Os 10 melhores filmes em língua não-inglesa do século 21

Os 10 melhores filmes em língua não-inglesa do século 21

Para seguir firme em seu processo de dominação do planeta, o homem teve se adaptar. Nos primórdios, ainda na pré-história, o ser humano não havia desenvolvido o que se poderia classificar propriamente de idioma, um conjunto de códigos gráficos e fonéticos por meio dos quais pudesse estabelecer uma comunicação efetiva e rápida com indivíduos do grupo a que pertencia. Foram necessárias centenas de milhares de anos para que isso começasse a acontecer e a empreitada ainda não está concluída, uma vez que a língua, com o perdão do trocadilho, é viva, se submete às mais diversas transformações num período muito curto, se curvando à urgência da comunicação num mundo onde tudo se dá num ritmo que beira a insanidade em muitas situações. É tão verdadeiro o argumento de que determinado povo subjuga outro, antes de mais nada, pela palavra que, não por acaso, o inglês foi o idioma que se tornou presente em todo globo. A língua reflete a relevância, a potência de uma nação. Por meio dos mares, a Inglaterra chegou a terras desconhecidas, explorou suas riquezas, e impôs em seus novos domínios a maneira que usava a fim de se comunicar. Os Estados Unidos, uma ex-colônia britânica, preteriram o alemão e absorveram o inglês como sua língua nativa e, à medida que o país se consolidava como a maior democracia da Terra, mais o idioma se disseminava pelo planeta, sendo considerado à certa altura a língua universal. Isso mudou um tanto de alguns anos até o momento. Hoje, é crescente o interesse por línguas não exatamente dominantes — e nem populares fora de seus países de origem. Alemão, italiano, francês, mandarim e até coreano já fazem parte do repertório de muita gente por causa, claro, da situação econômica privilegiada dessas nações, que por sua vez deu azo à expansão da arte apresentada por elas. O cinema sempre registrou obras em que o inglês não é prerrogativa para que um filme seja sublime. É o que se verifica no hispano-argentino “O Segredo dos seus Olhos” (2009), de Juan José Campanella, uma história que amalgama os sentimentos mais díspares, vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, ou no italiano “A Grande Beleza” (2013), de Paolo Sorrentino, sobre um escritor boêmio que, à certa quadra da vida, faz um balanço de seu caminho até ali. Dessa vez, a ordem dos filmes respeita a vontade dos nossos leitores que, por meio de uma enquete, decidiram que as produções deveriam vir elencadas a partir da que mais gostaram. É isso aí, na Bula é você quem manda. Agora, vamos à nossa torre de Babel particular.

Giancarlo Galdino

Depois de sonhos frustrados com uma carreira de correspondente de guerra à Winston Churchill e Ernest Hemingway, Giancarlo Galdino aceitou o limão da vida e por quinze anos trabalhou com o azedume da assessoria de políticos e burocratas em geral. Graduado em jornalismo e com alguns cursos de especialização em cinema na bagagem, desde 1º de junho de 2021, entretanto, consegue valer-se deste espaço para expressar seus conhecimentos sobre filmes, literatura, comportamento e, por que não?, política, tudo mediado por sua grande paixão, a filosofia, a ciência das ciências. Que Deus conserve.