Talvez muitos só tenham ouvido falar de livros eróticos há poucos anos, com o sucesso da série “50 Tons de Cinza”, de E. L. James. Mas, a verdade é que o prazer sexual sempre esteve presente, mesmo que nas entrelinhas, na história da literatura. Grandes clássicos da Idade Média, como “Decamerão”, de Giovanni Boccaccio, apresentam trechos sensuais. Embora escrever sobre sexo seja difícil e muitos autores tenham manchado suas carreiras nesta tentativa, outros conseguiram fazê-lo com êxito. Para os que apreciam o gênero, a Revista Bula reuniu em uma lista dez ótimas indicações. Entre os escolhidos, estão “A Casa dos Budas Ditosos” (1999), do brasileiro João Ubaldo Ribeiro; e “Medo de Voar” (1973), de Erica Jong. As sinopses foram adaptadas das originais, divulgadas pelas editoras.
Considerado o maior clássico erótico da França, esta obra do século 18 é uma das chamadas “filosóficas”, publicações não-autorizadas que eram distribuídas por contrabando, mas atraíam um grande público de leitores. Lançado por volta de 1748, conta a história da jovem Teresa, desde sua infância até a descoberta sexual. Escrito em primeira pessoa, em forma de carta, reúne as experiências de Teresa, que se dividia entre o rigor religioso e o prazer erótico, e suas discussões filosóficas sobre sexo e pecado. A autoria do livro, secreta, hoje é atribuída ao senhor Jean Baptiste de Boyer, o marquês d’Argens, nascido em 1704 e morto em 1771, um pouco antes da Revolução Francesa
Primeira obra de Henry Miller, “Trópico de Câncer” foi aclamado como parte da revolução sexual e se tornou um dos grandes clássicos da literatura. Publicado originalmente em 1934, foi tachado como pornográfico e imediatamente proibido em todos os países de língua inglesa, sendo liberado apenas nos anos 1960. Narrado em primeira pessoa, narra as experiências do norte-americano Henry Miller que, como tantos outros escritores, emigrou para Paris na década de 1920. Miller experimentou na capital francesa tudo o que há de bom e ruim da condição de exilado voluntário: o desenraizamento, a liberdade, o desespero, a vida anárquica e boêmia, e a falta de dinheiro.
Isadora Wing é uma escritora nova-iorquina casada pela segunda vez. Aos 29 anos, ela acaba de publicar um livro de poesias eróticas e se torna uma grande sensação. Isadora é uma mulher sonhadora, mas insegura, que costuma ir atrás de psiquiatras para tentar resolver seus problemas. A escritora viaja para Viena para acompanhar o marido, Bennet, em um congresso de psicanálise. Lá, ela se envolve com um outro psicanalista participante do evento, Adrian Goodlove. Isadora sente que Adrian lhe oferece tudo o que ela deseja, mas não encontra em seu casamento: paixão, desejo, excitação e perigo. Assim, ela começa a trair Bennet. Durante os encontros, Isabela relata para Adrian os excêntricos relacionamentos afetivos que já viveu.
Tirado dos diários de Anaïs Nin (1903-1977), “Henry & June” é um relato íntimo do florescer sexual da autora. Cobre um só ano — dos últimos meses de 1931 ao final de 1932 — da vida de Anaïs em Paris, período em que ela conheceu o escritor americano Henry Miller e sua bela mulher, June. Anaïs Nin apaixonou-se pela beleza de June e pela escrita de Miller; logo iniciou com ele um caso que a libertou sexual e moralmente, mas destruiu seu casamento com o banqueiro Hugo e a levou à psicanálise. Apesar de todo o novo mundo do sexo que lhe fora desvendado, Anaïs não conseguia tirar da cabeça a presença feminina de June. Considerado o melhor livro de Anaïs Nin, “Henry e June” foi publicado após sua morte.
Sayuri é uma das gueixas mais famosas de Gion, o principal distrito dessa arte milenar em Kioto. Com um olhar, ela é capaz de seduzir. Com uma dança, ela deixa os homens a seus pés. O que ninguém sabe é que ela esconde um passado de perdas e desilusões. Neste livro, acompanhamos sua transformação quando ela deixa o vilarejo pobre e aprende a rigorosa arte de ser uma gueixa: dança e música, quimonos e maquiagens; como sobreviver num mundo onde o que conta são as aparências, onde a virgindade de uma menina é leiloada e o amor é considerado uma ilusão. Já idosa, ela narra suas memórias com a sabedoria de quem teve uma vida longa e o lirismo de quem soube encontrar nela seu lado mais doce.
“A Casa dos Budas Ditosos” é o quarto volume de uma série chamada Plenos Pecados, em que cada título era dedicado a um pecado capital. Dedicado à luxúria, o livro traz a história de CLB, uma mulher de 68 anos, nascida na Bahia e residente no Rio de Janeiro, que jamais se furtou a viver — com todo o prazer e sem culpa — as infinitas possibilidades do sexo. Com franqueza e humor corrosivo, ela relata suas experiências sexuais, deixando o leitor sem saber se suas memórias são verídicas ou se tudo não passa de brincadeiras do autor. Um romance chocante e provocador, que não por acaso João Ubaldo Ribeiro dedicou às mulheres.
No início do século 20, Luis Bernardo Valença, conhecido intelectual português, é convidado pelo rei D. Carlos a executar uma missão complicada, que implica em uma abrupta mudança em sua vida: assumir o papel de governador de São Tomé e Príncipe, na África. Mais de um século depois de abolida a escravidão em Portugal, ainda restam dúvidas se de fato os trabalhadores das ilhas são assalariados. Ao se deparar com uma realidade totalmente alheia, Luis percebe que só a sua inteligência não será suficiente para resolver os problemas locais. E, quando ele é tomado por uma paixão proibida e incontornável, tudo se torna ainda mais confuso e envolvente.
Janice, filha de um casal de imigrantes na Nova York da década de 1930, acredita que nunca viverá um grande amor. Então, ela se casa com Sam Fink, um militante de esquerda, mas se decepciona com o puritanismo do marido, que parece não a enxergar. Enquanto o marido está lutando na 2ª Guerra Mundial, ela vive uma aventura amorosa com um professor polonês refugiado na cidade. Quando Sam retorna, Janice se separa e finalmente encontra alguém que corresponde aos seus desejos. Ela conhece um músico clássico cego e se casa com ele. Janice é vista como o alter ego feminino de Arthur Miller. Após três casamentos, um deles com Marilyn Monroe, pode-se dizer que o autor conseguia descrever os desejos de uma mulher.
Habibi se passa nos dias atuais, em uma “paisagem oriental” fictícia, chamada Wanatolia. Conta a história de dois escravos fugitivos, Dodola e Zam. Após ter sido entregue para se casar, com apenas 12 anos Dodola é raptada por ladrões que desejam vendê-la como escrava. No cativeiro, ela salva um pequeno garoto, chamado Zam, por quem desenvolve um amor maternal. Os dois conseguem fugir e crescem juntos no deserto, sozinhos em um navio naufragado na areia. Em meio a sentimentos cada vez mais conflitantes, Dodola passa o tempo contando a Zam histórias do islamismo. Para garantir a sobrevivência dos dois, ela se prostitui com viajantes que passam pelo deserto.
O livro se passa na Itália, no início do século 20. Uma jovem chega à mansão do noivo, a quem foi prometida, e é imediatamente acolhida por sua nobre família. Na espera do amado, que está na Inglaterra, ela é invadida pela excentricidade das pessoas e do lugar. Todos os dias, na mesma hora da manhã, o leal mordomo põe à mesa um extravagante desjejum, que dura até as três da tarde. Na casa, onde o tempo parece não passar, ninguém dorme. A jovem, sempre inquieta e curiosa, começa a ser apresentada aos segredos da misteriosa família. Como o noivo demora a voltar, a jovem mulher é levada a intrigante jogo de sedução com outros moradores da casa.