Por que sentimos tanto a morte de pessoas distantes, como Bruno Covas? Sim, era um político conhecido e era muito jovem, mas me parece haver algo a mais.
Eu diria que a elegância e a coragem nos tocaram a todos. Queremos nos crer sempre corajosos, mas o fato é que nunca sabemos como iremos reagir em situações adversas, falhos — humanos — que somos. Pois Bruno foi elegante: não politizou a doença e, sendo um homem público, sempre foi claro sobre a gravidade do que sofria. E foi, sobretudo, corajoso: dele não se ouviu qualquer lamentação.
Assim jovem, assim elegante, assim bravo e assim tão forte, nele nos projetamos. Aliás, corrijo-me: escrevi “elegante e corajoso”; contudo, é uma qualidade única — a coragem é a forma suprema da elegância.
O domingo ficou mais triste, mas também nos deu um resto de esperança: há mulheres e homens corajosos à nossa volta — que saibamos, então, os enxergar “com olhos de ver”, como está na Bíblia, uma frase que sempre me emociona, pois tendemos a não “ver” o próximo, nos esquecendo que somos todos parceiros na vida terrena que nos coube. Sempre e sempre, “É a parte que nos cabe deste latifúndio”. Oremos por ele e por sua coragem.
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