A segunda língua nativa mais falada no mundo, atrás apenas do chinês, o espanhol é o idioma oficial de 22 países e está presente nos continentes americano, europeu e africano. Na literatura, alguns dos maiores e mais celebrados autores do mundo escreviam originalmente em espanhol. Entre eles, o colombiano Gabriel García Márquez e o espanhol Miguel de Cervantes. Com base nas pontuações e críticas deixadas pelos seus usuários, a rede de leitura online Alibrate fez um ranking com os dez livros da língua espanhola mais lidos. A Bula reuniu em uma lista as obras citadas, juntamente com suas sinopses, que foram adaptadas das oficiais, divulgadas pelas editoras.
A obra mais importante de Gabriel García Márquez, o livro narra a fantástica e triste história da família Buendía, que vive na pequena e fictícia Macondo, ao longo de um período de 100 anos. A trama acompanha as diversas gerações da família, assim como a ascensão e a queda do vilarejo em que vivem. Os Buendía nascem e morrem, vão embora ou permanecem na aldeia até seus últimos dias. O que todos possuem em comum é a luta contra a realidade e a solidão que sentem, mesmo vivendo em meio a muitos. “Cem Anos de Solidão” consagrou Gabriel García Márquez como um dos maiores autores do século 20.
A obra conta a história do assassinato de Santiago Nasar. Acusado por Ângela Vicário de tê-la desonrado, ele é perseguido pelos irmãos da moça, os gêmeos Pedro e Pablo. Desde a primeira linha da história, a morte de Santiago está anunciada. Toda a comunidade sabe do iminente assassinato movido por vingança, mas nada nem ninguém pode salvá-lo de seu trágico fim. Gabriel García Márquez monta um quebra-cabeça com a superposição de versões do último dia do jovem, a partir do ponto de vista de diferentes testemunhas, utilizando o rigor jornalístico nesta construção.
“O Amor nos Tempos do Cólera” narra a paixão do telegrafista, violinista e poeta Florentino Ariza por Fermina Daza. Ainda muito jovem, Florentino se apaixona por Fermina, mas o romance enfrenta a oposição do pai da moça, que tenta impedir o casamento enviando a filha ao interior numa viagem de um ano. Para manter seu amor, Gabriel monta, com a ajuda de outros amigos telegrafistas, uma rede de comunicação para alcançar Luiza onde ela estiver. Mesmo assim, eles ficam separados por 53 anos. A trama é inspirada na história real de amor vivida por Gabriel Elígio Garciá e Luiza Márquez, pais do autor.
O livro narra a história do engenhoso fidalgo Dom Quixote e de seu fiel escudeiro Sancho Pança em três incursões pelas terras da Mancha, região de Aragão e da Catalunha, na Espanha. Dom Quixote adora ler histórias de cavalaria e, de tão influenciado por elas, enlouquece e sai em busca de aventuras memoráveis, tentando imitar seus heróis favoritos e levando consigo Sancho Pança, que tem uma visão mais realista dos fatos. O clássico de Miguel de Cervantes é considerado o expoente máximo da literatura espanhola e, em 2002, foi eleito por uma comissão de escritores de 54 países o melhor livro de ficção de todos os tempos.
O romance conta a saga da turbulenta e numerosa família Trueba, cujo patriarca é o latifundiário e senador chileno Esteban Trueba, um homem volátil e orgulhoso. Clara, a matriarca, é uma mulher clarividente, que prevê a tragédia da família. Bianca, a filha, é rebelde e se apaixona pelo filho do capataz, dando à luz Alba, a neta amada de Esteban. As paixões, lutas e segredos da família Trueba abrangem três gerações e um século de transformações violentas do Chile. “A Casa dos Espíritos” foi um divisor de águas na literatura hispânica, pois, até a publicação do livro, em 1982, nenhuma escritora havia conquistado tamanho sucesso editorial.
A trama é iniciada com a confissão de um assassinato. O artista plástico Juan Pablo Castel revela ter matado María Iribarne, mulher por quem cultivava uma estranha obsessão, a única que fora capaz de compreender um quadro seu. “Existiu uma pessoa que poderia entender-me; mas foi precisamente essa pessoa que matei”, diz Juan Pablo. Em primeira pessoa, ele conta todos os acontecimentos que antecederam o crime. “O Túnel” foi escrito, segundo o autor, “a partir de uma subjetividade total”. Em 1953, Sabato comentou: “Enquanto eu escrevia esse romance, muitas vezes me detinha, perplexo, para avaliar o que estava saindo, tão diferente do que havia previsto”.
Primeiro livro celebrado do poeta Pablo Neruda, a obra cruza o erotismo da poesia que celebra o corpo da mulher, com o fascínio que Neruda tinha pela natureza. Mesmo tendo sido publicado quando o autor tinha apenas 20 anos, tornou Neruda o escritor chileno mais conhecido em todo o mundo. Em 1965, lhe foi outorgado o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Oxford, no Reino Unido. Em 1971, ele recebeu o Nobel da Literatura. Neruda publicou mais de 30 obras e morreu em 1973. A versão oficial diz que ele foi vítima de câncer de próstata, mas amigos próximos afirmam que ele foi assassinado.
Em Barcelona, no ano de 1945, Daniel Sempere acorda triste na noite de seu aniversário de 11 anos. Para consolá-lo, o pai leva o menino pela primeira vez ao Cemitério dos Livros Esquecidos. É lá que Daniel descobre A Sombra do Vento, romance escrito por Julián Carax, que logo se torna seu autor favorito. Mas, quando começa a buscar outras obras, Daniel descobre que alguém anda destruindo sistematicamente todos os exemplares de todos os escritos de Carax, e que o que tem nas mãos pode ser o último volume sobrevivente. Junto com seu amigo Fermín, Daniel percorre a cidade, tentando desvendar o mistério dos livros.
Considerado um marco do século 20, “O Jogo da Amarelinha” conta a história de amor entre um intelectual argentino no exílio, Horácio Oliveira, e uma misteriosa uruguaia, a Maga, em Paris. Tentando transgredir as regras do romance, Julio Cortázar criou um antirromance surrealista, em que elementos como colagens, arte pop, gírias urbanas e músicas populares se misturam. “A verdade, a triste ou bela verdade, é que cada vez gosto menos de romances, da arte romanesca tal como é praticada nestes tempos. O que estou escrevendo agora será algo assim como um antirromance, uma tentativa de romper os moldes nos quais esse gênero está petrificado”, disse o autor sobre a obra.
“O Aleph” é considerado pela crítica um dos pontos culminantes da ficção de Borges. Em sua maioria, “as peças deste livro correspondem ao gênero fantástico”, esclarece o autor no epílogo da obra. Em seus 17 contos, Borges aborda pontos paradoxais, como a imortalidade, o duplo, a eternidade, o tempo e crenças, submetendo o leitor a um labirinto de reflexões. O livro se abre com “O imortal”, no qual mostra-se a típica descoberta de um manuscrito que relata as agruras da imortalidade; e se fecha com “O Aleph” (ideia de um ponto que congrega todo o universo), para o qual Borges deu a seguinte “explicação”, em 1970: “O que a eternidade é para o tempo, o aleph é para o espaço”.