O poder da história e (da república) das BANANAS!

O poder da história e (da república) das BANANAS!

Um famoso experimento com macacos explica quão é importante valorizarmos e compreendermos a história. Diferentemente dos primatas desprovidos de um córtex pré-frontal desenvolvido, não podemos nos dar ao luxo de alegar não termos recursos para lembrar, não importa se vivemos ou não a situação em questão. Porém, embora a teoria da evolução — colocada em xeque pelos nobres “pensadores” nativos da terra plana — não seja definida meramente como “o homem evoluiu do macaco”, talvez alguns macacos possam eventualmente evoluir da espécie humana e devíamos estar atentos ao fenômeno.

Sobre o experimento: havia uma escada, no alto dela bananas e no entorno um grupo de macacos que adorava aquele prêmio dourado “dando sopa”. Oras, bastava subir a estrutura de madeira! O primeiro subiu, comeu o “fruto” (proibido) e os demais foram imediatamente punidos com um jato d’água gelado. Passado um tempo outro macaco foi tentar sua sorte e escalou para receber uma recompensa gostosa. Novamente os demais ficaram encharcados e tremendo de frio com um novo jato d’água. Isso aconteceu algumas vezes até que os macacos entenderam que havia uma relação entre subir a escada para pegar as bananas e jatos d’água. Logo, sempre que algum peludo ousava ascender para gritar “independência ou morte” era rapidamente impedido pelos outros.

O experimento podia ter acabado aí — mostraria que até animais menos inteligentes do que nós (não todos nós, é claro) eram capazes de perceber, avaliar e tirar conclusões para se comportarem de modo a não infligir dor na maioria —, mas não parou por aí não.

Os cientistas substituíram um dos macacos daquele grupo original que “aprendeu” a lição sobre “cuidar dos outros” e “cuidar de si mesmo” — que é tudo a mesma coisa. O recém-chegado não tinha nem ideia das consequências para os coleguinhas quando foi direto em direção à escada ao avistar um provocativo cacho amarelo. E é quando a coisa fica interessante: os outros símios não permitiram que o calouro sequer pisasse nos degraus e bateram nele. Mais um macaco é substituído e tudo se repete, pois quando ele avança para a escada é agredido pelos outros e, inclusive, por aquele primeiro novato que nunca viu um jato d’água jorrando sobre o grupo caso alguém se deliciasse com a polpa macia envolta em cascas. Outro macaco é substituído, depois outro, e mais outro e outro.

Finalmente não há mais um único macaco do primeiro grupo, mas nenhum dos atuais se atreve a subir na escada. Aceitam que, de alguma forma, aquilo não é permitido, não é bom. Assim surgem muitos hábitos, lendas, mitos, mentiras e sacanagens mil, que impedem a resistência, a revolta, a luta por respeito e garantia de direitos.

Nós temos o poder de não apenas proteger conhecidos ou estranhos de levarem “porrada”, como, principalmente, de escolher a fruta que vai ficar lá no topo da escada. Nós somos, literalmente, os cientistas que as colocam lá. E se podemos alcançar aquele alto cobiçado — ou eleger o que vai nos representar e a nossos desejos — podemos comer se assim quisermos. Nossos direitos são “coletivos”, não apenas para um ou para poucos que ignoram as consequências para a maioria, em prol de algum prazer momentâneo. Temos, diferentemente dos macacos, essa capacidade de compreensão, de abstração, de “memória” e de razão.

Que tenhamos um belo Dia da Independência e que lembremos de como chegamos até aqui e até onde podemos ir com inteligência e empatia (e democracia). Que não cometamos os mesmos erros, principalmente. A história está aí para nos ensinar.