A pandemia da Covid-19 tem modificado a rotina das pessoas e criado novos hábitos em todo o mundo. Mesmo com as livrarias e bibliotecas fechadas, movimentos em favor da leitura estão crescendo nas redes sociais, mostrando os livros como companheiros ideais durante a quarentena. Como a procura tem sido maior, a Bula reuniu em uma lista os dez livros mais vendidos pela Amazon nesse período de isolamento. Tratam-se das obras adquiridas por meio das indicações da Revista Bula. Composta por grandes clássicos, a seleção abrange títulos como “Admirável Mundo Novo” (1932), de Aldous Huxley; e “A Peste” (1947), de Albert Camus.
Último livro de George Orwell, “1984” é um dos romances mais influentes do século 20. A história gira em torno de Winston, um homem que vive aprisionado em uma sociedade completamente dominada pelo Estado, representado pelo Partido e pelo líder Grande Irmão. O Partido se interessa unicamente pelo poder e reprime qualquer tipo de liberdade de expressão. Winston trabalha com a falsificação de registros históricos do governo, mas não está satisfeito com a realidade, que se disfarça de democracia, e ousa questionar a opressão que o Grande Irmão exerce sobre a sociedade. Para escrever essa obra, o britânico Orwell se inspirou nos regimes totalitários das décadas de 1930 e 40, mas suas críticas e reflexões permanecem atuais. Ele morreu em 1950.
Um motorista parado no sinal se descobre subitamente cego. É o primeiro caso de uma “treva branca” que logo se espalha após as pessoas irem socorrê-lo. Uma cegueira, branca, como um mar de leite e jamais conhecida, torna-se uma epidemia. O governo decide agir e as pessoas infectadas são colocadas em uma quarentena com recursos limitados. Logo, os cegos se percebem reduzidos à essência primitiva humana, numa verdadeira luta por sobrevivência. As medidas do governo não funcionam e depressa o mundo se torna cego, com exceção de uma mulher misteriosa, que enxerga sozinha os horrores causados pela pandemia.
Em certa manhã, na cidade de Orã, na Argélia, o doutor Bernard Rieux sai do seu consultório e tropeça em um rato morto. Esse é o primeiro sinal de uma terrível epidemia que assombra a população. Sujeita à quarentena, a cidade torna-se um ambiente inóspito e os moradores são levados à loucura por causa do sofrimento. Mas, no meio disso, eles também descobrem o valor da compaixão e da solidariedade em tempos sombrios. “A Peste”, um dos livros mais lidos no período pós-guerra, consagrou Albert Camus como um dos autores fundamentais do século 20. Ele, que recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1957, morreu em 1960, em um acidente de carro.
A história se passa em Gileade, um Estado teocrático e totalitário, localizado onde um dia existiu os Estados Unidos. Esse novo governo foi criado por um grupo fundamentalista autointitulado “Filhos de Jacó”, com o objetivo de “restaurar a ordem”. Anuladas por uma opressão sem precedentes, as mulheres não têm direitos e são divididas em categorias: esposas, marthas, salvadoras e aias. As aias pertencem ao governo e existem unicamente para procriar. Entre elas, está June, nomeada Offred, que é afastada de sua família para servir a um comandante. Apesar de ser designada para dar um filho ao seu chefe, Offred se envolve amorosamente com Nick, o motorista da família, e compartilha segredos de seu passado com ele.
O romance é ambientado em um futuro distópico, no qual as pessoas são pré-condicionadas biologicamente e condicionadas psicologicamente a viverem em harmonia, mantendo a ordem e a moral, em uma sociedade organizada por castas. Literatura, música e cinema só têm a função de solidificar o espírito de conformidade. A ciência domina e a simples menção às antiquadas palavras “pai”, “mãe” ou “Deus” produzem repugnância. Bernard Marx, insatisfeito com o sistema, descobre que existe uma reserva natural, onde ainda vivem homens que mantêm os costumes primitivos. Ele decide viajar para este lugar e tenta levar um exemplar dos “selvagens” para a sociedade científica e civilizada.
“O Amor nos Tempos do Cólera” narra a paixão do telegrafista, violinista e poeta Florentino Ariza por Fermina Daza. Ainda muito jovem, Florentino se apaixona por Fermina, mas o romance enfrenta a oposição do pai da moça, que tenta impedir o casamento enviando a filha ao interior numa viagem de um ano. Tudo isso ocorre enquanto a Colômbia enfrenta uma epidemia devastadora de cólera. Fermina acaba por se casar com Juvenal Urbino, médico conceituado por erradicar a doença. Inesperadamente, após 53 anos da separação, ela reencontra Fermino. A trama é inspirada na história real de amor vivida por Gabriel Elígio García e Luiza Márquez, pais do autor.
Escrito após o término da Segunda Guerra Mundial, em 1953, “Fahrenheit 451” condena não só a opressão anti-intelectual nazista, mas principalmente o autoritarismo do mundo pós-guerra. O livro descreve um governo totalitário, num futuro incerto, que proíbe qualquer tipo de leitura, prevendo que o povo possa ficar instruído e se rebelar contra o status quo. Tudo é controlado e as pessoas só têm conhecimento dos fatos por aparelhos de TVs instalados em suas casas ou em praças ao ar livre. Nesse contexto, Guy Montag, um bombeiro que trabalha queimando livros, se encontra descontente com seu emprego e com o governo. Então, ele tenta mudar a sociedade e encontrar uma maneira de viver feliz.
Uma fábula sobre o poder, “A Revolução dos Bichos” narra a insurreição dos animais de uma granja contra seus donos. Sob o comando dos porcos Napoleão e Bola-de-Neve, os bichos expulsam os proprietários da terra e criam suas próprias regras. Mas, os dois porcos começam a competir entre si, Bola-de-Neve é enxotado do território e Napoleão é declarado líder por unanimidade. Com o tempo, o porco governante se torna autoritário, assemelha-se cada vez mais aos humanos e submete os animais a condições de trabalho degradantes. Escrita em plena Segunda Guerra Mundial, essa pequena narrativa causou desconforto ao satirizar a ditadura stalinista numa época em que os soviéticos eram aliados do Ocidente na luta contra o nazifascismo.
Emil Sinclair é um jovem criado por pais religiosos. Apesar do amor que sente pela família, Sinclair já não quer levar a vida da mesma maneira que seus pais. Atormentado pela falta de respostas às suas questões sobre a vida, ele faz amizade com Max Demian, um colega de classe precoce e carismático, que o ajuda em sua busca por conhecimento. Demian defende que o ser humano deve celebrar não apenas seu lado bom, mas também instintos perversos. Influenciado pelo novo amigo, Sinclair começa a descobrir os prazeres da adolescência. Hermann Hesse ganhou o Nobel de Literatura em 1946. Após a eclosão do movimento de contracultura, na década de 1960, ele se tornou o autor europeu mais lido e traduzido do século 20.
Uma das obras-primas de Gabriel García Márquez, o livro narra a fantástica e triste história da família Buendía, que vive na pequena e fictícia Macondo, ao longo de um período de 100 anos. A trama acompanha as diversas gerações da família, assim como a ascensão e a queda do vilarejo em que vivem. Os Buendía nascem e morrem, vão embora ou permanecem na aldeia até seus últimos dias. O que todos possuem em comum é a luta contra a realidade e a solidão que sentem, mesmo vivendo em meio a muitos. O livro é considerado a obra que consagrou Gabriel García Márquez como um dos maiores autores do século 20.