MCB (música de corno brasileira): breve tratado sobre a ‘sofrência’ e a era da boçalidade musical

MCB (música de corno brasileira): breve tratado sobre a ‘sofrência’ e a era da boçalidade musical

Pablo leva uma mensagem de extrema importância para todo o povo brasileiro: a de que o conceito de baixo nível cultural não é absoluto. Ele é mutável — capaz de piorar com o tempo. Portanto, novas porcarias sempre surgirão para encantar os ouvidos incautos que se deixam seduzir pela osmose auditiva

De tempos em tempos, nossos ouvidos são tomados de assalto por alguma música de sucesso radiofônico inexplicável, que é executada incessantemente nas rádios, na TV, na internet. Tamanha é a insistência com que é repetida que o ouvinte incauto, embora pudesse de início repudiar a melodia de baixa qualidade, vê-se submetido a um processo de “osmose auditiva”, cujo resultado é a aceitação inconsciente do padrão artístico imposto. Alguns poucos, todavia, imunizados pelo espírito crítico e pelo gosto estético mais exigente, conseguem sobreviver a esse processo. A eles, então, é dado observar o estágio de ruindade da indústria fonográfica do País.

Ruim é a indústria fonográfica que se apropria do que outrora fora chamado de “arte musical”, a fim de convertê-la num produto caça-níquel do pior quilate. Nesse contexto é que os ouvintes de espírito crítico podem notar a ascensão de “artistas” de sucesso meteórico, de carreiras fabricadas por empresários inescrupulosos, sem o menor grau de identidade musical ou projeto de obra. Os trabalhadores dessa indústria milionária se põem a cantar o mais das vezes uma única canção, de péssima qualidade, com letras semianalfabetas alicerçadas em arranjos instrumentais paupérrimos. Os temas que cantam são desimportantes. Contanto que haja um refrão grudento, que envolva algum grito neandertal ou expressão sem sentido para expressar a alegria da festa (“olê”, “olá”, “chiclete”, “arêrê”, “levantou poeira”, “lepo, lepo”, “senta, senta” etc.), tem-se sonoridade suficiente para “extravasar, liberar e jogar tudo pro ar” — o lema de vida medíocre que anima o estereotípico folião-carnavalesco-praieiro. Eis o resumo da fórmula de sucesso fácil e desprezível que engendra aquilo que se convencionou denominar de hit na indústria fonográfica brasileira.

Para os ouvintes críticos que escapam ao processo de “osmose auditiva” (também conhecido como “homogeneização da estupidez estética decorrente do baixo nível cultural humano”, ou simplesmente “mau gosto”), todos esses elementos que permeiam a indústria do entretenimento são prontamente observáveis. Chega a ser uma obviedade. No entanto, a intelectualidade brasileira sempre se ressentiu de uma lacuna expressiva. Até hoje nenhum pensador no campo da cultura havia sido criativo o bastante para sumariar todo o sofrimento a que está submetido o ouvido do cidadão brasileiro que se respeita. Pois bem. Com o êxito comercial da carreira do cantor baiano Pablo, esse “alguém” não falta mais. Logicamente, compreender a seriedade do que afirmo demanda um exame do artista e sua obra. É precisamente a essa tarefa que me dedicarei a partir de agora. Porém, a fim de dar cabo de uma missão tão árdua, para o desempenho da qual é inevitável ao escritor flertar com altas doses de estrambotismo, vejo-me forçado a iniciar meu ensaio por meio da incursão na biografia — ainda tão pouco explorada — dessa grande revelação do cancioneiro nacional.

Um perfil do cantor Pablo: a criação do “arrocha” e o nascimento de um gênio da música brega

Pablo

A história de Pablo não é muito diferente da maioria das trajetórias dos produtos vendidos pela indústria musical. Nascido no interior da Bahia, começou a cantar ainda cedo, influenciado por seu pai. Logo percebeu que seu talento musical era limitado e não se incomodou com isso. Sem nenhuma pretensão artística verdadeira, percebeu que o violão seria sua carpintaria. E que se conseguisse associar meia dúzia de acordes à sua voz de tenor choroso seria possível ganhar rios de dinheiro sem maiores esforços no campo da intelecção. Naturalmente, o jovem Pablo poderia ter seguido o caminho fácil da “axé music”, que tanto ouviu em sua terra natal quando ainda era um adolescente (vale lembrar que o cantor tem apenas 29 anos de idade). Se assim fosse, teria vestido um abadá multicolorido com bermuda cavada e rebolado loucamente seus quadris na boca da garrafa, descendo até o chão “na dança da bundinha”. Teria “levantado poeira”, a lançar-se em busca de algum “babado novo”, enquanto sentia o “cheiro de amor” e comia o indigesto prato do “chiclete com banana”. Mas Pablo não queria nada disso. Ele percebeu desde cedo sua inclinação “romântica”. Seu estilo, portanto, era outro: a música brega.

Assim, sabedor de seu lugar no mundo, Pablo deixou-se entorpecer por muitas audições dos mais afamados cantores do estilo. Reginaldo Rossi, Amado Batista, Odair José foram alguns dos mestres que, de maneira recorrente, estiveram na sua vitrola. Com eles, o jovem Pablo aprendeu que a dor-de-corno, quando musicada, pode render muito dinheiro. Outra das suas influências foi Lairton, que lhe ensinou o poder do marketing, porquanto qualquer cantor de brega que se preze precisa de um “apelido”, algo similar ao que ocorria no passado com um guerreiro tribal ou, em tempos recentes, com um lutador de MMA. Como Lairton adotou a célebre alcunha de “Morango do Nordeste”, Pablo pensou em seguir seus passos. Consequentemente, seu primeiro nome “nome artístico” foi “Cacau da Bahia”. Porém, logo notou que o apelido não era bom; soava óbvio demais. Dessa forma, rebatizou-se de “Pablo — A Voz Romântica”, o que acabou por revelar-se sua primeira decisão acertada rumo ao sucesso no show business brega.

Para compreender a persona junguiana tão complexa do cantor Pablo, tão importante quanto o resgate de suas influências artísticas, é o exame da sua personalidade ambiciosa. Ele nunca quis ser só mais um no mundo da música. Sua pretensão sempre foi entrar para a história, deixar seu nome gravado na pedra, qual um deus do panteão das artes musicais. Foi então que começou a investigar a vida dos grandes compositores eruditos. Isso o levou a perceber um padrão notável: todos os que entraram para a história universal da música criaram algo marcante com sua obra. De alguma maneira ajudaram a arte musical a evoluir. Foi assim que ele soube, por exemplo, que o alemão J. S. Bach notabilizou-se no período barroco ao desenvolver sua própria escala musical como uma variante da escala menor melódica. Já o austríaco Alban Berg, em 1935, ao compor seu concerto para violino e orquestra intitulado “Dem Andenken des Angels”, inovou com a música atonal. Consequentemente, inspirado por esses gênios, Pablo criou o “arrocha” — que pode ser definido como uma vertente da música brega tradicional, cuja originalidade criadora reside na fusão da “dor de cotovelo” a uma erotização acentuada, perceptível por meio de uma dança de corpos colados, propositalmente lasciva. A própria designação dada ao estilo guarda estreita vinculação com essa dança de caráter libidinoso, já que o cantor, durante seu show, tem o hábito de aproximar-se dos casais de dançarinos, a gritar a plenos pulmões a interjeição “Arrocha!”.

A esta altura a carreira de Pablo já tinha decolado nas rádios. Músicas como “Pecado de amor”, “Fui fiel (te amo meu bebê!)”, “Perdeu a validade o nosso amor”, “Quase me chamou de amor” e “Malhado e gostoso” caíram no gosto popular. Multidões sofredoras acudiram ao seu chamado — isto é, o clamor de um homem traído e abandonado que não se cansa de choramingar no afã de que sua mulher retorne. Mas foi apenas com o sucesso radiofônico do hit “Porque homem não chora” que Pablo percebeu que queria ir além da reles condição de “cantor de brega”. Encorajado pelo seu sucesso, movido por uma ambição sem limites, o “criador do arrocha” assume definitivamente a pretensão de tornar-se um filósofo das artes e da cultura. “Se Walter Benjamin, Theodor Adorno, Ernst Gombrich, Heinrich Wölfflin, Wilhelm Worringer, Hermann Broch, Edgar Morin e Étienne Gilson conseguiram na Europa”, ele pensou, “por que eu não posso me tornar o sucessor de Benedito Nunes como filósofo da arte no Brasil?”

Prolegômenos da “filosofia da sofrência”

Pablo

Disposto a concretizar esse projeto audacioso, Pablo cancela alguns shows pelo Brasil. Em seguida, atraído pelos racionalistas da Filosofia Moderna, debruça-se sobre a leitura de “Breve Tratado de Deus, do Homem e do Seu Bem-Estar”, de Baruch de Espinosa. Nesse manuscrito, o filósofo holandês disserta acerca de como alcançar a felicidade do homem, entendida como “potência da existência”. Pablo segue um caminho inverso. Sua filosofia quer encontrar prazer na perfídia, ventura na traição, satisfação no infortúnio de quem foi enganado. Abandonando escólios, corolários, aforismos e axiomas, Pablo decide resumir toda a complexidade do seu pensamento filosófico abnegativo da fidelidade conjugal na letra de uma canção. É assim que vem a lume a composição “Porque Homem não chora”, um clássico instantâneo, reconhecido hoje como a obra-prima do arrocha. E a esse novel modo de expressão do pensamento filosófico, Pablo deu o nome de “sofrência”.

Todo o pensamento pabliano, por sinal, está condensado brilhantemente nesta expressão curiosa: “sofrência”. O neologismo justifica-se na pobreza de vocábulos da língua portuguesa. Não há palavra nos léxicos nacionais apta a exprimir a dor abrupta e lancinante de quem perdeu a mulher amada. Pelo menos não da maneira que Pablo quer exprimir em seu inaudito esforço filosofante. Era preciso, a toda evidência, transpor o umbral da gramática normativa culta estabelecida. Daí o neologismo “sofrência” (sofrimento + demência). Logo, o “sofrente” é aquele homem traído, prestes a enlouquecer (um demente), a sentir o peso doloroso da infidelidade no coração e, com o perdão do trocadilho, na cabeça.

Avançando na interpretação da obra máxima da “filosofia da sofrência”, a canção “Porque homem não chora”, temos que sua letra inicia-se com uma advertência: “Estou indo embora/ a mala já está lá fora/ vou te deixar”. Aí há claramente uma imersão do filósofo baiano no universo linguístico-ontológico que teve como precursor o filósofo austríaco Ludwig Wittgenstein. Negando máxima exatidão ao positivismo lógico, Pablo admite que toda linguagem é contingente, pois tem uma vinculação socioprática. Assim, a “mala já está lá fora” representa este “horizonte de sentido” que inspirará a “virada linguística” de sua proposta hermenêutica, no que se intensifica o diálogo de seu pensamento com o do filósofo alemão Hans-Georg Gadamer. Adiante, esclarece o gênio brasileiro:

“Você foi a culpada desse amor se acabar
você quem destruiu a minha vida
você que machucou meu coração
me fez chorar
E me deixou num beco sem saída”.

Nesse trecho, há nítida a influência de Espinosa. O eu-lírico abre-se para o devir, fundado na “teoria da imitação afetiva”. Para Pablo, é preciso investigar o impacto dessa conjunção paradoxal de afetos (a alegria de cantar quando lhe puseram os cornos). Nesse sentido, o “beco sem saída” ressalta a impossibilidade do livre-arbítrio, a ideia de que o ser persevera numa existência moribunda, visto que carente de amor, paralelamente submetido a uma crônica vassalagem moral. Mesmo diante do sofrimento pungente experimentado por quem deixa a mulher que ama, ele prefere ir embora. Finalmente, não se pode ignorar esta passagem: “Por favor não implora/porque homem não chora/e não pede perdão”. Aqui o filósofo demonstra inequivocamente sua vinculação ao estoicismo. Tal como propunha o grego Zenão de Cítio, Pablo acredita que o ideal do sábio é a “Ataraxia”, isto é, só se pode atingir a suprema felicidade pela imperturbabilidade da alma. Ora, um homem que chora com saudade da mulher que o traiu é alguém que escolhe a demência do sofrimento (sofrência). É, portanto, um homem intranquilo, perturbado pelo choro que lhe toma de assalto o espírito ao recordar que sua amada entregou-se em concupiscência a um encontro de carnes com outro. Como, todavia, Pablo dialoga com o pensamento ataráxico estoicista, segundo o qual só é feliz quem atinge o equilíbrio na escolha dos seus prazeres sensíveis e espirituais, não cabe ao homem chorar, sob pena de sacrificar sua própria felicidade em prol de valores transcendentais e metafísicos inaceitáveis para todo aquele que cultua a arte do bem viver. Eis o motivo pelo qual o expoente máximo da “sofrência” defenderá que “homem não chora”.

Críticas à filosofia da sofrência

Pablo

É evidente que, como toda doutrina filosófica, a “sofrência” do “arrocha” não está imune a críticas. Em entrevistas recentes, o filósofo Pablo declarou que “Todo mundo vai viver a sofrência um dia, quer queira quer não. A sofrência nunca acaba.” Há quem veja nessa afirmação uma usurpação descarada da filosofia nietzscheana do “eterno retorno”, que não coadunaria com as bases heideggerianas do pensamento ontológico pabliano original. Também seus críticos apontam que, à medida que aumenta o cachê de seu show, o próprio filósofo estaria a sucumbir à mesquinhez e à imoderação hedonista mais baixa e torpe, que são características indissociáveis da Escola Filosófica do Rio de Janeiro com seu “funk ostentação”. É o caso da letra “Malhado e gostoso”, quando Pablo canta:

“Perto da minha Ferrari seu Camaro é fichinha
As mulheres que eram suas agora estão na minha
Tô nas praias do Nordeste e você no frio do sul
E além da Lamborguini tenho uma Pajero full”.

E, claro, os críticos observam uma suprema contradição do pensamento do filósofo baiano na própria canção “Porque homem não chora”: “Você que machucou meu coração/ Me fez chorar”. Ora, perguntam os críticos da “sofrência”, como homem não chora se o próprio eu-lírico admite chorar? Estaria aí a hipocrisia de pregar para os fãs uma falsa doutrina para curar os males de um coração partido? Esse talvez seja o aspecto mais obscuro da filosofia do criador do arrocha.

Entretanto, essas críticas não merecem atenção. São acusações levianas vindas de invejosos, gente que é preconceituosa e não admite o sucesso de cantores populares. Certamente são pseudointelectuais. (Como se sabe, no Brasil, qualquer um que tenha um posicionamento crítico em relação a qualquer coisa é logo tachado de “pseudointelectual”, tendência ainda mais acentuada quando se trata de contestação do valor artístico atribuído ao lixo cultural que é consumido vergonhosamente pelas massas). Tais críticos não têm sensibilidade para perceber que o “Pablo do Arrocha”, vulgo “Rei da Sofrência”, é devedor de toda uma linhagem de “cornos sofredores” da música brega e da MIB — Música Imbecil Brasileira (para saber mais sobre o conceito da MIB, acesse meu ensaio na Bula). Nesse prisma, é impossível ignorar a contribuição das bandas que fizeram sucesso na década de 1990 — a década perdida da música pop brasileira. É imperioso reconhecer o pioneirismo brega dos grupos de “pagode dor-de-corno” (“Só Pra Contrariar”, “Katinguelê”, “Negritude Júnior”, “Art Popular”, “Molejo”, “Os Travessos” etc.) e da “geração da passarinhada”, representada pelas duplas de breganejo romântico em que os cantores abusam de uma voz insuportavelmente estridente para celebrar com seus falsetes canções de temáticas galhudas (“Pense em mim”, de Leandro e Leonardo, “É o amor”, de Zezé Di Camargo & Luciano, “Evidências”, de Chitãozinho & Xororó e todas as músicas de cantores genéricos como Daniel, Gian & Giovani, Rick & Renner). Por que não deixar o preconceito de lado e admitir de uma vez que o arrocha de Pablo possa estar no mesmo nível de um “Magnificat”, de Bach, do “Requiem”, de Brahms ou da “Eroica”, de Beethoven?

A “Era das Trevas do Terror Bregaxenejo” e a Santa Inquisição da Ordem de Teló: uma perspectiva pessimista sobre o futuro da música popular no Brasil

Encontro de gerações na MIB: a dupla breganeja Zezé Di Camargo & Luciano  junto ao cantor Pablo do Arrocha: novos e velhos ícones da sofrência,  a popular música de corno brasileira.
Encontro de gerações na MIB: a dupla breganeja Zezé Di Camargo & Luciano
junto ao cantor Pablo do Arrocha: novos e velhos ícones da sofrência,
a popular música de corno brasileira

De minha parte, penso que Pablo é um dos mais talentosos artistas que o Brasil já conheceu. Cantor carismático, é o criador do arrocha, esse estilo rítmico que, de tão rico, já é objeto de estudo nos melhores conservatórios do mundo. Além disso, é um filósofo de grande argúcia. Intelectual notável, principal expoente da “filosofia da sofrência”, quase ninguém se apercebeu ainda do quão significativa é a contribuição da sua “doutrina ontológica neoestoicista da sofrência” e do lugar único que ela em breve ocupará na história do pensamento filosófico brasileiro e — por que não? — mundial.

Por fim, há que se compreender que, com sua música, Pablo leva uma mensagem de extrema importância para todo o povo brasileiro: a de que o conceito de baixo nível cultural não é absoluto. Ele é mutável — capaz de piorar com o tempo. Portanto, novas porcarias sempre surgirão para encantar os ouvidos incautos que se deixam seduzir pela osmose auditiva. Nossa geração, então, tem o privilégio de testemunhar a ascensão da “sofrência” na música pop produzida no Brasil à medida que cresce o analfabetismo musical em todos os sentidos (teórico, filosófico, historiográfico). Vista desde essa perspectiva, a “sofrência” do cantor-filósofo Pablo não é apenas uma proposta de compreensão racional e sistemática das artes e da cultura. É uma mensagem de amor à humanidade — a mensagem de alguém que, solidário com aquele que gosta de boa música, vê-se na obrigação de anunciar o início da tortura auditiva proporcionada pela sua “arte” de quinta categoria.

Nesse cenário aterrador, em que a música popular brasileira assemelha-se a uma terra desolada, os críticos pessimistas podem questionar o futuro da arte musical, sob a égide daquilo que venho designando como a “Era das Trevas do Terror Bregaxenejo”. Que músicas analfabetas esses seres ainda serão capazes de inventar? Quem será o grande destaque na “arte” de rebolar os quadris? Que músicas cairão na boca do povo? Qual a celebridade que vai “causar” mais no show do cantor cujo repertório ninguém dá o menor valor? Que piriguetes aquele famoso pegará no camarote patrocinado pela marca de cerveja?

Essas são perguntas que permanecem incógnitas, difíceis mesmo de responder. Por ora, tudo o que sabemos é que, num Brasil em que os poucos que escapam à “osmose auditiva do mau gosto generalizado” são logo acusados de pseudointelectualidade e perseguidos qual bruxas pelos soldados torquemadescos da Santa Inquisição da Ordem de Teló, a “filosofia da sofrência” do cantor Pablo não pode ser considerada o grau mais baixo da involução artística brasileira. Acreditem: vem coisa muito pior por aí.

 

Rafael Theodor Teodoro

Advogado, crítico de música e literatura.