Duna, meio filme meio bom

Duna, meio filme meio bom

A superprodução “Duna”, de 2021, teve pelo menos quatro grandes tentativas de levar o clássico de ficção científica de Frank Herbert às telas. Os projetos de Arthur P. Jacobs e Ridley Scott praticamente não contam, então podemos considerar como sendo a primeira o paquiderme fílmico planejado pelo cineasta Alejandro Jodorowsky, que teria Orson Welles, Mike Jagger, Salvador Dalí e girafas que andam no teto no elenco. Colaborariam na direção de arte figuras como Giger e Moebius. Muitos defendem que essa obra mudaria a história do cinema e que é o maior filme que não foi feito. Talvez seja exagero, mas não se pode negar que teria sido interessante ver o resultado de tamanho ego trip artístico.

Perto do que Jodorowsky planejava, o filme de 1984 produzido por Dino de Laurentiis é bastante modesto. Dirigido, e renegado, por David Lynch como parte do acordo para que conseguisse fazer “Veludo Azul”, essa versão de “Duna” foi má recebida por público e crítica, sendo considerada um fracasso. O roteiro confuso e edição lisérgica não ajudaram. Mas é preciso reconhecer que algumas soluções estéticas foram bastante interessantes, sobretudo no que se refere a direção de arte e design de produção. A escalação inusitada de Sting como Rabban, um dos vilões, até hoje é celebrada e se tornou a marca registrada da produção. Apesar de tudo é um cult movie.  

Finalmente, em 2000 o canal Sci-Fi produziu uma minissérie abarcando praticamente todo o arco narrativo da série de livros de Frank Herbert. O resultado foi positivo, embora esteticamente modesto, em função do orçamento limitado. Diferente das versões anteriores, o roteiro é bastante fiel. Até o momento, segue sendo a melhor adaptação de “Duna”. Prova de que, muitas vezes, o menos é mesmo mais.

Vinte anos depois, “Duna” ganhou uma nova chance, e em grande estilo. Com direção de Dennis Villeneuve, elenco estelar e grande orçamento, não podia dar errado. E, realmente, não deu. O filme é bom, porém, neste caso, bom é pouco. Vendido como uma obra-prima certa, deveria ser no mínimo ótimo. O resultado dividiu opiniões. Alguns acharam que o filme é um deserto de emoções, outros que é a última Coca-Cola do deserto. A opção por cortar a narrativa no meio foi controversa, assim como certas opções narrativas.

Neste vídeo, somamos os prós e contras e mostramos por soluções fáceis que não é difícil consertar “Duna” de modo a agradar gregos, troianos e fremens.

Ademir Luiz

É doutor em História e pós-doutor em poéticas visuais.