A Revista Bula realizou uma enquete com o objetivo de descobrir quais são, segundo os leitores, os maiores autores da história da literatura em todos os tempos. A consulta foi feita a colaboradores, assinantes — a partir da newsletter —, e seguidores da página da revista no Facebook e no Twitter. Os escritores foram divididos em quatro categorias, de acordo com o número de indicações: +250, +200, +150 e +100.
Foram lembrados autores de diferentes países, principalmente Estados Unidos, Inglaterra e Rússia, que têm três escritores cada. Espanha, Irlanda, Colômbia, França, Argentina e Brasil contam com um autor cada. Entre os escritores cujas obras foram selecionadas, apenas um ainda está vivo: Cormac McCarthy, que mora nos Estados Unidos com a família. Com relação à idade, o mais velho seria Miguel de Cervantes, que nasceu em 1547, na Espanha, e morreu em 1616. Já o mais jovem é McCarthy, nascido em 1933.
Escritores que receberam mais de 250 indicações
Miguel de Cervantes foi um romancista, dramaturgo e poeta espanhol. Sua obra-prima, “Dom Quixote”, é apontada como o primeiro romance moderno e está entre os livros mais traduzidos e vendidos do mundo. Pouco se sabe sobre a vida de Cervantes, mas ele nasceu provavelmente em 1547, em Alcalá de Henares, na Espanha. Filho de um cirurgião surdo, ele passou por muitas dificuldades financeiras, mas sempre foi um leitor ávido e começou a escrever em 1569. Endividado, Cervantes foi preso várias vezes e, provavelmente, foi no Cárcere Real de Sevilha que ele começou a escrever “Dom Quixote de La Mancha”. Em 1605 ele publicou a primeira parte do romance, finalizando a continuação da história apenas em 1615. O escritor morreu em 1616, sendo a causa de sua morte ainda desconhecida.
Famoso por obras como “Hamlet”, “Macbeth” e “Romeu e Julieta”, o escritor inglês William Shakespeare é considerado maior dramaturgo de todos os tempos. Ele nasceu em 1564, em Stratford-upon-Avon, na Inglaterra. Entre 1585 e 1592 William começou uma carreira bem-sucedida em Londres como ator, escritor e um dos proprietários da companhia de teatro King’s Men. A maior parte de sua obra foi produzida entre 1590 e 1613. Ele morreu na sua cidade natal, em 1616, aos 52 anos. Chamado frequentemente de poeta nacional da Inglaterra, foi um artista respeitado em sua própria época, mas sua reputação só atingiu o auge no século 19. Suas peças permanecem populares hoje em dia e são estudadas, encenadas e reinterpretadas em todo o mundo.
Escritores que receberam mais de 200 indicações
Lev Tolstói foi um escritor e dramaturgo russo do século 19. Filho de aristocratas, ele nasceu em 1828, em Yasnaya Polyana, propriedade rural de sua família. Em 1844, entrou para o curso de Direito na Universidade de Kazan, mas abandonou os estudos e se alistou no exército. Foi a partir dessa experiência que começou a escrever, publicando seus primeiros romances, a trilogia “Infância” (1852), “Adolescência” (1854) e “Juventude” (1856). Desde o começo de sua carreira, foi um escritor aclamado. “Guerra e Paz” (1869) e “Anna Kariênina” (1877) são consideradas suas obras-primas, livros que figuram entre os grandes clássicos da literatura universal. Em 1910, Tolstói saiu de casa sozinho durante o inverno e morreu três dias depois, com pneumonia.
James Joyce foi um romancista e poeta irlandês que viveu a maior parte de sua vida adulta expatriado. Ele nasceu em 1882, em Terenure, nas proximidades de Dublin, e começou a escrever aos 9 anos de idade. Na adolescência, publicava ensaios em revistas, e em 1907 lançou seu primeiro livro, “Música de Câmara”, uma antologia de poemas. Ao lado de Nora Barnacle, sua mulher, James Joyce teve dois filhos e viveu em diferentes cidades da Europa. Ele morava em Paris, em 1922, quando lançou “Ulysses”, a obra que lhe deu reconhecimento mundial. No mesmo ano, ele começou a trabalhar em seu último romance, “Finnegans Wake”, um dos grandes marcos da literatura experimental, lançado apenas em 1939. James Joyce morreu em 1941, em Zurique, na Suíça.
Fiódor Dostoiévski influenciou profundamente a ficção do século 19. Suas obras frequentemente apresentam personagens que possuem uma forte compreensão da psicologia humana e fazem observações afiadas sobre a sociedade e a política da Rússia naquela época. Mas as análises sociais de Dostoiévski atravessaram as gerações e continuam atuais. Alguns de seus livros, inclusive, são considerados precursores do pensamento moderno e da escola filosófica existencialista. “Os Irmãos Karamazov” (1879), “Crime e Castigo” (1866) e “O Idiota” (1869) são alguns dos mais conhecidos. Ele nasceu em 1821, em São Petersburgo, e morreu em 1881, na mesma cidade, vítima de uma hemorragia pulmonar.
Virginia Woolf, escritora inglesa, nasceu em 1882, em uma família da alta sociedade londrina. Após a morte de seus pais, ela e os irmãos se mudaram para uma casa no bairro de Bloomsbury, onde realizavam encontros com personalidades, como T. S. Elliot e Clive Bell. Virginia começou a escrever em 1905, inicialmente para jornais. Dez anos depois, lançou seu primeiro livro “A Viagem”. No período entre a 1ª e 2ª Guerra Mundial, ela se tornou uma figura conhecida na sociedade inglesa. “Mrs. Dalloway” (1925), “Rumo ao Farol” (1927), “Os Anos” (1937) e “A Marca na Parede” (1944) são algumas de suas obras mais famosas. Em 1941, Virginia Woolf cometeu suicídio se jogando no rio Ouse, perto da residência onde morava com seu marido, o crítico literário Leonardo Woolf, em Sussex.
Escritores que receberam mais de 150 indicações
Ganhador do Nobel da Literatura de 1949, William Faulkner nasceu em 1987, em New Albany, nos Estados Unidos. Ele cresceu em um período de decadência do sul do país, após a Guerra de Secessão, tema que refletiu profundamente em suas obras, compostas em sua maioria por personagens vivendo situações desesperadoras no condado fictício de Yoknapatawpha. Seu primeiro livro foi uma coletânea de poemas, “The Marble Faun”, publicada em 1924. Faulkner também escreveu artigos para jornais e revistas até publicar o primeiro romance, “A Recompensa do Soldado”, em 1926. “O Som e a Fúria” (1929), “Enquanto Agonizo” (1930) e “Absalão, Absalão!” (1936) são suas obras mais aclamadas. Faulkner morreu em 1962, com complicações cardíacas.
Jorge Luis Borges nasceu em 1899, em Buenos Aires, na Argentina. Por influência familiar, foi um leitor ávido desde a infância e aos 10 anos já havia publicado em um jornal local a tradução de um conto de Oscar Wilde para o espanhol. Suas obras se destacam por abordar, em narrativas fantásticas, temas como filosofia, metafísica, teologia e mitologia. Seu primeiro livro de poemas, “Fervor de Buenos Aires”, foi lançado em 1923. Os contos “A Biblioteca de Babel” (1944), “O Aleph” (1949) e a antologia “Ficções” (1944) são algumas de suas obras mais famosas. Borges também foi professor de literatura da Universidade de Buenos Aires e diretor da Biblioteca Nacional da República Argentina. Ele morreu em Genebra, na Suíça, em 1986.
Jane Austen nasceu em 1775, em Steventon, na Inglaterra. Filha de pais ricos e donos de terras, recebeu uma educação formal e cresceu em meio aos livros, uma realidade inacessível para a maioria das mulheres de sua época. Em 1811, um editor aceitou publicar “Razão e Sensibilidade” de forma anônima. Animada com as críticas favoráveis à sua primeira publicação, Austen continuou a escrever. “Orgulho e Preconceito” (1813) e “Emma” (1815) são outras obras famosas da autora. Ainda que seus livros tivessem boas vendas, Jane Austen só recebeu o merecido reconhecimento nos últimos anos de sua vida. Ela morreu em 1817, aos 41 anos de idade, vítima da doença de Addison, um tipo de insuficiência adrenal.
Marcel Proust nasceu em Paris, na França, em 1871. Na juventude, ingressou na Faculdade de Direito de Sorbonne, mas abandonou a carreira para se dedicar à literatura. Em 1892, fundou com alguns amigos a revista “Le Banquet”, na qual publicou seus primeiros escritos. De família rica, frequentava os salões da alta sociedade parisiense, cujos costumes serviram de inspiração para sua obra literária, iniciada em “Os Prazeres e os Dias” (1896). O livro mais aclamado de Proust, “Em Busca do Tempo Perdido”, foi publicado em sete partes entre 1913 e 1927. Proust era homossexual e foi um dos primeiros romancistas europeus a tratar do tema de forma aberta e detalhada. Ele morreu em 1922, vítima das complicações de uma bronquite.
Nascido em 1927, em Aracataca, na Colômbia, Gabriel García Márquez foi ganhador do Nobel de Literatura em 1982. Ele começou a carreira como jornalista em 1940, e trabalhou tanto na América do Sul quanto na Europa. Ao mesmo tempo em que se dedicou ao jornalismo, publicando livros-reportagens como “Relato de um Náufrago” (1970) e “Notícias de um Sequestro” (1996); o autor lançou dezenas de obras de ficção. As mais aclamadas são “Cem Anos de Solidão” (1967), que lhe deu renome internacional e acabou se tornando um dos livros mais traduzidos do mundo, e “O Amor nos Tempos do Cólera” (1985), inspirada na história real vivida pelos pais do escritor. Márquez morreu em 2014, vítima de pneumonia.
Escritores que receberam mais de 100 indicações
Anton Tchekhov foi um médico e escritor russo, considerado um dos maiores contistas de todos os tempos. Ele nasceu em 1860, em Taganrog, e começou a escrever durante a juventude, para ajudar sua família e pagar as mensalidades da universidade. Ele publicava contos em jornais e revistas famosos. Após ler “O Caçador” (1885), o escritor Dmitri Grigorovich escreveu ao contista: “Você tem um talento que o coloca na linha de frente entre os escritores da nova geração”. A carta inspirou a ambição artística de Tchekhov, que, aos 27 anos, ganhou o cobiçado Prêmio Pushkin, dado aos melhores autores russos. Entre seus contos mais famosos, estão “A Dama do Cachorrinho” (1899), “The Man in a Case” (1898) e “Kashtanka” (1887). Tchekhov morreu em 1904, vítima de tuberculose.
João Guimarães Rosa é considerado o maior escritor brasileiro do século 20. Ele nasceu em 1908, em Cordisburgo, Minas Gerais. Estudioso e fluente em várias línguas, foi médico e diplomata, razão pela qual viveu em vários países da Europa e América Latina. Seus contos e romances se passam majoritariamente no sertão e narram a vida do homem rústico e iletrado. Rosa inovou ao trazer para a literatura a linguagem popular e regional que, somada à sua erudição, criou novos vocábulos. “Sagarana” (1946), “Campo Geral” (1964) e “Grande Sertão: Veredas” (1956) são seus principais livros, sendo o último considerado sua grande obra-prima. Morreu precocemente em 1967, vítima de um ataque cardíaco.
Cormac McCarthy é um escritor estadunidense, nascido em 1933, ganhador do Prêmio Pulitzer de Ficção em 2007. Durante a juventude, serviu na Força Aérea dos Estados Unidos e estudou Artes da Universidade do Tennessee. Seu romance de estreia, “O Guarda do Pomar”, foi publicado em 1965. “Meridiano de Sangue” (1985), “Todos os Belos Cavalos” (1992) e “A Estrada” (2007) são considerados suas obras-primas. O estilo de McCarthy é conhecido, principalmente, pela violência explícita e pela esparsa pontuação. “Não existe vida sem derramamento de sangue”, disse o autor em uma entrevista. Cormac McCarthy vive em Santa Fé, no sul dos EUA, com a mulher e o filho.
Ernest Hemingway nasceu em 1899, em Oak Park, nos Estados Unidos. Decidido a cobrir a Primeira Guerra Mundial, alistou-se no exército italiano e foi gravemente ferido, permanecendo um longo tempo hospitalizado. Recuperado, foi trabalhar em Paris como correspondente do jornal “Toronto Star”. Nessa época, se aproximou de outros escritores principiantes, como Scott Fitzgerald e Ezra Pound, formando um grupo conhecido como “geração perdida”. Foi quando escreveu “O Sol Também se Levanta” (1926), um de seus principais romances. Sua obra-prima, “Por Quem os Sinos Dobram” (1940), foi escrita enquanto cobria a Guerra Civil Espanhola. “O Velho e o Mar” (1952) é outro dos grandes livros de Hemingway. Ganhador do Nobel de Literatura de 1954, ele cometeu suicídio em 1961.