Pedimos aos leitores e colaboradores que apontassem os poemas mais significativos de João Cabral de Melo Neto. Poeta e diplomata, João Cabral de Melo Neto inaugurou uma nova forma de fazer poesia no Brasil. Guiado pelo raciocínio e avesso a confessionalismos sua obra é caracterizada pelo rigor estético e pelo uso de rimas toantes. Divide com Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira o título de maior poeta brasileiro pós-1940.
Os poemas citados pelos participantes convidados fazem parte do livro “João Cabral de Melo Neto, Obra Completa”, editora Nova Aguilar, publicado em 1999. Por motivo de direitos autorais, foram publicados apenas trechos dos poemas. A fotografia que ilustra a seleção é de Oscar Cabral.
Tecendo a ManhãUm galo sozinho não tece uma manhã: E se encorpando em tela, entre todos, |
O Cão Sem PlumasA cidade é passada pelo rio O rio ora lembrava Aquele rio Sabia dos caranguejos Sabia da lama Aquele rio |
Uma Faca só LâminaAssim como uma bala assim como uma bala qual bala que tivesse um igual ao de um relógio relógio que tivesse assim como uma faca qual uma faca íntima de um homem que o tivesse, |
Alguns ToureirosEu vi Manolo Gonzáles Vi também Julio Aparício, Vi Miguel Báez, Litri, E também Antonio Ordóñez, Mas eu vi Manuel Rodríguez, o de nervos de madeira, o que melhor calculava o que à tragédia deu número, |
Morte e Vida Severina— O meu nome é Severino, |
O RelógioAo redor da vida do homem Se são jaulas não é certo; Umas vezes, tais gaiolas Mas onde esteja: a gaiola e de pássaro cantor, |
Difícil ser FuncionárioDifícil ser funcionário Não é lá fora o dia É a dor das coisas, Eu nunca suspeitara Carlos, há uma máquina E os arquivos, Carlos, Não me sinto correto Não encontro a palavra |
A Educação pela PedraUma educação pela pedra: por lições; Outra educação pela pedra: no Sertão |
Fábula de um ArquitetoA arquitetura como construir portas, Até que, tantos livres o amedrontando, |
Num Monumento à AspirinaClaramente: o mais prático dos sóis, Convergem: a aparência e os efeitos |