O trabalho feito a partir de casa, conhecido como home office, tem sido adotado por muitas empresas nos últimos anos e cresceu ainda mais com a pandemia da Covid-19. Se você pode trabalhar no aconchego do lar nesses tempos, sabe que é um privilégio, mas também é desafiador. As demandas profissionais acabam se misturando aos assuntos pessoais e às vezes é difícil se desligar das obrigações. Para ajudar nesses momentos de tensão e ansiedade, a Bula reuniu em uma lista dez ótimos livros que vão te ajudar a relaxar. São obras de diferentes épocas, mas todas de leitura fácil e envolvente. Entre elas, estão “As Desventuras de Arthur Less” (2017), de Andrew Sean Greer; e “Um Artista do Mundo Flutuante” (1986), de Kazuo Ishiguro. Os títulos estão organizados por ordem de lançamento: dos mais recentes aos mais antigos.
Best-seller em todo o universo de língua espanhola, “A Uruguaia” é uma epopeia tragicômica sobre a busca pela felicidade. Lucas Pereyra, uma escritor argentino bem-sucedido e recém-chegado aos 40 anos, conhece uma bela uruguaia, chamada Magali Guerra, em um festival literário. Os dois se beijam, mas não passa disso. Lucas é casado e tem um filho. Um ano depois, ele planeja uma viagem a Montevidéu para receber uma dívida, mas também para se reencontrar com Magali. Tratando de temas como amor e culpa, responsabilidade e libertação pessoal, esse livro estabelece de uma vez por todas o talento de Pedro Mairal como um dos nomes de destaque de um novo “boom” da literatura latino-americana.
Martha Batalha recria a trajetória dos descendentes de Johan Edward Jansson, cônsul da Suécia no Brasil. Para contar essa história, a autora relata duas festas de Ano Novo que foram marcantes para a família. Na primeira, no fim do século 19, Johan Edward Jansson conhece Brigitta, em Estocolmo. Eles se casam, mudam para o Rio de Janeiro e constroem uma casa num lugar ermo e distante do centro, chamado Ipanema. Setenta anos depois, Estela, recém-casada com o neto de Johan, presencia uma cena desastrosa para seu casamento em uma festa de Réveillon. “Nunca Houve um Castelo” explora como esses dois eventos definiram a trajetória dos Jansson ao longo de 110 anos. É uma comovente saga familiar sobre escolhas, arrependimentos e as mudanças imperceptíveis do tempo.
Arthur Less é um escritor medíocre prestes a completar 50 anos. Certo dia, recebe um convite de casamento: o homem com quem teve um longo relacionamento irá se casar. Ele não pode dizer que irá comparecer, pois seria estranho demais, e não pode dizer que não vai, já que seria o mesmo que admitir a derrota. Como pretexto para não estar na cidade, ele aceita convites para eventos literários em várias partes do mundo. Assim, Less vive aventuras em diferentes cidades, desde uma paixão em Paris até um retiro espiritual na Índia. “As Desventuras de Arthur Less” ganhou o Pulitzer em 2018.
Lucia Berlin teve uma vida cheia de reviravoltas. Nascida em 1936, no Alaska, ela passou a infância peregrinando de cidade em cidade. Aos 32 anos, ela já havia vivido em diversos países, passado por três casamentos e trabalhado como telefonista, faxineira e enfermeira para sustentar os filhos. Berlin lutou contra o alcoolismo por anos e, ao superar o vício, tornou-se uma aclamada professora universitária. Desse vasto repertório, veio a inspiração para escrever os contos com teor autobiográfico que estão reunidos no livro “O Manual da Faxineira”. Berlin morreu em 2004. A compilação de seus contos lhe deu reconhecimento internacional.
Recomendado por Barack Obama, “Pachinko” narra a saga de três gerações de imigrantes coreanos no Japão do século 20. A história se inicia nos anos 1900, com a adolescente Sunja, a filha de um pescador que se apaixona perdidamente por um rico forasteiro, na Coreia. Esse homem promete o mundo a ela, mas logo Sunja descobre que está grávida e que seu amante é casado. Ela então aceita o pedido de casamento de um homem gentil e doente, um pastor que está de passagem ao vilarejo, rumo ao Japão. Os salões de “pachinko” (jogo de caça-níqueis) são o ponto de convergência na história. Para a população coreana no Japão, discriminada e excluída — como Sunja e seus descendentes — esses salões são o principal meio de se conseguir trabalho e juntar algum dinheiro.
Masuji Ono, protagonista e narrador deste romance do vencedor do prêmio Nobel de literatura, é um homem de seu tempo. Ainda jovem Masuji, desafia o pai para seguir a vocação como pintor e, durante seu desenvolvimento criativo, luta contra as amarras da arte tradicional japonesa. Usando de sua influência perante as autoridades do governo imperial, Ono busca ajudar pessoas de bem em situações menos favorecidas do que a sua. Anos depois, já aposentado, Masuji procura entender as mudanças vividas pelo país e impressas na mentalidade da geração mais jovem, da qual fazem parte suas duas filhas. Ao analisar por que as negociações para o casamento de sua caçula foram interrompidas, o protagonista se vê levado a rememorar sua vida de artista e professor respeitado e a enfrentar a consequência dos próprios atos no destino de seus descendentes.
A obra conta a história do assassinato de Santiago Nasar. Acusado por Ângela Vicário de tê-la desonrado, ele é perseguido pelos irmãos da moça, os gêmeos Pedro e Pablo. Desde a primeira linha da história, a morte de Santiago está anunciada. Toda a comunidade sabe do iminente assassinato movido por vingança, mas nada nem ninguém pode salvá-lo de seu trágico fim. Gabriel García Márquez monta um quebra-cabeça com a superposição de versões do último dia do jovem, a partir do ponto de vista de diferentes testemunhas, utilizando o rigor jornalístico nesta construção.
Em conversas com um psicanalista, o advogado nova-iorquino Alexander Portnoy discorre sobre seu passado: a infância abastada, a descoberta do sexo na adolescência com as tentativas frustradas de perder a virgindade, e sua vida atual, em um relacionamento conturbado com uma amante bela, mas semianalfabeta. Portnoy confessa que foi impelido ao longo da vida por uma sexualidade insaciável, mas ao mesmo tempo refreado pela mão de ferro de uma infância inesquecível. Afinal, ele é totalmente incapaz de se livrar da ligação paralisante com a mãe. Quando lançado, em 1969, “O Complexo de Portnoy” se tornou best-seller e foi saudado como a consagração definitiva do talento de Philip Roth.
Oito desconhecidos dirigem-se à intrigante “Ilha do Soldado”, após serem convidados por correspondência por alguém chamado U. N. (Ulick Norman) Owen e sua esposa. Nenhum deles se lembra de conhecer tais pessoas, mas a atração de serem convidados para um lugar tão badalado é mais forte que a desconfiança. Ao chegarem lá, os oito convidados são recepcionados por um casal de empregados, os Rogers. Eles contam que seus patrões, por motivos pessoais, atrasaram-se. À noite, quando os hóspedes terminam o jantar, uma voz misteriosa vinda de um gramofone faz sérias acusações contra os dez (os oito convidados e os dois empregados). É neste clima de tensão que mortes inexplicáveis começam a ocorrer e a estadia na ilha transforma-se em um pesadelo.
As irmãs Jo, Beth, Meg e Amy encaram as experiências e dificuldades da juventude enquanto os Estados Unidos atravessam a Guerra Civil. Com o pai nos campos de batalha e a mãe trabalhando para sustentá-las, elas ficam sob os cuidados de uma tia e enfrentam problemas com a falta de dinheiro. Apesar disso, elas se divertem juntas, encenam peças, preparam festejos de Natal, dão os primeiros passos na sociedade adulta e aprendem o valor da amizade verdadeira. Traduzido para mais de 50 idiomas e adaptado para teatro e cinema vária vezes, “Mulherzinhas” tornou-se um clássico da literatura mundial. Para escrevê-lo, Louisa May Alcott buscou inspiração em sua própria família.