Como as pessoas leem cada vez menos atualmente, é normal escutar que é “melhor ler qualquer coisa do que não ler nada”. Mas, para que a leitura seja transformadora, o mais indicado é se dedicar às obras que marcaram a história da literatura. A Revista Bula realizou uma enquete para descobrir quais são, segundo os leitores, os livros obrigatórios para se ler durante a vida. A consulta foi feita a colaboradores, assinantes — a partir da newsletter —, e seguidores da página da revista no Facebook e no Twitter. Os 15 mais votados foram reunidos com suas respectivas sinopses, que foram adaptadas das originais, divulgadas pelas editoras. Os títulos estão organizados de acordo com o ano de lançamento: do mais recente para o mais antigo.
Com base nos acontecimentos históricos ocorridos na fronteira entre os EUA e o México no século 19, Cormac McCarthy reinventa a mitologia do Oeste americano. A história acompanha um garoto sem nome, conhecido apenas como “kid”, que é forçado a deixar o lar ainda na infância. Para sobreviver, ele ingressa na gangue brutal do capitão John Glanton, uma companhia de mercenários que, a mando dos governantes locais, atravessa o deserto com a missão de matar o maior número possível de índios e trazer de volta seus escalpos. Glanton é acompanhado pelo juiz Holden, um personagem sem escrúpulos que nunca dorme e anota em um caderno todas as suas observações cruéis.
A obra mais importante de Gabriel García Márquez, o livro narra a fantástica e triste história da família Buendía, que vive na pequena e fictícia Macondo, ao longo de um período de 100 anos. A trama acompanha as diversas gerações da família, assim como a ascensão e a queda do vilarejo em que vivem. Os Buendía nascem e morrem, vão embora ou permanecem na aldeia até seus últimos dias. O que todos possuem em comum é a luta contra a realidade e a solidão que sentem, mesmo vivendo em meio a muitos. “Cem Anos de Solidão” consagrou Gabriel García Márquez como um dos maiores autores do século 20.
Nesta obra, o autor utiliza da linguagem própria do sertão para que Riobaldo, o protagonista-narrador, conte sua vida. Riobaldo, um jagunço, fala sobre suas histórias de vingança, lutas, perseguições, medos, amores e dúvidas pelos sertões. A narração é sempre interrompida por momentos de reflexão sobre os acontecimentos do sertão e Riobaldo divaga constantemente sobre a existência do diabo, já que acredita ter vendido sua alma a ele. Além disso, o narrador conta sobre Diadorim, outro jagunço com quem estabelece uma relação diferenciada, que se coloca nos limites entre a amizade e o relacionamento afetivo de um casal.
“Lolita” é um dos mais importantes romances do século 20. Polêmico e irônico, ele narra o amor obsessivo de Humbert Humbert, um cínico intelectual de meia-idade, por Dolores Haze, Lolita, de 12 anos. Humbert se casa com a mãe de Lolita e, após a morte da esposa, começa a se relacionar com a garota. Para evitar que Lolita fuja, ele alega que ela será enviada para um orfanato se o deixar. Humbert também manipula a garota com dinheiro e presentes, em troca de favores sexuais. Nabokov compôs a maior parte do manuscrito — que ele mesmo chamou de “bomba-relógio” — entre 1950 e 1953. Nos dois anos seguintes, ouviu recusas de várias editoras. O livro foi publicado apenas em 1955.
O livro acompanha um fim de semana da vida de Holden Caulfield, um jovem de 17 anos, estudante de um respeitado internato para rapazes, o Colégio Pencey. Ele é expulso da escola depois de tirar notas ruins, e precisa voltar mais cedo para casa no inverno. Durante o caminho de volta, o rapaz busca adiar ao máximo o encontro com os pais, fazendo uma viagem reflexiva sobre sua existência, a partir de sua peculiar visão de mundo. Antes de enfrentar os pais, ele se encontra com algumas pessoas importantes na sua vida e, junto a elas, reflete sobre as hesitações que se passam em sua mente.
“O Estrangeiro” é a obra de ficção mais aclamada de Albert Camus e conta a história de Meursault, que vive na Argélia durante a colonização francesa. Ele recebe um telegrama comunicando a morte de sua mãe e comparece ao enterro, mas não demonstra nenhum tipo de emoção. Em uma briga com o irmão de uma de suas amantes, Meursault, delirando, acaba matando o homem a tiros. Durante o julgamento, o assassinato parece ficar em segundo plano, já que a acusação se concentra no fato de que Meursault não conseguiu chorar no velório da mãe. Ou seja, se ele é incapaz de sentir remorso, é um misantropo perigoso e pode cometer outros crimes.
Harry Haller acredita que sua integridade depende da vida solitária que leva em meio às palavras de Goethe e as partituras de Mozart: um intelectual próximo aos 50 anos, tentando equilibrar-se à beira do abismo dos problemas sociais e individuais, ante os quais a sua personalidade se torna cada vez mais ambivalente. Haller sente um permanente mal-estar, cuja fonte é sua inadequação à sociedade e à vida burguesa. Ele aluga um quarto na casa de uma senhora, onde pretende se isolar e se matar quando fizer 50 anos. Mas, ao conhecer Hermínia, Maria e Pablo; Haller embarca em uma viagem de autoconhecimento que pode levá-lo à redenção.
O agrimensor K. chega a uma aldeia coberta de neve e procura abrigo num albergue perto da ponte. Ele foi chamado para prestar seus serviços num castelo ali perto. No dia seguinte o herói vê, no pico da colina gelada, o castelo: como um aviso sinistro, bandos de gralhas circulam em torno da torre. No entanto, K. nunca consegue chegar até o alto, os donos do poder não permitem que o faça. Em vez disso, o suposto agrimensor recorre aos moradores da vila, para que o ajudem a entrar em contato com os funcionários do castelo. Enquanto espera, ele aceita trabalhar na aldeia, imerso em um ambiente de indiferença, burocracias e dificuldades.
Em “A Época da Inocência”, Wharton tenta compreender os valores que guiaram a sociedade norte-americana até a Primeira Guerra Mundial. Na velha Nova York no fim do século 19, vive o abastado advogado Newland Archer. Prestes a se casar com a inocente May Welland, uma jovem da aristocracia local, ele conhece a prima de sua noiva, a condessa Olenska, que retorna da Europa após divorciar-se do marido. Apaixonado por Olenska e exasperado pelas restrições do mundo a que pertence, Archer vaga em busca da verdadeira felicidade ao mesmo tempo que procura amadurecer, imerso nas tradições que se vê obrigado a seguir.
Publicado originalmente em forma de fascículos, entre 1875 e 1877, a obra conta a história de Anna Kariênina, uma aristocrata da Rússia Czarista que aparentemente tem uma vida perfeita, com riqueza, um casamento estável, popularidade e um filho amado. Mas, em seu interior, ela se sente extremamente vazia. Isso muda quando ela conhece o impetuoso oficial Conde Vronsky, com quem inicia um caso extraconjugal. Vronsky afirma que se casará com ela assim que ela se divorciar do marido, Alexey Karenin, mas Anna é vulnerável às pressões da sociedade. Ao mesmo tempo, ela teme que Vronsky se relacione com outra mulher e se torna cada vez mais possessiva e paranoica.
O livro retrata a vida de Rodión Románovitch Raskólnikov, um estudante de direito que vive em um cubículo em São Petersburgo. O jovem ganha dinheiro fazendo pequenas traduções, mas vive à beira da miséria e não consegue honrar seus compromissos básicos, como o aluguel. Desesperado por dinheiro, ele planeja matar velha Aliena Ivánovna, uma agiota. Ele tenta justificar seu ato por meio de uma teoria: se grandes homens, como César ou Napoleão, foram assassinos absolvidos pela História, por que ele não seria? Quando a polícia resolve investigar o crime, Raskólnikov se sente perturbado ao ser interrogado pelo juiz Porfiri Pietróvitch.
Jane Eyre, uma garota órfã e rebelde, vive na mansão de Gateshead Hall, sob os cuidados de uma tia. Após um confronto com sua tutora, ela é enviada para a escola Lowood, onde recebe uma rigorosa educação, tornando-se uma mulher madura e independente. Formada e depois de ter trabalhado como professora por dois anos em Lowood, ela aceita o emprego de tutora de Adèle, na casa de Thornfield Hall. Aos poucos, ela começa a se aproximar de seu patrão, o sr. Edward Rochester, e se apaixona por ele. Jane sente que finalmente encontrou a felicidade, mas Rochester esconde segredos que podem separá-los para sempre.
O patriarca da família Earnshaw, dono na fazenda Morro dos Ventos Uivantes, faz uma viagem e, ao retornar, traz consigo um pequeno órfão, que recebe o nome de Heathcliff. O filho legítimo do sr. Earnshaw, Hindley, fica enciumado e submete o irmão adotado a várias humilhações. Já sua irmã, Catherine, se torna uma grande amiga de Heathcliff e os dois se apaixonam com o passar do tempo. Apesar desse amor, Catherine decide se casar com Edgar Linton, que possui melhores condições financeiras. Então, Heatchcliff deixa o Morro dos Ventos Uivantes e retorna anos depois, rico e disposto a se vingar de todos que o humilharam, mas ainda apaixonado por Catherine.
O livro narra a história do engenhoso fidalgo Dom Quixote e de seu fiel escudeiro Sancho Pança em três incursões pelas terras da Mancha, região de Aragão e da Catalunha, na Espanha. Dom Quixote adora ler histórias de cavalaria e, de tão influenciado por elas, enlouquece e sai em busca de aventuras memoráveis, tentando imitar seus heróis favoritos e levando consigo Sancho Pança, que tem uma visão mais realista dos fatos. O clássico de Miguel de Cervantes é considerado o expoente máximo da literatura espanhola e, em 2002, foi eleito por uma comissão de escritores de 54 países o melhor livro de ficção de todos os tempos.
O Rei Hamlet de Dinamarca acaba de morrer, deixando seu filho, o Príncipe Hamlet, e a viúva Rainha Gertrudes. O irmão do Rei, Cláudio, logo se casa com Gertrudes, assumindo o trono. Certa noite, um fantasma aparece ao príncipe, alegando ser seu pai, e revela que foi morto por Cláudio, que o envenenou. O Príncipe Hamlet passa dias perturbado e recluso, sem saber se deve acreditar no espírito, até que descobre como saber a verdade. Ele monta uma peça de teatro encenando a morte do pai e convida toda a corte para assistir ao espetáculo. Ao ver a reação de Cláudio, que se levanta cambaleante após a cena do assassinato, Hamlet se convence de que o tio é culpado e decide se vingar.