Quarta temporada de Cobra Kai vai conquistar seu espírito ou quebrar seus dentes

Quarta temporada de Cobra Kai vai conquistar seu espírito ou quebrar seus dentes

O primeiro “Karatê Kid” é um clássico da década de 1980, o que equivale afirmar que é um clássico da Sessão da Tarde, dos tempos longínquos em que a Sessão da Tarde cumpria sua nobre tarefa de forjar o caráter de uma geração. Tudo o que veio depois, incluindo a quarta temporada da série “Cobra Kai”, que estreou na Netflix na passagem de 2021 para 2022, carrega o peso desse legado. O vídeo linkado parte dessa premissa.   

Obviamente, nunca é fácil continuar uma obra-prima do cinema como “Karatê Kid”. Pode parecer brincadeira, mas não podemos esquecer que o diretor do filme, lançado em 1984, é John G. Avildsen, o cineasta que ganhou o Oscar Melhor Diretor com o também clássico “Rocky, um Lutador”, de 1977. Ou seja, ele sabia o que estava fazendo. Pelo menos até 1990, quando assinou o horroroso “Rocky 5”.

Seja como for, o fato é que “Karatê Kid 2” ainda é bom e “Karatê Kid 3” é mediano. Ambos foram assinados por John G. Avildsen. Apesar da qualidade desigual e minguante, serviram para fortalecer e ampliar a mitologia da franquia. O quarto filme, dirigido por Christopher Cain, é pouco lembrado. Ainda temos o sr. Miyagi, mas nada de Daniel San. A protagonista é uma menina, Julie, interpretada por uma jovem Hilary Swank, o que, imagino, deveria gerar uma mudança no título do filme. O mesmo com a péssima refilmagem com Jackie Chan e o filho sem talento de Will Smith, onde se luta kung-fu e não karatê. Provavelmente, algum executivo de estúdio deve ter dito em uma reunião de definição de projeto: “O que? Kung-fu?! Não podemos mudar o nome da franquia. Quem quer ver ‘Kung-fu Kid’? Podem continuar. Ninguém vai notar a diferença. É tudo luta de oriental. Para garantir contratem aquele chinês que fica pulando em Nova York. Ele é bom. Vai distrair o público”. E assim caminha a humanidade.  

Seja como for, depois do fim da trilogia original, a saga de Daniel San entrou no imaginário coletivo. Ao longo do tempo surgiram vários boatos de continuação. Ela finalmente veio de modo inusitado, tomando a história pelo ponto de vista do suposto vilão, Johnny Lawrence, interpretado com brilhantismo por William Zabka. A história se passa mais de 30 anos depois dos eventos do primeiro filme. Daniel San é um bem-sucedido homem de negócios, o sr. Miyagi está morto e o galã bad boy Johnny Lawrence tornou-se um alcoólatra desajustado e falido.

Isso é “Cobra Kai”, a fantástica série de Netflix, que chega em sua quarta temporada. As três primeiras foram muito boas. O que esperar dessa quarta? Qual sua premissa? De onde parte? E o mais importante: por que “Cobra Kai” se consolidou como um exemplo de respeito à base de fãs e criatividade, capaz de conquistar um novo público? Por que Hollywood tem muito que aprender com “Cobra Kai”? Assista o vídeo e descubra.

Ademir Luiz

É doutor em História e pós-doutor em poéticas visuais.