O site Amazon se consolidou recentemente como o maior vendedor de livros no Brasil. O crescimento foi alavancado durante o isolamento social, causado pela pandemia de Covid-19, mas se manteve após a abertura das livrarias físicas no país. Para os leitores que apostam na praticidade de comprar pela internet, reunimos em uma lista os dez livros mais vendidos pela Amazon em abril de 2021, por meio das indicações da Revista Bula. Todos são títulos aclamados, que deveriam fazer parte da sua lista de leituras desse ano. O ranking possui obras de diferentes épocas e perfis, como o romance brasileiro “Torto Arado” (2018), de Itamar Vieira Júnior; e a graphic novel “Maus: A História de Um Sobrevivente” (1980), de Art Spiegelman.
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“Histórias Jamais Contadas da Literatura Brasileira”, livro escrito e ilustrado por Edson Aran, reúne os fatos mais importantes da vida e da obra dos maiores autores brasileiros. Coisas nunca lidas ou comentadas, por exemplo, Machado de Assis saindo no braço com José de Alencar por conta de índio pelado, Paulo Coelho realizando sacrifícios humanos para vender mais livros, Clarice Lispector driblando o assédio de um agente literário meio safado. Ou ainda: as colunas sobre vinho que Guimarães Rosa escreveu no jornal “A Tocha de Codisburgo” e que tacaram fogo no sertão das Gerais. Do quinhentismo ao terraplanismo, toda a literatura brasileira desfila por esse livro fascinante cheio de cascatas de colorido sutil. “Histórias Jamais Contadas da Literatura Brasileira” traz histórias tão boas que, caso não existissem, seria preciso inventá-las. Foi exatamente isso que Edson Aran fez.
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Escrito após o término da Segunda Guerra Mundial, em 1953, “Fahrenheit 451” condena não só a opressão anti-intelectual nazista, mas principalmente o autoritarismo do mundo pós-guerra. O livro descreve um governo totalitário, num futuro incerto, que proíbe qualquer tipo de leitura, prevendo que o povo possa ficar instruído e se rebelar contra o status quo. Tudo é controlado e as pessoas só têm conhecimento dos fatos por aparelhos de TVs instalados em suas casas ou em praças ao ar livre. Nesse contexto, Guy Montag, um bombeiro que trabalha queimando livros, se encontra descontente com seu emprego e com o governo. Então, ele tenta mudar a sociedade e encontrar uma maneira de viver feliz.
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Bibiana e Belonísia são filhas de trabalhadores de uma fazenda no Sertão da Bahia, descendentes de escravos para quem a abolição nunca aconteceu realmente. Intrigadas com uma faca dentro de uma mala misteriosa sob a cama da avó, atrevem-se a pegá-la e um acidente muda para sempre suas vidas, tornando-as ainda mais próximas. Porém, com o avançar dos anos, a proximidade vai se desfazendo: enquanto Belonísia parece satisfeita com o trabalho na fazenda e os encantos do pai, Zeca Chapéu Grande, Bibiana percebe desde cedo a injustiça da servidão que há três décadas é imposta à família e decide lutar pelo direito à terra e emancipação dos trabalhadores. Para isso, porém, é obrigada a partir, separando-se da irmã.
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O romance é ambientado em um futuro distópico, no qual as pessoas são pré-condicionadas biologicamente e condicionadas psicologicamente a viverem em harmonia, mantendo a ordem e a moral, em uma sociedade organizada por castas. Literatura, música e cinema só têm a função de solidificar o espírito de conformidade. A ciência domina e a simples menção às antiquadas palavras “pai”, “mãe” ou “Deus” produzem repugnância. Bernard Marx, insatisfeito com o sistema, descobre que existe uma reserva natural, onde ainda vivem homens que mantêm os costumes primitivos. Ele decide viajar para este lugar e tenta levar um exemplar dos “selvagens” para a sociedade científica e civilizada.
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Uma das obras-primas de Gabriel García Márquez, o livro narra a fantástica e triste história da família Buendía, que vive na pequena e fictícia Macondo, ao longo de um período de cem anos. A trama acompanha as diversas gerações da família, assim como a ascensão e a queda do vilarejo em que vivem. Os Buendía nascem e morrem, vão embora ou permanecem na aldeia até seus últimos dias. O que todos possuem em comum é a luta contra a realidade e a solidão que sentem, mesmo vivendo em meio a muitos. O livro é considerado a obra que consagrou Gabriel García Márquez como um dos maiores autores do século 20.
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“Andira”, livro infantil da consagrada escritora Rachel de Queiroz, é a história de uma andorinha que, por ser muito pequena e ainda não saber voar, é deixada para trás quando os outros passarinhos se preparavam para a migração de inverno. Nascida em uma igreja, ela é resgatada por uma família de morcegos, que ensina a ela tudo sobre seus curiosos e diferentes hábitos. Tempos depois, a andorinha tem a oportunidade de reencontrar a verdadeira mãe, mas não esquece os laços de amor que foram criados com os morcegos e o acolhimento que recebeu deles. Uma história para toda a família, “Andira” aborda temas como o convívio com as diferenças, empatia, amor e amizade.
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Maus (“rato”, em alemão) é a história de Vladek Spiegelman, judeu polonês que sobreviveu ao campo de concentração de Auschwitz, narrada por ele próprio ao filho Art Spiegelman, o autor. O livro é considerado um clássico inovador das histórias em quadrinhos, representando judeus como ratos, alemães como gatos e poloneses como porcos. Além da Guerra, Art aborda a difícil relação que sempre manteve com o pai e a ausência da mãe, que cometeu suicídio. “Maus” foi publicado em duas partes, a primeira em 1986 e a segunda em 1991. No ano seguinte, Spiegelman ganhou o Prêmio Pulitzer de Literatura. Desde que foi lançada, a obra tem sido objeto de estudos e análises de especialistas de diversas áreas.
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Um motorista parado no sinal se descobre subitamente cego. É o primeiro caso de uma “treva branca” que logo se espalha após as pessoas irem socorrê-lo. Uma cegueira, branca, como um mar de leite e jamais conhecida, torna-se uma epidemia. O governo decide agir e as pessoas infectadas são colocadas em uma quarentena com recursos limitados. Logo, os cegos se percebem reduzidos à essência primitiva humana, numa verdadeira luta por sobrevivência. As medidas do governo não funcionam e depressa o mundo se torna cego, com exceção de uma mulher misteriosa, que enxerga sozinha os horrores causados pela pandemia.
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A partir da experiência de ter sido preso, Xavier de Maistre escreveu “Viagem ao Redor do Meu Quarto”. Ao longo do livro, ele narra uma viagem de 42 dias que fez dentro de seu quarto. Sem sair de seus aposentos, o autor encontra objetos que o levam a refletir satiricamente sobre a morte, a amizade, o poder, a sociedade e suas injustiças. Impossibilitado de abandonar aquelas quatro paredes, Maistre as observa como se fossem paisagens de uma terra distante e enaltece esta nova forma de viagem que, segundo ele, é ideal para pobres, enfermos e preguiçosos. O livro tornou-se rapidamente um clássico da literatura, inspirando outros grandes escritores, como Machado de Assis.
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“Grama” é uma graphic novel antiguerra que narra a história real da sul-coreana Ok-sun Lee, vendida pela própria família na infância e forçada à escravidão sexual pelo Exército Imperial Japonês. Ela é uma das várias mulheres que foram capturadas para servir aos soldados nas chamadas “casas de conforto”, espalhadas pela China e por territórios ocupados pelo Japão durante a Segunda Guerra Sino-Japonesa e a Segunda Guerra Mundial. Ok-sun Lee, hoje com mais de 90 anos, se tornou uma importante ativista pela indenização das “mulheres de conforto”, e é por meio de seus relatos que a autora Keum Suk Gendry-Kim conta sua triste história de vida.