7 ótimos filmes na Netflix para quem já surtou esta semana

7 ótimos filmes na Netflix para quem já surtou esta semana

A vida só é possível graças a um encadeamento de sinapses. Uma célula nervosa transmite à outra as informações de que o corpo necessita a fim de continuar sadio, se temos de comer, nos hidratar, ir ao banheiro, dormir, o que qualquer pessoa normal faz. Hábitos nocivos à manutenção do bem-estar do organismo, como o consumo excessivo de álcool, gorduras trans, frituras, açúcar refinado, cafeína, sal em demasia, o tabagismo, o uso de drogas em geral, a falta de atividades físicas, tudo isso, além do famigerado estresse, claro, contribuem para minar a saúde, inclusive a mental. Motivos para nos fazer perder a linha, soltar os cachorros no primeiro que aparece, chutar o pau da barraca — e ficar ao relento — é o que não falta na vida moderna nossa de todo santo dia, cada vez mais atravessada de tensão, apuros de dinheiro, doença… É difícil conservar a mente sã diante de tanta preocupação, tanta ansiedade, tanto conflito. Nos últimos 70 anos, desde o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o homem ficou viciado na comodidade venenosa de habitar os grandes centros, cada vez mais atolado de trabalho e, por conseguinte, cada vez mais enfastiado, desapontado, infeliz. E vício é a palavra exata para descrever a sinuca de bico das emoções humanas do ponto de vista biológico. O homem não suporta ficar indisposto, refém das descompensações químicas que ele mesmo fomenta. Qual a solução, rápida, por que não há tempo a se desperdiçar? Antidepressivos, ansiolíticos, sedativos… e o ciclo recomeça. Às vezes, a sensação de nó na garganta só se dissipa com a ajuda da medicina, mas na maior parte dos casos, há muitas outras saídas antes de se entregar aos tarjas-pretas da vida. Já pensou em ir a um lugar em que todo mundo tem o mesmo mal que você, discutir ali os seus problemas, ainda que o terapeuta falte? É o que fazem os personagens de “Toc Toc” (2017), do diretor espanhol Vicente Villanueva. Mas se nem na hora de relaxar você consegue se desconectar do batidão e olha para o relógio de meio em meio minuto, o roteiro enxuto, mas cheio de dados interessantes de “Polícia e Ladrão” (2020), de Arnon Manor e Timothy Ware-Hill, curtíssima de sete minutos, sobre racismo e intolerância policial contra pessoas negras, é a melhor pedida. Esses e mais cinco títulos, todos no acervo da Netflix, aliviam o cansaço da semana ao passo que igualmente nos fazem refletir sobre a própria fadiga, seja de que natureza for. É melhor assistir a algum deles que baixar hospital, vítima de um faniquito qualquer, concorda?

Imagens: Divulgação / Reprodução Netflix

Giancarlo Galdino

Depois de sonhos frustrados com uma carreira de correspondente de guerra à Winston Churchill e Ernest Hemingway, Giancarlo Galdino aceitou o limão da vida e por quinze anos trabalhou com o azedume da assessoria de políticos e burocratas em geral. Graduado em jornalismo e com alguns cursos de especialização em cinema na bagagem, desde 1º de junho de 2021, entretanto, consegue valer-se deste espaço para expressar seus conhecimentos sobre filmes, literatura, comportamento e, por que não?, política, tudo mediado por sua grande paixão, a filosofia, a ciência das ciências. Que Deus conserve.