Segundo o dicionário online do Google, pseudônimo é “um nome adotado por autor ou responsável por uma obra (literário ou de qualquer outra natureza), que não usa o seu nome civil verdadeiro ou o seu nome consuetudinário, por modéstia ou conveniência ocasional ou permanente, com ou sem real e encobrimento de sua pessoa”. Boa definição, mas algumas perguntas ficam no ar: os papas usam pseudônimo? Quando atendemos telefonemas fingindo que somos outras pessoas estamos usando pseudônimos? Apelidos são pseudônimos? Quando alguém pública um livro escritor por um ghost-writer, o ghost-writer está usado o nome do cliente como pseudônimo? A Revista Bula não pretende responder essas questões, mas em compensação trouxe uma lista divertida com dez autores que usaram pseudônimos.
É oficialmente reconhecido pela Constituinte que Chico Buarque é a melhor pessoa do Brasil. Apenas Caetano Veloso discorda, uma vez que coloca Chico Buarque em segundo lugar, logo depois de si mesmo. Durante o Regime Militar, Chico Buarque usou o pseudônimo de Julinho da Adelaide para driblar a censura dos militares burros. Todo mundo sabia, mas mesmo assim funcionava. As imagens das atuações futebolísticas de Chico Buarque por seu time Polytheama atestam que o grande compositor não é exatamente um grande driblador, mas que é sempre uma honra ser driblado por ele.
Cansada de ser rica, famosa e queridinha da crítica Nutella em função da série infanto-juvenil “Harry Potter”, J. K. Rowling resolveu provar seu talento literário lançando o romance “O Chamado do Cuco” usando o pseudônimo Robert Galbraith. Ninguém deu muita atenção até que começou a circular a fofoca de que o tal Robert Galbraith era na verdade a rica, famosa e queridinha da crítica Nutella J. K. Rowling. De repente, em um passe de mágica, o ignorado Robert Galbraith tornou-se um grande autor.
O nome verdadeiro de George Orwell era Eric Arthur Blair. A regra pós-revolução dos bichos é que nenhum autor deve esconder sua identidade do povo, mas alguns pseudônimos são mais verdadeiros do que outros. Afinal, dois mais dois é igual a cinco e 1984 já passou.
Quando queria tratar de temas polêmicos em suas crônicas, Machado de Assis usava pseudônimos como João das Regras, Doutor Semana e Platão. Outros tempos. Se fosse hoje seria acusado de ser um “defecador” de regras, de exercer a medicina ilegalmente e de alegar ser um filósofo sem ter diploma de filosofia.
Sim, eu sei, heterônimos não são pseudônimos. Mas tente explicar isso para os caçadores profissionais de Fake News. Quem inventou esse tal de Ricardo Reis só pode ser um monarquista revanchista. Esse Álvaro quer invadir os Campos de quem? Para piorar a situação, Fernando Pessoa ainda era astrólogo. É muita Pessoa para pouco Fernando!
O machão reacionário Nelson Rodrigues usou o pseudônimo Suzana Flag para assinar quatro folhetins que escreveu entre 1944 e 1947, provando o quando era machista e reacionário. Ainda dá tempo de cancelar o Nelson?
O nome verdadeiro de George Eliot era Mary Ann Evans. A escritora britânica produziu um dos maiores livros de todos os tempos: “Middlemarch, Um Estudo da Vida Provinciana”. Por que assinava com um pseudônimo masculino? Alguns dizem que era uma estratégia para que seus livros fossem levados a sério, escapando do estereótipo de que mulheres só escreviam histórias românticas e leves. As irmãs Brontë teriam feito o mesmo. Outras versões atentam que era uma forma preservar seu relacionamento com um homem casado. Minha opinião? Acho que devemos parar com mexericos provincianos.
Quando os diretores de Hollywood ficavam insatisfeitos com o produto final de seu trabalho ou não conseguiu exercer controle criativo na produção costumavam retirar seus nomes dos créditos e assinavam com o pseudônimo Alan Smithee. O costume começou em 1968 e foi formalmente interrompido em 2000. Entre muitos outros, David Lynch utilizou o recurso na versão estendida de sua adaptação cinematográfica do clássico de ficção científica “Duna”. Se David Lynch usou, o mais provável é que ninguém entendeu nada, mas mesmo assim todos aplaudiram.
Elena Ferrante, autora da “Dias de Abandono” e “A Amiga Genial”, é o pseudônimo de um colunista da Revista Bula. Essa informação foi levantada nas recentes investigações sobre Fake News realizadas no país. Foram encontrados nos computadores da Revista Bula arquivos com os manuscritos originais dos livros de Elena Ferrante, todos compostos em javanês e traduzidos para o italiano por uma versão do Google Tradutor usado pela Nasa. Também foram encontrados alguns nudes.
Elena Ferrante não sou eu. Só falo na presença de meu advogado.