592 páginas), um dos mais engenhosos romances da história da literatura, com tradução, habilíssima de Eric Nepomuceno. Sobre o livro, escreveu um dos mais percucientes críticos da obra de Julio Cortázar, Davi Arrigucci Jr.: “‘O Jogo da Amarelinha’ é uma construção literária e, a uma só vez, um projeto paradoxal de destruição da literatura. Uma obra em constante gestação, um texto que se vai tecendo à medida que se lê”.
A Companhia das Letras lançou “Todos os Contos” (1144 páginas), de Cortázar, com traduções caprichadas de Heloisa Jahn e Josely Vianna Baptista.
Os demais livros de Cortázar, inclusive sua crítica literária, circula por outras editoras, como Civilização Brasileira, Nova Fronteira e L&PM. É provável que a Companhia das Letras persista publicando sua obra, o que fará um bem enorme aos bons leitores.