5 filmes extraordinários na Netflix que você provavelmente nunca viu — e não sabe o que está perdendo

5 filmes extraordinários na Netflix que você provavelmente nunca viu — e não sabe o que está perdendo

Muito já se disse e se escreveu a respeito da famigerada “função da arte”. Há quem diga que a função da arte é educar, preparar o homem para o futuro, instigar no homem uma consciência de fazer parte de um todo, de um organismo maior que seu próprio corpo, que sua própria família, seu próprio círculo de amigos, sua cidade, seu país, quem sabe esperando que deixe de caber no próprio planeta. Por outro lado, muitos defendem que a função única da arte é precisamente essa, ser arte. A arte pela arte é arte ao quadrado e, em muitos casos, é muito mais producente quanto a fazer girar a roda da evolução. A vida é um mar proceloso que se atravessa a bordo de uma nau sem casco e é a arte quem pincela com um pouco de beleza essa travessia. A jornada do homem sobre a Terra é plena de surpresas, eventos inesperados que o colhem, trazendo em seu bojo ora prazer, ora situações infaustas, e mesmo sabendo de tudo isso, a gente não deixa nunca de esperar pelos inesperados da vida, ansiando, por óbvio, que nos sejam doces. A sensação de, assim, por acaso, encontrar um filme no qual jamais tínhamos reparado antes, gostar do leiaute da capa, a partir dele escarafunchar a ficha técnica, saber o nome daqueles atores dos quais você não ouvira falar até então, assistir, gostar, ou mesmo, achar uma porcaria, não tem o condão de que qualquer um se sinta um pouco menos ignorante, um bocadinho menos perdido no mundo? As novas — e sempre úteis — descobertas, e o gosto por fazê-las: eis o sal da vida! A Bula separou hoje cinco filmes disponíveis no catálogo da Netflix sem os quais a gente até pode passar, mas que decerto trazem tanta beleza à nossa vida uma vez que lhes damos uma chance que é uma verdadeira barbaridade deixá-los ali, à míngua. “O Menino que Lia Cartas” (2019), escrito e dirigido pelo sul-africano Sibusiso Khuzwayo, é o típico filme para o qual você precisa reservar a meia hora que ele lhe pede. Escreva aí: a história do garoto que lê as mensagens para os vizinhos analfabetos da avó vai pegar você. No caso do trágico “A Sun” (2019), do taiwanês Chung Mong-hong, drama de uma família às voltas com a inconsequência do filho caçula, as emoções são de outra ordem, mas balançam o espectador com a mesma força. Nessa seleção, vale lembrar, os títulos vêm do mais novo para o mais antigo, mastigadinhos para você, e a cotação é toda sua. Tenha as melhores expectativas acerca deles — e elas vão ser superadas.

Imagens: Divulgação / Reprodução Netflix

Giancarlo Galdino

Depois de sonhos frustrados com uma carreira de correspondente de guerra à Winston Churchill e Ernest Hemingway, Giancarlo Galdino aceitou o limão da vida e por quinze anos trabalhou com o azedume da assessoria de políticos e burocratas em geral. Graduado em jornalismo e com alguns cursos de especialização em cinema na bagagem, desde 1º de junho de 2021, entretanto, consegue valer-se deste espaço para expressar seus conhecimentos sobre filmes, literatura, comportamento e, por que não?, política, tudo mediado por sua grande paixão, a filosofia, a ciência das ciências. Que Deus conserve.