50 coisas para fazer em 2021

50 coisas para fazer em 2021

O ano de 2020 foi, sem sombra de dúvidas, o pior de nossas vidas. Uma conjunção de governos perversos (no sentido freudiano), em vários pontos do mundo, com uma praga sanitária global, só comparável ao vírus da influenza, de 100 anos atrás. Perdemos amigos e entes queridos, numa proporção acima de nossa capacidade de absorver a dor. E ainda estamos perdendo, porque a pandemia continua. Apesar de tudo, mantivemos acesa a potência de viver. Agora, nossos olhos brilham e nossos espíritos regozijam ao saber que estamos à beira de uma superação, com as vacinas chegando. Apesar dos problemas políticos. Há 10 anos fazemos essa brincadeira de listar as coisas para o ano seguinte. Continua uma brincadeira, mas nunca foi tão séria quanto agora.  

1 — Torcer para que 2020 não estenda sua aura maléfica, por muito tempo, sobre 2021;

2 — Continuar com os procedimentos de prevenção da pandemia, até a sorte mudar;

3 — Tomar a vacina;

4 — Visitar os pais e os avós;

5 — Perder os quilos acumulados na pandemia;

6 — Cuidar você mesmo dos itens de sua intimidade;

7 — Contratar um seguro de vida (mas não deixe um psicopata saber);

8 — Voltar a circular como animal gregário e desejante;

9 — Evitar as pessoas boçais (se você for um boçal, evite-se!);

10 — Ser mais tolerante com a diversidade de ideias, sem deixar que a diversidade o anule;

11 — Não discutir com fanático, dogmático, nem lunático;

12 — Liberar a alegria e o entusiasmo acumulados durante o recolhimento;

13 — Voltar a encontrar os amigos no buteco;

14 — Abraçar os amigos, com prazer de sobrevivente;

15 — Sair de casa e não ter dia pra voltar;

16 — Dar uma festa e dançar até criar folga nos carretéis da coluna;

17 — Cultivar o hábito de leitura, adquirido durante a pandemia;

18 — Continuar lembrando que a cabeça é pra pensar;

19 — Não deixar para amanhã o prazer que pode ter hoje;

20 — Aproveitar a meditação dos dias de recolhimento para levar uma vida mais leve;

21 — Desfazer-se dos excessos de coisas que atravancam a vida;

22 — Gastar menos tempo nas redes sociais;

23 — Olhar mais nos olhos das pessoas, sem a mediação da tela;

24 — Reduzir o rastro ecológico;

25 — Evitar embalagens de plástico e combustível fóssil;

26 — Olhar a natureza como parceira de itinerário, e não como bem a ser apropriado;

27 — Desenvolver projetos com repercussão coletiva e social;

28 — Participar de um grupo de recuperação de nascentes;

29 — Aproveitar o distanciamento e não se reaproximar dos chatos;

30 — Perceber que a vida, mesmo sendo só uma, pode ganhar significados mais poéticos;

31 — Não se irritar com pequenas coisas;

32 — Ativar o senso de suficiência e bem-estar;

33 — Ganhar mais tempo para o exercício do ócio;

34 — Lembrar que a felicidade requer pouco, o que muito pede é a vaidade;

35 — Retomar aqueles check-ups interrompidos;

36 — Reavaliar e retomar os projetos interrompidos;

37 — Afastar-se um pouquinho das pessoas que você quer bem, só para refazer a perspectiva que se embaçou durante a pandemia;

38 — Dirigir a própria vida, com seu próprio roteiro;

39 — Entender que a gente leva a vida, mas a vida, também, às vezes nos leva;

40 — Redimensionar a própria importância na ordem natural das coisas;

4 1 — Amar a si mesmo e estender esse amor ao próximo;

42 — Amar mais e ostensivamente;

43 — Ganhar dinheiro, mas não deixar que ele o compre;

44 — Falar a verdade (desde que a verdade não seja pior do que a mentira);

45 — Não espalhar fakenews;

46 — Não consumir fakenews;

47 — Acompanhar e cobrar ações de seus representantes eleitos nas instâncias do poder;

48 — Evitar que a esperança não cumprida alimente a frustração;

49 — Ao ver-se no espelho não se achar tão belo nem tão horrível a ponto de perturbar o ânimo;

50 — Viver o dia de hoje como se fosse o último, sem perder a perspectiva do amanhã.

Edival Lourenço

Escritor.