Se você é o tipo de pessoa que termina uma viagem e já começa a planejar a próxima, provavelmente é um portador do gene “wanderlust” ou DRD4-7R, presente em cerca de 20% da população mundial. Nos últimos anos, pesquisadores descobriram que esse gene está ligado à inquietude e ao desejo constante de se conhecer novos lugares. O nome dado a essa condição é Síndrome PPP — Permanent Passport in Pocket (passaporte permanente no bolso).
O DRD4 é um receptor de dopamina, um neurotransmissor que atua no controle do prazer e ativa outras substâncias, como a adrenalina, o hormônio da sensação de frio na barriga. O DRD4-7R, apelidado como “wanderlust”, foi descoberto como uma variação (alelo) do DRD4. Segundo os estudos apontam, pessoas que possuem esse gene são menos sensíveis à dopamina e buscam experiências mais intensas para liberar o neurotransmissor.
O apelido “wanderlust” veio do alemão e expressa a “vontade de viajar” incessante. Além do ímpeto de fazer as malas, o DRD4-7R também está ligado a outros hábitos impulsivos, como a propensão a mudar de emprego, compras excessivas e apostas. Além disso, esse alelo também está relacionado a alguns transtornos psiquiátricos, como TDAH e vícios.
O dr. Richard Paul Ebstein, professor de psicologia da Universidade de Cingapura, estuda o gene há mais de 20 anos. Para ele, é sensato afirmar que o DRD4-7R está ligado à “busca por novidades”. “Temos evidências para sugerir que a mesma variação genética responsável pela impulsividade está relacionada à predisposição de se colocar em situações arriscadas financeiramente. As pessoas que têm esse alego parecem mais sujeitas a desafios”, disse o pesquisador ao Telegraph.
Algumas pesquisas também relacionam o DRD4-7R à migração. Um estudo realizado pela Universidade da Califórnia, em 1999, apontou que o alelo 7R era mais prevalente em povos migratórios do que em comunidades estabelecidas. Investigações subsequentes dizem, inclusive, que os portadores desse gene se adaptam melhor ao estilo de vida nômade.
Por fim, o dr. Ebstein ressalta que o alelo não é o único responsável pelo estilo de vida aventureiro. “Qualquer gene contribui apenas com uma porcentagem para a personalidade de alguém”, disse ele. Afinal, infelizmente, para viajar é preciso muito mais que disposição.