Consertando Star Wars

George Lucas é o menos genial dos gênios do cinema. Na prática, ele dirigiu uma ficção científica mediana, “THX-1138” (1970), um bom filme adolescente, “American Graffiti — Loucuras de Verão” (1973), e uma fantasia espacial simples e brilhante que mudou para sempre a indústria cinematográfica, “Star Wars” (1977). Quase ganhou o Oscar de Melhor Filme e o de melhor Direção. Depois se tornou basicamente um produtor, um dos mais bem-sucedidos de todos os tempos, mas não mais um artista que se coloca à frente dos aspectos criativo dos filmes. A maior parte das qualidades do extraordinário “O Império Contra-Ataca” (1980) foram mais mérito do diretor Irvin Kershner do que de Lucas, ao passo que a maior parte dos lamentáveis defeitos do fraco “O Retorno do Jedi” (1983) foram mais culpa de Lucas do que do diretor Richard Marquand. Com a tetralogia de aventuras de Indiana Jones não é diferente, embora a ideia original tenha sido dele, o principal motor criativo da série foi Steven Spielberg, com uma considerável colaboração do ator Harrison Ford. Sem a ajuda desses amigos talentosos, Lucas não foi muito além de criar pérolas trash como “Howard, o Super Herói” (1984) e “Willow, na Terra da Magia” (1986), uma constrangedora vulgarização de “O Senhor dos Anéis”.

Foi com o contraditório status de vanguardista anacrônico que Lucas chegou até a década de 1990, para escrever, dirigir e produzir a segunda trilogia Star Wars. Embora o sucesso comercial tenha sido gigantesco, muito em função da nostalgia dos antigos fãs, artisticamente foi um fiasco. O primeiro filme da nova série, o lamentável “A Ameaça Fantasma”, foi lançado em 1999, mesmo ano do genial “Matrix”, dos irmãos Wachowski, explicitando o quanto o mito estava ultrapassado. Os discípulos superaram em muito o mestre. Os capítulos seguintes, “Ataque dos Clones” (2002) e “A Vingança dos Sith” (2005), não foram muito melhores. A comparação com obras contemporâneas como “300”, de Zack Snyder (2007), e a saga “O Senhor dos Anéis” (2001-2003), de Peter Jackson, evidencia ainda mais a incompetência de Lucas em utilizar as novas tecnologias como elementos enriquecedores da narrativa. Seus novos filmes tinham o visual grandiloqüente, mas pasteurizado, todo parecia falso; a narrativa era capenga, o roteiro cheio de furos e a direção de atores amadorística. Os extras dos blu-ray explicitam como de fato ele não sabia o que estava fazendo, tomando decisões na base do erro e acerto, sem planejamento, literalmente desperdiçando a mão-de-obra ultra-especializada e o talento do exército de colaboradores que tinha a disposição.

Em 2012 os estúdios Disney compraram a LucasFilm, anunciando para 2015 o início de uma terceira trilogia. A promessa foi comprida e no dia 17 de dezembro deve estrear “Star Wars — O despertar da Força”, dirigido por J. J. Abrams, responsável pela competente revitalização da franquia “Star Trek” nos cinemas. Estou otimista. Porém, algo me incomoda e, acredito, também incomoda muitos dos admiradores da saga da família Skywalker: o fato de que a segunda trilogia transformou Darth Vader, o maior vilão de todos os tempos, em um menininho mimado, criador do C3PO; o honorável mestre Yoda em um Pokémon incapaz de vencer um duelo sequer; introduziu conceitos estúpidos como o de midi-chlorians e personagens irritantes como Jar Jar Binks, além de vários outros equívocos. O melhor é esquecer tudo isso, para não perder o gosto e o respeito pela Sagrada Trilogia e aproveitar melhor a Terceira que se anuncia.

Esquecer ou, talvez, refazer. Nem que seja somente no plano das ideias. Por que não? Por que se resignar? Pode ser um interessante exercício de imaginação. Afinal, diversos elementos do universo expandido de Star Wars, nos quais George Lucas não esteve diretamente envolvido, são muito interessantes. Dois bons exemplos são o livro “Herdeiros do Império”, de Timothy Zhan, e a série de desenhos animados “Guerras Clônicas”, de Genndy Tartakovsky. A equação é simples: depois de 1977, quanto menos George Lucas melhor. Mas o que faríamos se estivéssemos no lugar de Lucas, entre a segunda metade da década de 1990 e começo dos anos 2000, com os mesmos recursos que ele dispunha na época?

Alguns filmes problemáticos, como “O Cavaleiros das Trevas Ressurge” (2012), de Christopher Nolan, “O Homem de Aço” (2013), de Zack Snyder, e mesmo “O Retorno do Jedi” podem ser consertados com facilidade, apenas mudando algumas cenas ou realocando personagens. Não é o caso da segunda trilogia de Star Wars, da qual pouco se pode aproveitar, sendo necessário partir praticamente do zero, pelo menos no que concerne ao enredo. Quanto aos elementos técnicos, conceituais e de ambientação, como direção de arte, figurinos, designe de naves e edição de som, a maioria permanece. Certamente usaria mais efeitos visuais práticos, a opção, naquele momento, de priorizar os efeitos digitais não foi feliz. Muitos personagens, objetos e cenários virtuais não possuem peso, não passam realidade. Parecem ser o que são: imagens geradas por computador.

Obi-Wan e Anakin colocando a prova sua amizade de anos
Obi-Wan e Anakin colocando a prova sua amizade de anos

É importante não perder tempo com subtramas monótonas e dispersivas sobre taxas alfandegárias ou coisas assim. É preciso ir direto ao ponto. Cada sequência precisa ser relevante ou fica na sala de edição. O tom dominante seria próximo o de “O Império Contra-Ataca”. Sério, mas sem deixar de ser emocionante e divertido, com humor sutil e senso de urgência e perigo eminentes. Épico, mas não grandiloqüente. Nada das piadinhas fáceis, diálogos desnecessários e tempos mortos típicos de George Lucas.

O elenco, em sua maioria, será mantido. É inegável que Natalie Portman, no papel de Padmé, e Ewan McGregor, como o jovem Obi-Wan Kenobi, foram ótimas escolhas. Liam Neeson, como Qui-Gon Jinn, e Samuel L. Jackson, como Mace Windu, se esforçaram, mas o péssimo roteiro não permitiu que brilhassem. Infelizmente, o honorável Christopher Lee terá que ser cortado, pois seu personagem, o Conde Dookan, é dispensável à trama. Alguns ficam, outros saem, o mundo do cinema é assim mesmo.

A mais significativa mudança de elenco será a substituição dos dois interpretes de Anakin Skywalker. É desnecessário mostrar a infância de Darth Vader, portanto o fraco ator mirim Jacke Lloyd está dispensado. O medíocre Hayden Christensen, embora esforçado, foi outra escalação equivocada. Não ter alcance dramático, nem carisma para ser o protagonista. Quem poderá substituí-lo? Quem tinha a idade (entre 20 e 30 anos), aparecia física (alto e loiro) e perfil para encarnar o personagem? Leonardo DiCaprio, com 25 anos em 1999, foi cotado. Muitos fãs protestaram. Todos reconheciam ser ele um ótimo ator e já era um grande astro em função de “Titanic” (1997), mas justamente seu excesso de fama não o tornava uma boa opção. O interprete obscureceria o personagem. Brad Pitt, outro astro, com 36 anos, mas com aparência de 25, tinha o mesmo problema.

Outros candidatos fortes foram Ryan Philippe e Paul Walker. O primeiro, tendo 25 anos, é bom ator, mas com apenas 1,75 m. era muito baixo. Walker tinha idade, 24 anos, e altura, 1,88, mas apresentava as mesmas limitações dramáticas de Hayden Christensen.

Um diretor de elenco sagaz teria apresentado como opções dois atores que se mostravam promissores na época. O britânico Jude Law, com 27 anos e 1,82, e o norte-americano Matthew McConaughey, de 30 anos e 1,83 m. Certamente tomariam caminhos interpretativos diferentes, mas qualquer um dos dois faria um ótimo trabalho. Opto por McConaughey por três motivos. Primeiro porque parece ser mais durão e é fisicamente mais forte do que Jude Law. Como mostrou Hayden Christensen, o homem destinado a usar o icônico capacete negro não pode ser um baby face, nem excessivamente delgado, sob o risco de ficar parecendo um nerd magricelo fazendo cosplay dentro da armadura. Não se pode esquecer que Darth Vader foi interpretado pelo fisiculturista David Prowse na Sagrada Trilogia. Em segundo lugar, o sotaque texano de McConaughey ficaria mais próximo do apresentado por Mark Hamill, o Luke Skywalker, no filme de 1977. Poderíamos identificar essa inflexão como sendo própria dos habitantes de Tatooine, onde os dois personagens teriam sido criados na mitologia da saga. Em terceiro lugar, depois de passar anos desperdiçando talento em comédias românticas de segunda categoria, McConaughey provou ser um dos melhores atores da sua geração. Daria toda dimensão trágica e épica que a trajetória de Anakin Skywalker precisa ter. A pergunta é: ele aceitaria o papel? Tenho certeza que sim. Depois de despontar como possível astro em filmes como “Tempo de Matar” (1995) e “Contato” (1997), sua carreira estava em baixa na virada de 1999 para 2000. Tanto que o filme que lançou nesse período foi o esquecível e esquecido “Ed TV”. Não perderia a oportunidade de assumir o papel mais cobiçado do cinema pop.

Elenco fechado, John Willians reassumindo a música, locações e cenários prontos, equipe técnica a postos, só resta filmar… aliás, escrever. Obviamente, não vou fazer roteiros inteiros. Por uma questão de tempo, espaço e, acreditem, pelo fato de que eu tenho vida social apresento-lhe as sinopses, indicando a trama básica e os diálogos fundamentais. Quando for o caso, explicarei entre parênteses os motivos de certas opções. Agora, sim, “luz, câmera e… imaginação”.

Sobe a música. Logo da Fox. Tela escura. “Há muito tempo, numa galáxia distante”.

Star Wars — Episódio I: A Guerra dos Clones

George Lucas e seu exército de clones nerds
George Lucas e seu exército de clones nerds

Vista geral da capital da República Galáctica: Coruscant, um planeta totalmente urbanizado. Num plano sequência a câmera sobrevoa pelo amanhado de prédios altíssimos, passando por entre as torres do Templo Jedi, até chegar ao senado, focando no símbolo da República esculpido na parede. Essa imagem se funde com um close em Palpatine, sinistro senador do planeta Naboo, que discursa em seu púlpito flutuante. Ele acusa a República de ser corrupta e decadente. Declara-se líder de uma facção de planetas separatistas. O supremo chancelar Valorum exige que ele retire tais afirmações ou será obrigado a propor sansões disciplinares contra Naboo. Palpatine responde que não esperava outra reação de políticos fracos como ele. Diz: “Só se pode combater força com força. Eu declaro guerra contra a República”. Nesse momento explode bombas dentro do senado e em vários pontos de Coruscant. Palpatine desaparece durante a confusão.

O Chanceler se dirige ao Templo Jedi. Diante do conselho, presidido por Yoda e Mace Windu, solicita que cavaleiros jedis escoltem membros do senado, em naves diferentes e por rotas diversas, para o planeta Alderaan, onde vai ocorrer um conselho de guerra secreto, coordenado pelo rei Bail Organa, regente do Planeta. Temem que espiões de Palpatine estejam infiltrados no senado e possam reportar as decisões aos separatistas. Mace Windu comenta que Palpatine, até recentemente um político obscuro e sem projeção, sempre evitou a presença de jedis. Yoda comenta: “Diante desse nome nebulosa a Força se torna”.

Os cavaleiros jedi Obi-Wan Kenobi e Qui-Gon Jinn esperam em um hangar, diante da nave Tantive IV, um cruzador diplomático de Alderaan. Logo chega a comitiva da senadora Padmé Organa, princesa e irmã de Bail. C3PO, dróide de protocolo, a acompanha. A nave parte, no efeito túnel de luz (assinatura visual que Lucas se esqueceu de colocar na segunda trilogia). Em voz baixa, tentando evitar que membros da comitiva senatoria escutem, Qui-Gon comenta com Obi-Wan que está sentido um distúrbio na Força, mas não sabe precisar do que se trata. Diz: “Tenho um mau pressentimento sobre isso” (frase que sempre aparece nos filmes).

Na casa de máquinas da nave, o dróide astromecânico R2D2 vasculha as cargas e encontra algo que o faz sair em disparada. Vai até C3PO e, por meio de bips, lhe reporta o achado. C3PO sai, retrucando que “Não é conveniente que um dróide protocolar como eu fique de conversa com um autômato de serviços como você, com licença”. R2 se conecta com o computador central da nave e a para abruptamente. Obi-Wan e Qui-Gon aparecem perguntando o motivo de terem saído da velocidade da luz. C3PO acusa R2. Os jedis conversam com o pequeno dróide e descobrem que existe uma bomba a bordo. Correm até a casa de máquinas, encontram a bomba e a colocam num ejetor, lançando-a no vácuo. Logo a bomba explode, fazendo a nave tremer. Mais alguns segundos e estariam todos mortos.

Os jedis agradecem R2. Em seguida enviam mensagens cifradas para as outras naves, avisando sobre o perigo que correm. Entra Padmé e pergunta o que está acontecendo. Os jedis começam a explicar quando algo atinge violentamente a nave. “Outra bomba?” — pergunta Padmé. Não, dessa vez estão sendo atacados por um pequeno caça de assalto, pilotado pelo lorde negro Darth Maul. A proximidade com a explosão avariou os escudos defletores. O cruzador diplomático está indefeso. O piloto da nave se fere com uma das rajadas. Quando tudo parece perdido, surge uma velha nave desconhecida que atinge o caça de assalto, pondo-o fora de combate e obrigando-o a se retirar. Quem será o piloto? Obi-Wan Kenobi pergunta no rádio: “Foi uma manobra impressionante! Obrigado! Quem é você?”. Da penumbra, só aparecendo os lábios de quem fala, vem a resposta: “Aqui é Anakin Skywalker. Posso ajudar em mais alguma coisa?”. Obi-Wan responde: “Parece que vamos precisar de peças para reparar nossa nave”. “Conheço um ferro velho ótimo!” — responde Anakin.

Pousam no planeta desértico Tatooine. Os jedis, Padmé e os dois dróides desembarcam primeiro. Logo Anakin desce de sua nave. Os jedis se olham, percebem que a Força é poderosa nele. Padmé também demonstra estar impressionada, mas apenas agradece. R2 lança uns bips. C3PO diz: “Como pode não gostar dele? Ele nos salvou”. Novos bips de R2. “Sim, R2, você também nos salvou, eu sei, eu sei, não precisa ficar repetindo”.

Anakin leva os jedi e Padmé até uma feira de peças antigas na perigosa cidade portuária de Mos Eisley. De repente, a multidão fica em silêncio. Todo o movimento na cidade para. Em uma nave flutuante passa a corte de Jabba, o Hutt. Anakin explica que é um gangster espacial e que todos na cidade, de alguma forma, trabalham para ele. Padmé pergunta se ele também. Anakin responde que é preciso ganhar a vida, mas que não pretende ficar em Tatooine para sempre. Qui-Gon, percebendo que o dono do velho está multiplicando em muito os preços das peças, usa a Força para influenciá-lo a dar um generoso desconto. Compram a peça que precisam para reparar a nave. Percebem que está chegando uma tempestade de areia e Anakin os convida para se abrigarem na casa de sua família.

Matthew McConaughey: uma nova esperança
Matthew McConaughey: uma nova esperança

Chegam até uma fazenda de captação de umidade e são recebidos por um jovem casal: Owen Lars e Beru. Pelas palavras ríspidas que trocam, ficamos sabendo que Anakin e Owen são meio-irmãos (filhos de Cliegg Lars e Shmi Skywalker) e que o fazendeiro cobra mais a presença do piloto nos trabalhos da fazenda, acusando-o de ser um idealista em busca de um ideal. Anakin retruca que não entende como Owen se contenta em viver num deserto sabendo que existe uma galáxia inteira para ser explorada. Beru pede que sejam gentis com os convidados, que se acalmem, e convida a todos para jantar. Durante a refeição Qui-Gon pergunta para Anakin se ele conhece os princípios da Força e a Ordem dos Cavaleiros Jedi, pois a maneira como pilotou sua nave sucateada contra um caça de combate de última geração revela que possui reflexos muito mais precisos que o normal. Anakin responde que conhece as histórias sobre os jedis por meios das conversas que tem com os viajantes que passam por Tatooine e que quando pilota sente que de alguma forma o universo se comunica com ele. Qui-Gon o convida para ir com eles, para ser testado. Padmé acrescenta que precisam de um piloto para prosseguir a viagem. Anakin sorri. Owen se retira da mesa irritado. Todos ficam em silêncio.

Darth Maul caminha em meio a tempestade de areia. Observa a casa ao longe. Qui-Gon se incomoda com algo e se levanta. Obi-Wan o acompanha, balançando a cabeça, dando a entender que também sentiu que existe algo errado e que precisam ficar atentos. Em seguida, Obi-Wan indaga se foi uma boa ideia convidar Anakin. Qui-Gon responde que sente que Anakin está destinado a ter um grande futuro. Obi-Wan retruca que um grande futuro não é necessariamente um bom futuro.

Com o fim da tempestade de areia, concertam o cruzador em um espaço-porto bastante sujo e decadente. No atracadouro ao lado está a Millennium Falcon. Duas crianças limpam sua fuselagem, brincando e brigando ao mesmo tempo: um caucasiano de jaqueta e um negro, com um pano azul jogado sob os ombros quase como se fosse uma capa (que podemos identificar como sendo Han Solo e Lando Calrissian). Um pequeno alienígena verde, Greedo, se aproxima e a dupla de crianças se junta para jogar jatos de água contra ele, expulsando-o. Anakin comenta que logo estará pronto para partir.

Anoitecer em Tatooine. Os dois sóis se põem. No pátio da fazenda de umidade, Padmé e Beru observam os jedis testarem a habilidade de Anakin. Obi-Wan lhe empresta seu sabre de luz, para que o piloto o use para desviar os raios lançados por uma pequena esfera metálica flutuante. No início Anakin demonstra dificuldade, mas rapidamente ganha confiança, desvia dois raios em sequência e parte a esfera ao meio. Pede desculpas, pois se empolgou. Qui-Gon e Obi-Wan recolhem a esfera e saem para tentar consertá-la. Beru os acompanha, dizendo que vai trazer algo para beberem.

Sozinhos, surge um clima romântico entre Padmé e Anakin. De repente, a senadora se sente sufocar. Anakin tenta ajudá-la, mas não sabe o que fazer ou o que está acontecendo. Então, olha para o lado e vê Darth Maul. Saca sua pistola laser, mas não consegue atirar, pois o sith a puxa para si, fazendo-a voar no ar, cortando-a com seu sabre de luz vermelho. Anakin também aciona seu sabre e ataca Darth Maul, que decepa sua mão em um só golpe. Então diz: “Eu estava enganado. Você não é um jedi”. Enquanto Anakin se contorce de dor, ele abaixa-se e pega a arma, agora desligado. Nesse momento, o sabre também escapa de sua mão, voando até Obi-Wan que chega atacando-o em conjunto com Qui-Gon.

Darth Maul revela que possui um sabre de luz duplo e enfrenta os dois jedis ao mesmo tempo. O combate é longo e violento. Beru chega, atraída pelo barulho, e, desesperada, tenta ajudar Anakin. Darth Maul adquire a vantagem na luta e atinge mortalmente Qui-Gon. Obi-Wan continua lutando. Nesse momento, chega Owen em um carro flutuante (o mesmo usado por Luke Skywalker em “Uma Nova Esperança”). Hesita por alguns segundo, mas logo decide jogá-lo contra Darth Maul, que é lançado longe, dando vantagem a Obi-Wan. O sith chama por controle remoto sua Speeder Bike, uma moto flutuante, lança-se sobre ela e foge em alta velocidade.

Obi-Wan se ajoelha junto ao amigo moribundo. Qui-Gon lhe pede que leve Anakin ao Conselho Jedi. Sussurrando acrescenta que foi uma honra lutar ao lado dele e, aos poucos, desaparece, ficando apenas suas roupas.

Owen e Beru levam Anakin para a enfermaria da fazenda. Padmé, agora recuperada, pergunta para Obi-Wan onde está Qui-Gon. A única resposta que recebe é: “ele está bem”.

Implantam em Anakin uma rudimentar prótese usada para substituir membros perdidos em acidentes de trabalho. Owen o crítica por trazer estranhos e problemas para casa da família. Anakin se levanta da maca, gritando que o meio-irmão não precisará mais se preocupar com isso, pois está partindo com os forasteiros.

A nave parte no efeito túnel de luz. Anakin promete nunca mais voltar para esse “canto esquecido da galáxia”. Obi-Wan presta atenção nessa fala. Padmé pergunta para o jedi quem era aquela criatura que os atacou. Obi-Wan respondeu que era um sith, um jedi decaído que se converteu ao lado Negro da Força. E conclui o raciocínio preocupado, lembrando que sempre são dois, um mestre e um discípulo. Anakin, escutando a conversa, comenta que ele parecia mais rápido e forte do que os dois jedis, pois quase os venceu, mesmo estando sozinho. Obi-Wan sai.

Chegam a Alderaan. Padmé fala para Anakin que ele lhe mostrou o seu planeta e que agora iria conhecer o dela. São recebidos por Bail Organa, alguns senadores e jedis, que lhes informa que diversas naves foram atacadas e perdidas no caminho. Padmé apresenta Anakin para o irmão. Conta que o piloto que não permitiu que tivessem o mesmo destino. Apertam as mãos.

Numa transição de cena em cortina (típica da edição de Star Wars) vemos esse aperto de mão se tornar o cumprimento entre os senadores e militares designados para o conselho de guerra. Ao lado de Padmé, o rei Bail Organa abre o debate informando que diversos sistemas planetários estão sendo invadidos e subjugados pelas forças separatistas, que usam dróides de combate fundidos no planeta Geonosis. Muitos desses planetas mandaram pedidos de ajuda, antes de terem todas as suas comunicações bloqueadas. O almirante Ackbar, da raça calamariana, defende que um dróide nunca é um combatente tão eficiente quanto um ser vivo e pensante. “Só conseguem vencer se armar uma cilada”, diz numa referência a sua frase clássica de “O Retorno do Jedi”. Tarfful, representante dos wookie, urra. Tion Meddon, primeiro-ministro de Utapau, pondera que precisam pensar muito bem em como será a estratégia de combate aos separatistas, para não sacrificar inutilmente bilhões de vidas de cidadãos da República Galáctica. Close em Nute Gunray, vice-rei da Federação de Comércio, que demonstra certo nervosismo. A senadora Mon Mothma pede a palavra e revela que tem uma solução para o problema. Corte.

Do lado de fora do grande salão onde se desenrola o conselho de guerra, Anakin observa por uma grande janela a paisagem de Alderaan (está na pose clássica de Darth Vader). Olha para a mão mecânica. Padmé se aproxima com C3PO. Anakin diz irritado que os políticos falam demais e agem pouco. Padmé conta que dessa vez tomaram uma decisão. O conselho resolveu criar um exercido de clones para lutar contra os separatistas. Será usado o DNA de um soldado mandalore chamado Jango Fett, que, segundos os registros médicos de Alderaan, mostrou ter o material genético mais propício para um cultivo rápido de suas cópias. Em alguns meses poderão ter milhões de soldados geneticamente programados para o combate. Para isso, precisam levar a matriz, o próprio Jango Fett, o mais rápido possível para o planeta Kamino, onde a República mantém uma base secreta com tecnologia própria para clonagem em larga escala. Padmé o indicou como piloto. Desconfiaram inicialmente, mas ela garantiu que Anakin cumpriria a missão. As coordenadas, que são conhecidas apenas por alguns poucos signatários, lhe seriam entregues apenas no momento da partida.

No hangar espacial Anakin conhece Jango Fett, que chega acompanhado de R2D2. O almirante Ackbar entrega as coordenadas. Partem num caça Arc-170, escoltada por duas outras naves de combate. Surpreendentemente, assim que saem do planeta são abordados por um enorme cruzador, comandado pelo almirante Moff Tarkin. Acompanhando os acontecimentos, via holograma, está Palpatine. Ordena que lhe remeta os dados do combate. Atiram contra Anakin e seus companheiros, destruindo um dos caças da escolta.

Em Alderaan, no controle da missão, percebem tardiamente a presença do cruzador. Padmé, considerando que o planeta não possui armas de longo alcance, ordena que todas as naves que trouxeram os senadores se lancem contra o cruzador num ataque coordenado. Os pilotos em terra correm para cumprir a ordem.

Nesse momento, o segundo caça de escolta é destruído. Anakin se esforça para manobrar e escapar dos torpedos. Palpatine fica impressionado com a habilidade do piloto. Jango Fett assume as armas manuais e atira contra o cruzador, sem obter muito resultado devido a diferença de tamanho entre as naves. Anakin grita para R2 que precisa de mais potência. R2 se conecta ao computador central e consegue tirar mais rendimento da nave que escapa do cruzador e entra na velocidade da luz.

Palpatine, no holograma, dá ordens para que descubram a qualquer custo quem é aquele piloto. As naves republicanas chegam e disparam contra o cruzador. Tarkin pergunta a Palpatine se ele deve atacar o planeta ou recuar. Palpatine diz que Alderaan pode esperar, mas que um dia aquela derrota será vingada (essa fala faz eco ao fato de Alderaan ter sido o planeta destruído pela Estrela da Morte em “Uma Nova Esperança”). O cruzador desaparece, entrando na velocidade da luz. Todos comemoram na ponte de comando em Alderaan. Menos o vice-rei Nute Gunray, que se limita a limpar o suor.

Anakin chega a Kamino, um planeta ocupado por imensos e turbulentos oceanos, onde chove continuamente. Jango Fett é levado para sala de testes e retiram amostras de seu sangue. Em seqüências rápidas exibem os clones se desenvolvendo dentro de grandes tubos de vidro. Alguns são crianças, outros adolescentes, outros adultos. Depois e mostrado um clone adulto sendo retirado do vidro, recebendo um uniforme e indo para o treinamento militar, concedido por Jango Fett. Em cenas panorâmicas, com milhares de indivíduos na tela, os clones aparecem marchando e entrado em grandes naves de transporte. Em seguida aparecem clones lutando lado a lado com jedis contra os dróides das forças separatistas em diversos planetas da galáxia. Sequência de cenas citando o desembarque no Dia D conforme mostrado em “O Resgate do Soldado Ryan”, o combate entre escravos e romanos em “Spartacus” de Stanley Kubrick, e a luta heróica nas Termópilas de “300”, com jedis no lugar dos espartanos, recebendo cobertura dos clones. Corte.

George Lucas entre o lado verde e o Lado Negro da Força
George Lucas entre o lado verde e o Lado Negro da Força

Templo Jedi. Obi-Wan está diante do Conselho. Pede permissão para treinar Anakin. Mace Windo é contra, justificando que ele está muito velho para começar sua formação jedi, que isso pode ser perigoso. “Poderoso na Força, mas também nebuloso seu futuro é”, diz Yoda. Obi-Wan concorda, mas pede um voto de confiança em nome de Qui-Gon Jinn. Diante desse argumento, o Conselho aceita relutante. Perguntam onde está Anakin. Obi-Wan informa que ele receberá um voto de honra e agradecimento da família Organa, por ter salvo a vida da senadora Padmé. Mas assim que retornar de Alderaan vai se enclausurar no Templo e começar seu treinamento. Yoda fala em tom de reprovação que um jedi não se preocupa com tais honrarias.

Castelo Real de Alderaan. Toda a corte espera a entrada do convidado de honra. Anakin chega e, um tanto constrangido por estar usando roupas finas, cruza um grande salão onde é recebido por Padmé, Bail e sua esposa. C3PO e R2D2 também estão presentes. Anakin e Padmé trocam olhares. O rei lhe entrega uma esfera translúcida com o brasão da família Organa se insinuando em sua delicada chama interna. Ficam todos perfilados, numa referencia ao final de “Uma Nova Esperança”, onde Luke Skywalker e Han Solo são condecorados por Leia Organa.

Em breve:  Star Wars — Episódio II: A Conversão Sombria.

Ademir Luiz

É doutor em História e pós-doutor em poéticas visuais.