Esbarrei nessas duas autoras brasileiras fantásticas de formas diferentes. Gasto bastante tempo online e em livrarias procurando por novas vozes e também tenho meus grupos de troca leitura, como todo mundo, para descobrir novos livros. A indicação da Carla Madeira veio com a mesma potência da escrita dela. Todo mundo dizia: “você tem que ler”. Mas só fui conhecer e me apaixonar por “Tudo é Rio” depois que ele entrou no Clube do Livro do MyNews. Já Tina Vieira veio por aquelas buscas aleatórias nas estantes de livrarias. Gostei da capa e fiquei intrigada com o nome que eu não sabia o que significava “Maboque” e comprei pra experimentar.
Eu acho incrível ler o primeiro livro de alguém. Fico sempre imaginando há quanto tempo o autor estava pensando naquela história. O quanto de coragem teve que reunir para colocar tudo no papel. Em quantos lugares teve que bater até conseguir publicar. Acho que o incrível de um primeiro livro é ter o contato com o autor numa forma mais bruta.
A escrita da Carla Madeira é daquele tipo que você quer decorar cada frase. Por que cada uma é mais linda que a outra. Me lembrou um pouco a sensação que eu tive quando li “Torto Arado” de Itamar Vieira Franco, que também é uma obra-prima. Os personagens de “Tudo é Rio” são intensos e incrivelmente humanos. É uma história cheia de emoções fortes, é uma história picante, violenta, doce e tem um final surpreendente.
Tina Vieira também tem aquelas frases que a gente quer guardar pra sempre. A história dela tem um ritmo mais leve e te toca profundamente. Fala muito dos “não ditos”, das relações construídas em cima de suposições, da falta de afeto, da explosão dos momentos de felicidade e do processo do perdão.
Gostei também de ter encontrado no livro um pouco de Angola que é um país do qual a gente ouve pouco falar. E, ah, Maboque é o nome de uma fruta angolana que fiquei com muita, muita vontade de experimentar. Aliás, fiquei com vontade de conhecer Angola pra entender as nossas semelhanças. Coincidentemente enquanto eu lia o livro eu estava de férias na Bahia na Lagoa do Cassange em Maraú. E fiquei sabendo pelos nativos de lá que a lagoa ganhou este nome porque se parece com a Lagoa do Cassange em Angola. Maraú foi um lugar que acomodou quilombos ao longo de sua história.
“Tudo é Rio” e “Maboque” são experiências deliciosas de leitura, mas agora já estou me preparando para o segundo livro de Carla Madeira: “A Natureza da Mordida”. Pelas reviews que já vi online parece ter o mesmo efeito arrebatador do primeiro livro. Não vejo a hora!