Em 2018, as mortes consecutivas de cinco atrizes pornográficas reacenderam o debate acerca dos maus-tratos e abusos vividos pelas mulheres que trabalham na área. Embora seja um mercado bilionário e pareça glamuroso, muitas profissionais sofrem dentro e fora do trabalho. Algumas chegam a abandonar a carreira, denunciando tudo pelo que passaram. Vícios, doenças sexualmente transmissíveis e depressão estão entre as consequências mais relatadas. A Bula reuniu em uma lista dez ex-atrizes pornôs que se arrependem de terem atuado em filmes adultos. Da jovem Mia Khalifa até estrelas dos anos 1990, estas mulheres tiveram coragem de expor os segredos e bastidores do mercado pornô.
A libanesa Mia Khalifa começou sua carreira na indústria pornográfica em 2014 e já naquele ano se tornou a atriz mais buscada no site Pornhub. Ela foi muito criticada por aparecer em vídeos usando um hijab islâmico, tornando-se alvo de ameaças de extremistas. Três meses depois, ela disse estar desiludida e abandonou os filmes pornôs. Recentemente, ela conseguiu um milhão de assinaturas para a retirada de seus vídeos da web.
Entre 2006 e 2011, a norte-americana Bree Olson atuou em mais de 280 filmes pornográficos. Ela é uma das atrizes que mais faturaram nesse mercado, acumulando cerca de 5 milhões de dólares. Pelas situações de preconceito que vivia, ela decidiu abandonar a carreira pornô em 2011. “Saí porque queria que as pessoas me respeitassem. O respeito se tornou mais importante do que o dinheiro”, disse Olson em uma entrevista.
Entre 1993 e 1994, Shelley Lubben fez mais de 30 filmes pornôs usando o nome artístico Roxy. Expulsa de casa aos 18 anos, ela trabalhou como dançarina e prostitua até ingressar na indústria pornográfica anos depois, mas sua carreira durou pouco. Após contrair herpes, ela desistiu e criou uma associação para ajudar pessoas com traumas relacionados à pornografia. Ela morreu em 2019, aos 50 anos de idade. A causa de sua morte não foi divulgada.
Usando o nome artístico Penny Flame, Jennie Ketcham atuou em mais de 400 filmes pornográficos, contratada pelas maiores produtoras do ramo nos EUA. Ela abandonou a indústria em 2009, em busca do sonho de se tornar escritora. “Usar minha sexualidade para ganhar dinheiro, ser respeitada e bem-sucedida não é empoderador. É o mesmo que dormir com o chefe para ganhar um aumento”, disse Jennie.
A modelo Bibi Jones, nome artístico de Britney Maclin, começou a atuar na indústria pornográfica em 2010, com apenas 19 anos de idade, e gravou mais de 50 filmes antes de anunciar sua aposentadoria, em 2012. Ela disse que ia se retirar do mercado por estar envergonhando sua família. Apesar de ter regressado ao pornô algum tempo depois, ela decidiu parar definitivamente após engravidar.
Nascida em Goiânia, no Brasil, e criada nos Estados Unidos, Jessie Rogers entrou na indústria pornográfica logo após completar 18 anos, atuando em mais de 100 filmes. “Eu não estava pensando sobre as consequências, eu apenas queria o dinheiro e a validação que as pessoas me davam”, disse Jessie. Ela desistiu da carreira em 2012, alegando ter sido violentada por um ator veterano. Segundo Jessie, as atrizes não gostam do que fazem, usam drogas para parecer que estão se divertindo.
A norte-americana Crissy Moran começou a atuar em filmes pornôs em 1999, aos 24 anos de idade. Ela trabalhou em mais de 50 filmes e relatou ter ganhado cerca de 15 mil dólares por mês. Em 2006, ela se converteu ao cristianismo e decidiu abandonar a carreira na pornografia. Além de tornar-se pastora, Crissy passou a colaborar com o site XXXChurch, a maior página antipornografia do mundo.
Usando o nome Brittni Ruiz, Jenna Presley apareceu em mais de 300 filmes pornôs ao longo de sua carreira como atriz, que durou dos 18 aos 25 anos. Em 2010, foi considerada uma das maiores estrelas da área. Após conhecer a organização religiosa XXXChurch, em 2013 ela decidiu abandonar a profissão e se converteu ao cristianismo. “No começo, eu me sentia bonita, achava que havia me encontrado. Depois de um tempo, me senti destruída”, disse a ex-atriz.
Com o nome artístico de Alexa Cruz, Vanessa Belmond atuou na indústria pornô dos 18 aos 25 anos. Ela desistiu em 2013 e se voluntariou em organizações que militam contra a pornografia. Vanessa contou em entrevistas que contraiu doenças sexualmente transmissíveis e que se viciou em analgésicos devido às dores que sentia gravando as cenas de sexo. “Quando você toma remédios fortes, é bem mais fácil fingir que está se divertindo”, disse Vanessa.