No dia 28 de agosto de 2020, todos foram pegos de surpresa com a notícia da morte de Chadwick Boseman, mais conhecido por interpretar o herói Pantera Negra. Com apenas 43 anos, Boseman nunca havia contado à imprensa que enfrentava uma luta contra um câncer de cólon em estágio avançado. Acometido pela doença desde 2016, ele trabalhou em várias produções ao mesmo tempo em que, reservadamente, passava por cirurgias e sessões de quimioterapia. Além do primeiro super-herói negro, Boseman também viveu outras figuras importantes no cinema. Em homenagem ao ator, a Bula reuniu alguns fatos pouco conhecidos sobre sua vida. Para isso, foram analisadas entrevistas que Boseman deu a revistas internacionais, como “Rolling Stone” e “Vulture”.
Chadwick Boseman nasceu em Anderson, na Carolina do Sul, filho de um casal afro-americano. Sua mãe era enfermeira e o pai tinha um negócio de estofados. Ainda na escola se interessou pelas artes e escreveu sua primeira peça, “Crossroads”, no primeiro ano do ensino médio. A história era uma homenagem a um colega de classe que havia sido assassinado. Foi nessa época que Chadwick também se aproximou do ativismo pela igualdade racial.
Boseman estudou Belas Artes na Universidade Howard, uma instituição historicamente negra nos EUA. Ele começou a ter aulas de atuação com Phylicia Rashad, atriz de séries conhecidas, apenas para melhorar sua direção. Ele conta que foi selecionado para um prestigiado programa de verão em Oxford, para estudar teatro, mas não tinha dinheiro para ir. Então, Phylicia conseguiu que alguns amigos pagassem para que ele e seus colegas fossem. Algum tempo depois, ele descobriu que Denzel Washington foi seu patrocinador.
Em 2000, Boseman se formou em Belas Artes na Universidade Howard, com foco em direção. Ele decidiu tentar a carreira como dramaturgo e diretor em Nova York, no Brooklyn. Encontrou uma efervescente cena do hip-hop e começou a escrever e dirigir peças com novas estrelas do rap. Para pagar as contas, também dava aulas de teatro para crianças. “Deep Azure”, uma de suas peças, chegou a alcançar certo reconhecimento.
Ainda tentando se sobressair como diretor, Boseman começou a receber convites para atuar em séries de televisão, como “Law & Order” e “CSI”. “Trabalhar em teatro não estava pagando minhas contas. Acho que o momento mais estressante da minha vida foi quando não tinha dinheiro para pagar o aluguel. Não há nada mais esgotante do que seu estômago roncar”, disse em entrevista. Boseman aceitou os trabalhos na TV, mas continuou buscando oportunidades que se alinhassem a seus valores de vida.
Chadwick Boseman estreou no cinema em 2008, com um papel pequeno no filme “The Express”, que conta a história de Ernie Davis, o primeiro jogador negro a ganhar o Troféu Heisman, principal prêmio do futebol americano universitário. Mesmo sem destaque, essa primeira oportunidade apontou para um dos legados que Chadwick deixaria como ator: o de interpretar figuras negras desafiadoras.
Pode-se dizer que a fama chegou tardiamente para Boseman. Aos 36 anos, em 2013, ele ganhou seu primeiro papel de protagonista, no filme “42 — A História de Uma Lenda”, que narra a vida do jogador de beisebol Jackie Robinson, primeiro negro a fazer parte da Major League nos EUA. Depois de uma participação modesta no drama “Draft Day” (2014), aceitou outra missão complexa: viver James Brown no biográfico “Get on Up” (2014). Segundo os críticos, essa foi a interpretação mais eletrizante de Boseman.
Stan Lee e Jack Kirby criaram Pantera Negra, o primeiro super-herói negro, em 1966. Mas ele só apareceu nas telas 50 anos depois, quando Boseman foi convidado para interpretá-lo em “Capitão América: Guerra Civil” (2016). Em 2018, o herói ganhou seu próprio filme. “É um momento de mudança radical. Ainda me lembro da empolgação das pessoas ao verem Malcolm X. E isso é maior, porque um filme da Marvel atrai ainda mais pessoas”, disse ele à época. Boseman não estava exagerando: “Pantera Negra” é a maior bilheteria de super-herói da história.
“Pantera Negra” (2018) mudou totalmente a vida de Boseman. Além de tê-lo feito uma estrela de Hollywood, o instigou a buscar por suas raízes. Ele pediu ao pai que fizesse um teste de DNA e descobriu que veio de linhagens da Nigéria, de Serra Leoa e da Guiné-Bissau. Para o papel, ele também estudou a vida de vários negros influentes na história, treinou artes marciais africanas e viajou a países da África para pesquisa. Na cidade do Cabo, um artista de rua lhe deu um nome na língua Xhosa: Mxolisi, que significa “pacificador”.
Chadwick Boseman sempre foi muito reservado em sua vida longe das câmeras. Nos últimos meses, suas fotos preocuparam os fãs, pois estava muito magro. Muitos acharam que ele estava se preparando para algum papel no cinema. Ninguém sabia, mas Boseman enfrentava um câncer de cólon desde 2016. Ele morreu no dia 28 de agosto de 2020, aos 43 anos de idade. Boseman havia se casado secretamente com a cantora Taylor Simone Ledward. Ela estava ao lado do marido quando ele morreu, em casa.
Anos depois de ter recebido auxílio financeiro de Denzel Washington, Chadwick Boseman fez parte de um filme produzido pelo ator. Trata-se de “Ma Rainey’s Black Bottom”, que conta a história da cantora de blues Ma Rainey. O longa, que já estava pronto antes da morte de Boseman, será lançado ainda em 2020 nos EUA. Além disso, na Netflix é possível ver Boseman em outras produções, como “King: Uma História de Vingança” (2016), “Crime sem Saída” (2019) e “Destacamento Blood” (2020).