O filme impactante e surreal da Netflix, que vai tirar seu sono

O filme impactante e surreal da Netflix, que vai tirar seu sono

Se você nunca se fez perguntas existenciais, sobre seu destino e suas escolhas, o documentário surreal “Three Identical Strangers”, da Netflix, vai te deixar acordado, à noite, pensando em questões como essa. Mas não só isso. A história narrada no filme vai fazê-lo refletir sobre a sua própria vida e a desses infelizes personagens de uma realidade caótica e conspiratória.

David, Eddy e Robert são trigêmeos nascidos em 12 de julho de 1961, em Nova York. No entanto, eles só se conheceram em 1980, após um irônico acaso. Criado em uma família de classe média, filho de médico e um adolescente tímido, Robert Shafran chegou em seu primeiro dia na Universidade de Sullivan e ficou confuso ao perceber que era popular. Todos o cumprimentavam, mas, estranhamente, o chamavam de Eddy. Após se estabelecer no dormitório, foi inquirido por um outro adolescente que soube imediatamente que aquele não era seu melhor amigo, Eddy Galland.

Naquela noite, Robert pegou a rodovia e foi bater na porta do verdadeiro dono do rosto reconhecido pelos colegas de faculdade, para tentar entender como havia uma pessoa idêntica a ele no mundo, sem que soubesse de sua existência. Os dois rapazes haviam nascido de uma mesma mãe e entregues a uma instituição. Foram adotados por famílias diferentes e encontraram-se porque o destino resolveu uni-los novamente. Não demorou para que a história ganhasse as páginas dos jornais e notoriedade pública. Mas o mais surpreendente é que o inusitado não parava por aí.

Nas imediações de Nova York morava um outro clone da dupla, David Kellman, que se deparou com a foto dos outros dois no jornal. Claro que ele quis entender como aquilo era possível. Estava determinado a reencontrar seus irmãos perdidos. Eles jamais haviam imaginado que eram trigêmeos, até tudo isso acontecer. As famílias ficaram ainda mais perplexas com a informação.

Enquanto os rapazes aproveitavam a popularidade instantânea de sua história, participavam de programas de televisão, faziam ponta em filmes e eram convidados vips de boates famosas, os pais dos jovens tentavam desenrolar reuniões com a instituição que havia colocado as crianças para adoção, para entender o motivo de terem sido separados. Frustrados em suas tentativas, os pais acabaram desistindo. Mas os fatos por trás da armação ainda perseguiriam os trigêmeos, ao longo de suas vidas.

Após se encontrarem diariamente e descobrirem que tinham os mesmos gostos para mulheres e esportes, as mesmas manias e aspirações, decidiram usar o dinheiro da fama para adquirir um apartamento, juntos, em Manhattan. Foram atrás de sua mãe biológica e perceberam que não valia a pena. Anos depois, eles formaram suas famílias e decidiram abrir um restaurante. Mas o mesmo destino que os havia unido, os afastaria por tragédias pessoais. E foi por causa dos infortúnios que eles passaram a questionar se tudo poderia ter sido diferente, caso tivessem crescido juntos, na mesma família.

E é aí que, de surpreendente e empolgante, o documentário adota um tom sombrio e assustador. Vagas lembranças da infância os assombrariam durante suas vidas. Visitas misteriosas recebidas em casa, testes de Q.I., filmagens e uma série de outras pistas enigmáticas sobre seus passados.

É quando conhecem o cineasta por trás do documentário, Tim Wardle, que as investigações sobre o que teria ocorrido na instituição se aprofundam. O problema é que as descobertas são mais sinistras do que eles gostariam de admitir. Buscando funcionários do passado da instituição, eles chegam ao psiquiatra Peter Neubauer, diretor de uma pesquisa que tinha intuito de descobrir como a genética, o ambiente familiar e cultural e questões socioeconômicas influenciam na formação dos serem humanos, os tornam quem são. Como ratos de laboratório, David, Robert e Eddy foram entregues a famílias com um perfil pré-estabelecido pelos pesquisadores, separando três bebês recém-nascidos irmãos e assistindo, ao longo dos anos, como cada um se comportava e desenvolvia. E, após anos de insistência, a equipe da produção do documentário consegue, finalmente, ter acesso à pesquisa que estava trancafiada nos porões da Universidade de Yale.

Enquanto acompanhamos, atônitos, as apurações, sofremos, nos chocamos e nos compadecemos da situação dos irmãos. Durante as gravações, ficou claro que a mesma conspiração havia ocorrido com vários outros irmãos gêmeos, nos Estados Unidos, que jamais tiveram a oportunidade de se conhecer pessoalmente. Dos resultados do estudo, uma única certeza: sua interferência impactou de maneira catastrófica a vida de todas as crianças que fizeram parte dele.