Além de ser uma das maneiras mais fáceis e prazerosas de adquirir conhecimento, a leitura possui vários outros benefícios comprovados pela ciência: melhora a memória, a capacidade de interpretação e afasta doenças emocionais, como a depressão. Mas, mesmo com tantas vantagens, ler pode ser difícil para algumas pessoas, principalmente se o hábito não foi incentivado desde a infância. Para ajudar aqueles que ainda não têm esse costume, mas desejam começar, a Bula reuniu dez ótimas indicações de livros. São obras marcantes e nem um pouco tediosas, que prendem a atenção do leitor do início ao fim. Entre elas, estão “As Aventuras de Huckleberry Finn” (1884), de Mark Twain; e “A Filha Perdida” (2006), de Elena Ferrante. Os títulos estão organizados de acordo com o ano de lançamento: do mais antigo para o mais recente.
O livro narra a história de Edmond Dantés, um marinheiro que é preso injustamente, vítima de um complô. Quando escapa da prisão, toma posse de uma misteriosa fortuna e arma uma plano para vingar-se daqueles que o prenderam. A galeria de personagens criada por Dumas faz um retrato fiel da França do século 19, um mundo em transformação, onde se era possível a mudança de posições sociais. “O Conde de Monte Cristo” é, juntamente com “Os Três Mosqueteiros”, a obra mais conhecida de Alexandre Dumas e uma das mais celebradas da literatura universal. Estima-se que o livro tenha vendido entre 200 e 250 milhões de cópias. A obra é livremente inspirada nas experiências de Pierre Picaud, um sapateiro que vivia em Nîmes, na França.
A história se passa no interior dos Estados Unidos, em meados do século 19, e é a continuação do livro “As Aventuras de Tom Sawyer”. O narrador é Huckleberry Finn, o melhor amigo de Tom. Para se livrar do pai bêbado e violento, o garoto Huckleberry se refugia em uma pequena ilha do rio Mississippi. No local, ele conhece Jim, um escravo fugido, que se torna o seu aliado. Usando uma balsa, a inusitada dupla se lança numa viagem pelo leito do rio, às margens da sociedade pré-Guerra Civil Americana. O objetivo deles é chegar até a cidade de Cairo para pegar uma embarcação para os Estados livres, onde não existe escravidão. Marco fundador da narrativa norte-americana, “As Aventuras de Huckleberry Finn” inaugurou a tradição do anti-herói jovem e espirituoso. O livro é conhecido como “O Maior Romance Americano”.
Caninos Brancos é um lobo nascido no território de Yukon, no norte congelado do Canadá, durante a corrida do ouro que atraiu milhares de garimpeiros para a região. Capturado antes de completar um ano de idade, é usado como puxador de trenó e obrigado a lutar pela sobrevivência em uma matilha hostil. Mais tarde, é repassado a um dono inescrupuloso e transformado em cão de rinha. Nesse universo de violência, Caninos Brancos deixa de confiar nos humanos, até ser resgatado por um homem caridoso. Em “Caninos Brancos” (1906) Jack London narra a história de um animal que precisa suprimir seus instintos para sobreviver na civilização. Grande sucesso desde o lançamento, já foi traduzido para mais de 80 idiomas e adaptado para o cinema, os quadrinhos e a TV.
Em Maycomb, uma pequena cidade fictícia do Alabama, nos Estados Unidos, vive a família Finch. Scout, a filha mais nova, narra a história de “O Sol é Para Todos”, que se passa durante os anos 1930, durante a “Grande Depressão”. Esperta e curiosa, Scout gosta de brincar e explorar a vizinhança ao lado de seu irmão mais velho, Jem. Mas, a vida da família muda quando o pai, o advogado Atticus Finch, decide defender um negro que está sendo acusado de estupro. A partir de então, Scout começa a perceber o preconceito e a crueldade das pessoas, que se voltam contra seu pai. Considerado um dos maiores clássicos da literatura mundial, esta é uma história atemporal sobre tolerância, perda da inocência e conceito de justiça.
Uma das obras-primas de Gabriel García Márquez, o livro narra a fantástica e triste história da família Buendía, que vive na pequena e fictícia Macondo, ao longo de um período de cem anos. A trama acompanha as diversas gerações da família, assim como a ascensão e a queda do vilarejo em que vivem. Os Buendía nascem e morrem, vão embora ou permanecem na aldeia até seus últimos dias. O que todos possuem em comum é a luta contra a realidade e a solidão que sentem, mesmo vivendo em meio a muitos. O livro é considerado a obra que consagrou Gabriel García Márquez como um dos maiores autores do século 20.
Dividido em duas partes, “A Procura” e “O Encontro”, o livro narra a vida do escritor Eduardo Marciano, considerado o alter ego de Fernando Sabino, em sua contínua busca pelo sentido da existência. Nascido em Belo Horizonte, em Minas Gerais, Eduardo é um filho único, que cresce ao lado de seus melhores amigos, Mauro e Hugo. Boêmio e questionador, decide se tornar escritor, contrariando o pai, que deseja que ele tenha uma profissão formal. Tudo muda quando Eduardo se apaixona por Antonieta, se casa repentinamente e vai morar no Rio de Janeiro. Após o casamento, a monotonia da vida a dois atinge o escritor, que se distancia cada vez mais da mulher e acaba sendo deixado por ela. Em depressão, Eduardo volta a Minas Gerais para encontrar seus antigos amigos e refletir sobre as escolhas que fez durante a vida.
O romance conta a saga da turbulenta e numerosa família Trueba, cujo patriarca é o latifundiário e senador chileno Esteban Trueba, um homem volátil e orgulhoso. Clara, a matriarca, é uma mulher clarividente, que prevê a tragédia da família. Bianca, a filha, é rebelde e se apaixona pelo filho do capataz, dando à luz Alba, a neta amada de Esteban. As paixões, lutas e segredos da família Trueba abrangem três gerações e um século de transformações violentas do Chile. “A Casa dos Espíritos” foi um divisor de águas na literatura hispânica, pois, até a publicação do livro, em 1982, nenhuma escritora havia conquistado tamanho sucesso editorial.
“A Filha Perdida” acompanha os sentimentos conflitantes de uma professora universitária de meia-idade. Aliviada depois de as filhas já crescidas se mudarem para o Canadá, Leda decide tirar férias no litoral sul da Itália. Logo nos primeiros dias, ela volta toda a sua atenção para uma ruidosa família de napolitanos, em especial para Nina, a jovem mãe de uma menininha chamada Elena que sempre está acompanhada de sua boneca. Cercada pelos parentes autoritários e imersa nos cuidados com a filha, Nina parece perfeitamente à vontade no papel de mãe e faz Leda se recordar de si mesma quando jovem e cheia de expectativas. A aproximação das duas, no entanto, desencadeia em Leda lembranças que ela nunca conseguiu revelar a ninguém.
Em “Nu, de Botas”, Antonio Prata revisita as passagens mais marcantes de sua infância. As memórias são iluminações sobre os primeiros anos de vida do autor, narradas com precisão e humor. As lembranças no quintal de casa, os amigos da vila, as férias na praia, o divórcio dos pais, o cometa Halley, a primeira paixão, o sexo descoberto nas revistas pornográficas — toda a educação sentimental de um paulistano de classe média nascido nos anos 1970 aparece no livro. Os textos não são memórias do adulto que olha para trás e revê sua trajetória com nostalgia ou distanciamento. Ao contrário, o autor retrocede ao ponto de vista da criança, que se espanta com o mundo e a ele confere um sentido muito particular. Antonio Prata é o cronista de maior destaque de sua geração e um dos maiores do país.
Martha Batalha recria a trajetória dos descendentes de Johan Edward Jansson, cônsul da Suécia no Brasil. Para contar essa história, a autora relata duas festas de Ano Novo que foram marcantes para a família. Na primeira, no fim do século 19, Johan Edward Jansson conhece Brigitta, em Estocolmo. Eles se casam, mudam para o Rio de Janeiro e constroem uma casa num lugar ermo e distante do centro, chamado Ipanema. Setenta anos depois, Estela, recém-casada com o neto de Johan, presencia uma cena desastrosa para seu casamento em uma festa de Réveillon. “Nunca Houve um Castelo” explora como esses dois eventos definiram a trajetória dos Jansson ao longo de 110 anos. É uma comovente saga familiar sobre escolhas, arrependimentos e as mudanças imperceptíveis do tempo.