Os pessimistas que me perdoem. Mas se não for pra ser feliz qual é o sentido disso tudo?

Os pessimistas que me perdoem. Mas se não for pra ser feliz qual é o sentido disso tudo?

E quem sabe o Ano Novo nos seja justo e retribua cada voto de felicidade que nós tanto desejamos a ele? Quem sabe, na contagem regressiva, no instante que dá à vida um novo início, ele também nos celebre, festeje, comemore e nos faça listas de desejos generosos?

Com justiça, ele também há de chegar pedindo água, afeto e leveza depois de horas no trânsito pesado rumo à praia. Vai fugir para as montanhas, ficar em casa com os seus ou tão sozinho como no fundo todos somos. Mas de qualquer sorte vai nos fazer a festa. Vai nos receber com os fogos e as luzes e cores do Réveillon.

Vai trazer o novo tempo pela mão, a nosso favor, e aproveitar cada minuto que lhe cabe.

Também vai vestir branco, amarelo, bege, rosa, verde, vermelho, preto, azul ou surgir nu em pelo na sua hora inicial como qualquer recém-chegado a este mundo. Que chegue balançando as partes, montado no cavalo da vida, os olhos adiante e os pés no chão. E dispare cheio de força rumo ao horizonte onde dorme o vento.

Que o Ano Novo encha a cara de festa e amanheça com dor nas juntas de tanta dança e tanto abraço. A garganta raspando da alegria gritada. E a consciência limpa de quem não fez mal a ninguém e ainda tentou ajudar.

Que venha firme e forte como a esperança dos mais otimistas entre nós. E que em coro com uma multidão de décadas e séculos e milênios de ontem e amanhã, numa contagem progressiva de fracassos e conquistas, tombos e recomeços, revele nosso destino implacável de felicidade.

Que erre, também. Erre feio. Tropece, caia, levante. Que o Ano Novo seja como um de nós. Incompleto, imperfeito, esperando nosso empenho por corrigi-lo e completá-lo. Porque perfeição enche o saco e ponto.

Mas que se mostre irretocável ao menos em atender nosso voto mais simples: que seja feliz de fato, por vocação e opção. E que nos abra os braços, sorrindo e chorando em verdadeira e comovida recíproca.

Então nós, em desinteressada gratidão, seremos felizes como é sempre o Ano Novo em nossos sonhos. Porque faremos uns pelos outros, agora, tudo aquilo que desejamos à nossa ideia de futuro comum, justo, esperado e merecido.

Feliz Ano Novo, gente amiga. Sejamos felizes como nunca, como der, como sempre. Desde já.

André J. Gomes

É professor e publicitário.