Quando não puder mais caminhar, ajoelhe. E tente outra vez

Quando não puder mais caminhar, ajoelhe. E tente outra vez

Tente outra vez. Mesmo que você tenha se perdido, e perdido as forças para seguir o seu caminho. Mesmo quando o ar já não entra nos pulmões e, na escuridão, seus olhos não consigam enxergar sequer um fio de luz. Tente outra vez. Quando as mãos começarem a sangrar e os pés machucados, em carne viva, não aguentarem mais o calor da terra. Tente outra vez. Quando não resistir mais à dor de um ombro dilacerado, um coração estilhaçado, um corpo triturado. Tente outra vez. E se não suportar mais caminhar, ajoelhe. Engatinhe, rasteje. Mas não desista!

Não desista de lutar, não desista de viver, não desista de sonhar. Muito menos de ser feliz! Porque não se pode, nunca, parar de querer. Quanto mais se quer, mas vivo se sente. É a ânsia de mudar a rota, de saltar barreiras, de vencer a prova, que transforma pedras em combustível. Não deixe que o desejo se canse ou se perca na primeira curva. Alimente, dê água, cuide bem dele. Não existe conquista sem sacrifício.

Mas, oh!, o negócio é seguir jogando, chutando, sem tirar o olho da bola. O campo é longo, mas não é infinito. O goleiro é bom, cara experiente e vivido, mas nada que a sua ginga não consiga, ali no cantinho, fazer um belo gol de letra. Olhe aqui pra mim. Ponha uma coisa na sua cabeça. Não perca a sua fé! Fé na vida, no amor acima de todas as coisas. Acredite no bem, no fazer o bem, no querer o bem. Confie na amizade e na irmandade. Coisas boas acontecem às pessoas boas. As energias estão por aí, por aqui, acolá.

Você quer, você pode, você consegue, é capaz! É só não desistir! Não abandone o ringue, não dê esse gostinho ao adversário que quer te ver desmaiado no chão. Não, senhor. Fale pra ele que é você quem manda. E desistir, jamais. Ok, cair faz parte do jogo, perder também. Mas não é uma derrota que vai definir o placar da luta. Lembre-se: é nos tombos que se aprende a caminhar. Não adianta querer correr, se os passos não estão firmes o bastante. Não se esqueça: um pé depois do outro. Persistência. Equilíbrio. Segurança.

Agora é hora, levante essa cabeça! Encare o inimigo. Olho no olho. Não se deixe intimidar porque eu sei, e você também sabe. Você é forte! Vamos lá! Tome fôlego e não perca a confiança! Não está achando o seu amor próprio? Procure direitinho, ele deve estar bem atrás de você. Dê uma olhada. Achou? Ótimo! Está acuado depois de tantas sacudidas… Mas não se preocupe, ele vai ficar bem! Só não perder o foco!

Vamos abrir as janelas, as portas e basculantes, deixar o sol entrar e a brisa da tarde varrer todas as sombras. É hora de perfumar a casa com esperança, enfeitar com flores de determinação, toalhas de perseverança, roupas de cama com cheirinho de perspectiva. Nosso lar precisa estar pronto para receber a visita que tanto esperamos: a vitória. E, quando ela chegar, prepare aquele banquete! Quem sabe ela decide ficar para sempre?

Karen Curi

é jornalista.