Com apenas cinco anos como produtora cinematográfica, a Netflix, que antes era subestimada em Hollywood, já se tornou uma das mais famosas em todo o mundo. Mas, em contraste ao alto número de produções que a empresa lança mensalmente, existem muitas polêmicas e críticas. Por várias vezes, a plataforma foi alvo de abaixo-assinados e pedidos de boicote. A Bula reuniu em uma lista os 10 filmes, documentários e séries mais polêmicos da história do serviço de streaming. Entre eles, estão o longa erótico “365 DNI” (2020), de Barbara Białowąs; o documentário “The Legend of 420” (2017), de Peter Spirer; e o reality show “Indian Matchmaking” (2020), dirigido por Smriti Mundhra.
Imagens: Divulgação / Reprodução Netflix
Amy, uma garota senegalesa de 11 anos, vive com a mãe e dois irmãos em um dos bairros mais pobres de Paris. De família muçulmana, Amy é vigiada de perto e deve seguir rigidamente as regras de sua religião. Mas, tudo muda quando ela conhece o grupo Cuties, formado por garotas de sua idade que dançam como adultas. Desde o lançamento do trailer, “Cuties” foi um dos assuntos mais comentados nas redes sociais. Mais de 360 mil pessoas assinaram uma petição pela remoção do filme, alegando que ele promove a pornografia infantil, devido às cenas de danças sugestivas. Segundo a Netflix, o longa é uma crítica — e não uma promoção — à sexualização das crianças.
O reality acompanha a casamenteira de elite Sima Taparia, que une casais indianos, de acordo com a preferência de seus clientes. O programa alcançou bons níveis de audiência, mas foi considerado preconceituoso por grande parte do público. “Há muita ênfase na beleza tradicional, preconceito racial e de castas.” De acordo com as críticas, o programa falhou em desafiar essas crenças retrógradas da Índia, expondo-as abertamente, sem um contraponto. No reality, alguns participantes deixam claro que preferem um par da mesma casta, de pele clara e fisicamente atraente.
Na série, um homem chamado Payam alega ser o retorno escatológico de Jesus. Seus ensinamentos e milagres atraem a atenção da mídia e de uma legião de seguidores em todo o mundo. Payam dá início a uma grande revolução espiritual, mas o movimento acaba causando instabilidade política. Antes mesmo do lançamento do seriado, alguns grupos cristãos e muçulmanos já pediam boicote à “Messiah”, já que Payam faz referências a Jesus e a Maomé. O governo da Jordânia, onde muitas cenas foram gravadas, pediu que a série fosse proibida no país. Segundo o criador, Michael Petroni, o objetivo era que o seriado fosse “provocativo, o que não quer dizer ofensivo”.
Nesta série, a atriz Gwyneth Paltrow aborda terapias alternativas que prometem curar doenças físicas e mentais. Os episódios são gravados na sede da Goop, empresa de bem-estar e estilo de vida saudável criada pela atriz. As técnicas de cura vão desde “exorcismos energéticos” ao uso de psicotrópicos. Assim como já acontecia com a empresa de Paltrow, “The Goop Lab” foi muito criticada pela comunidade de pesquisadores. À BBC, o diretor-executivo do serviço público de saúde britânico, Simon Stevens, disse que o programa apresenta falsas soluções sem comprovação científica, espalhando “mitos e desinformação”.
O filme acompanha Laura Biel, que comemora seu aniversário de 29 anos na Itália, com os amigos e o namorado, Martin. Após ser envergonhada por Martin, ela resolve passear sozinha e é sequestrada por Massimo Torricelli, o líder da máfia siciliana. Massimo está encantado pela beleza de Laura, então diz que pretende mantê-la refém por 365 dias. “365 DNI” foi muito comentado nas redes sociais pelas cenas de sexo e pela beleza dos protagonistas. Mas, ao mesmo tempo, foi criticado por normalizar relacionamentos abusivos, já que Massimo não só prende como maltrata Laura, e ainda assim ela se apaixona por ele.
Após passar 40 dias no deserto, Jesus retorna para casa e se depara com uma festa surpresa em comemoração aos seus 30 anos. Maria e José, pais de Jesus, resolvem aproveitar a oportunidade para contar a verdade: ele foi adotado por José e seu pai verdadeiro é Deus. “A Primeira Tentação de Cristo” foi alvo de muitas represálias por apresentar um Jesus homossexual. Grupos e políticos religiosos pediram boicote à Netflix e fizeram abaixo-assinados para que a produção fosse retirada do catálogo. Em represália, o estúdio do Porta dos Fundos chegou a sofrer um atentado, em 2019.
Patty é uma garota gorda que vive sendo humilhada na escola por causa de seu peso. Após se envolver em uma briga, ela é internada por alguns meses e perde 30kg. Agora magra, ela planeja se vingar de todos os colegas que já zombaram dela. Bob, um advogado frustrado, decide treinar Patty para participar de concursos de beleza. Considerada pelos críticos uma das piores produções da Netflix, “Insatiable” foi alvo de uma petição com mais de 100 mil assinaturas para que fosse cancelada. A série foi acusada de promover o preconceito contra pessoas gordas.
A série acompanha a história do controverso guru indiano Bhagwan Shree Raineesh, mais conhecido como Osho. Nos anos 1960, Osho arrebanhou milhares de seguidores e criou uma comunidade para sua seita no deserto do Oregon, nos Estados Unidos. O projeto causou vários conflitos com a população local e logo foram descobertas as polêmicas sexuais e as corrupções financeiras realizadas pelo guru. Ao retratar os crimes cometidos pela comunidade, a série chocou muitas pessoas, mas foi duramente criticada e taxada de “imparcial” pelos atuais seguidores de Osho.
Este documentário aborda o crescente movimento de descriminalização da maconha nos Estados Unidos. Especialistas, médicos e usuários falam sobre os benefícios da marijuana em vários aspectos, desde seu uso medicinal até a utilização em processos artísticos e criativos. A expressão “420” refere-se ao consumo da maconha, um símbolo da cultura canábica. Por ser visto como uma forma de apologia às drogas, “The Legendo of 420” sofreu represálias em vários lugares do mundo. Em Singapura, chegou a ser retirado do catálogo, a pedido do governo do país.
Clay, um estudante do ensino médico, recebe uma caixa misteriosa e se surpreende ao descobrir a remetente: Hannah, a sua melhor amiga da escola, e também a sua paixão secreta, que acabara de se matar. Dentro da correspondência há várias fitas cassete, nas quais a jovem lista as 13 razões que a levaram a se suicidar. Além de ser uma das séries mais assistidas da Netflix, “13 Reasons Why” é provavelmente a mais polêmica. Por mostrar em detalhes o momento em que Hannah comete suicídio, a produção foi acusada de abordar o tema de maneira irresponsável. Em 2019, o serviço de streaming modificou a cena.