A frente fria que forma no Sul e que promete fazer o Brasil todo tiritar está dando pano pra manga — e que seja de casaco. Já havia algum tempo que a gente não tomava parte em discussões que não se referissem a pandemia, política e uma rançosa mistura desses dois temazinhos indigestos, e, vendo as coisas sob esse aspecto, a tal da frente fria até que chega em boa hora. A sabedoria popular consagrou que, depois de muito calor, a queda da temperatura é certa. Bem, não tem feito exatamente calor, mas pelo visto o frio vai dar mesmo o ar da graça — ou desgraça, para muita gente. Está fazendo tempo bom na maior parte das regiões Sul e Sudeste, mas segundo os meteorologistas, os termômetros nos preparam surpresas. No Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, a chance de neve desponta no horizonte. A propósito, os cinco municípios onde foram registradas as mais fortes ondas de frio ao longo de 2021 se localizam justamente nesses estados, já tradicionais quando o assunto é aquele climinha mais aconchegante, sobretudo no inverno. Urupema, Urubici, Bom Jardim da Serra e São Joaquim, em Santa Catarina, e Bom Jesus, no nordeste gaúcho, estão na ordem do dia. Se você curte um friozinho — ou um friozão — e dispõe de algum tempo, vale a visita, né?
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Os pouco menos de 2.500 habitantes de Urupema, fincada em plena Serra Catarinense, decerto se sentem importantes a essa época do ano. A cidade, que reivindica o título de mais fria do Brasil, desperta a atenção de todo o país durante o inverno, quando as nevascas são praticamente garantidas. E como neve aqui é coisa rara, o município acabou se tornando uma potência turística, em especial entre os meses de junho e julho. Todos os anos, Urupema reúne muitos visitantes que não se dão por vencidos enquanto não sentem os primeiros flocos de neve sobre a pele. Felizmente, o tempo colabora e o encantamento é só uma questão de paciência.
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Urubici é um dos melhores destinos entre as cidades da nossa rota do frio. Reserve um tempinho para caminhar pelo centro e conferir a excelente gastronomia. As pousadas são confortáveis e dispõem de um serviço atencioso, que cativa e faz com a que gente queira voltar de novo e de novo. A paisagem exuberante que circunda Urubici é um espetáculo à parte; não dá para não ir à Pedra Furada, formação rochosa esculpida pelas intempéries do tempo ao longo dos anos. Contudo, é necessário fazer um alerta: para visitar as outras atrações na extensão da SC-439, um carro será de fundamental importância, o que não vem a ser nenhum drama, já que há locadoras de automóveis nas redondezas.
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Pertinho da linda Serra do Rio do Rastro, Bom Jardim da Serra se apresenta ainda mais fascinante no inverno, quando fica toda coberta de gelo. Os cânions, como o do Funil, são uma ótima alternativa de passeio, e o Rio do Rastro Eco Resort é uma boa pedida para se hospedar. Além do turismo, o município é famoso por suas maçãs, responsáveis por 80% da produção agrícola local. Para chegar, saindo de Florianópolis, é só pegar a BR-101 até o trevo de Gravatal; a partir daí, siga pela BR-438 até a Serra do Rio do Rastro.
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Em São Joaquim, o frio também é a estrela: a temperatura no município já bateu nos 10° negativos, e a neve é sempre muito aguardada no inverno. A Vinícola Villa Francioni é uma opção para os amantes de um bom vinho e se precisar de dinheiro em espécie, atenção: não há muitos terminais eletrônicos disponíveis. O frio é o personagem principal do turismo na cidade, mas há muito mais o que se fazer em São Joaquim. A Vinícola Villa Francioni oferece um tour por suas instalações e, no fim, a recompensa: uma aula-degustação acerca do que é produzido de melhor na casa. O Snow Valley, para quem é chegado a um programa mais radical, é uma aventura e tanto.
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Uma das cidades mais tradicionais do Rio Grande do Sul e fundada em 21 de maio de 1879, Bom Jesus, antes Capela do Senhor do Bom Fim, tornou-se município independente em 2000. De lá para cá, a população, de origem alemã e italiana, mas também indígena e negra, continua mestra na arte de receber bem o viajante, ávido por conhecer as maravilhas da natureza local, assim como a saborosa culinária e exemplares arquitetônicos que testemunham a influência da colonização europeia na região ao longo dos séculos, como é o caso da Igreja da Matriz do Bom Jesus.