São ótimos tempos para fãs de terror estarem ligados na televisão. Os canais de streaming têm investido pesado em produções de alto nível técnico e narrativo, com temas diversificados e abordagens surpreendentes para o gênero. O horror está em alta e nada mais intenso do que acompanhar os programas de maior destaque, seja por adaptarem autores essenciais, seja por fazerem novas proposições de assuntos que pareciam batidos. Confira a seguir cinco séries recentes que você não pode perder. Respire fundo e segure a tensão.
Imagens: Divulgação / Reprodução Netflix, Amazon Prime Video e HBO
A série mais recente a dar o que falar é esta adaptação de um romance de Matt Ruff que reimagina a segregação racial dos EUA nos anos 1950 sob a perspectiva de elementos do imaginário de H. P. Lovecraft (1890-1937). O programa tem entre os produtores o cineasta Jordan Peele (que trabalha, aqui, ao lado de Misha Green e J. J. Abrams) e se aproveita da efeméride de 130 anos do nascimento de Lovecraft. É interessante perceber que a série surge num momento em que o mercado editorial brasileiro volta a se aquecer com antologias de contos do autor americano, referência incontornável do gênero.
Stephen King nunca saiu da mídia, mas nos últimos anos adaptações de suas obras se multiplicaram como nunca. No cinema, na TV ou no streaming, a quantidade de filmes e séries não tem precedentes. Uma das mais notáveis é “The Outsider”, que adapta um livro de King de 2018. A história acompanha os mistérios em torno do assassinato de um garoto e se complica quando surge a possibilidade de uma entidade sobrenatural estar envolvida no caso. A produção é de Richard Price, e a minissérie teve dez episódios exibidos em 2020.
Muita gente passou batido por esta que é uma das mais perturbadoras produções de horror dos canais de streaming nos últimos anos. A produção austríaca tem 8 episódios, todos dirigidos por Marvin Kren, e reimagina a juventude do psicanalista Sigmund Freud (1856-1939) e seu envolvimento em crimes bizarros na Viena do século 19. Protagonizada por Robert Finster, a trama mescla possessão, bruxaria, mistério e discussões históricas e sociais, sempre numa atmosfera incômoda e com sequências intensas de violência e erotismo.
Em tempos de saturação de zumbis, graças à interminável “The Walking Dead”, fica até difícil indicar uma série sobre isso, porém eis que “Black Summer”, em apenas 8 episódios, faz tudo valer a pena. Produzido pela Asylum com baixo orçamento e muita criatividade, ela é em absolutamente tudo contrário à sua contraparte mais famosa e popular. Ou seja: nada de dramalhão, nada de enrolação, nada de mortos-vivos lerdos, nada de personagens “profundos” em conflitos morais. “Black Summer” é puro instinto, tensão e violência, ora brutal, ora caricata, e coloca o espectador em adrenalina constante. Apesar de ter sido renovada para uma nova temporada, ela se fecha perfeitamente. Não perca.
A partir do romance de Dan Simmons, o canal AMC produziu a primeira temporada de uma série que, à primeira vista, parece um conto de aventura marítima, até ganhar encaminhamentos realmente apavorantes. São dez episódios seguindo as agruras de um grupo de pessoas a bordo de um barco preso numa geleira da Antártida. Não bastassem o frio e as dificuldades de sobrevivência, eles suspeitam de ameaças fora do convencional. A primeira temporada narra uma trama fechada, e a segunda temporada segue outra história e não é tão interessante.
Marcelo Miranda é crítico, pesquisador e curador de cinema e literatura. Realizador do podcast Saco de Ossos.