29 aforismos de Paulo Francis

Publico nesta edição uma seleção de 30 frases célebres do jornalista, crítico de teatro e escritor brasileiro Paulo Francis. As frases revelam o olhar preciso e ferino de Paulo Francis sobre temas como ecologia, política, religião, literatura e cinema. Paulo Francis notabilizou-se,  no fim da década de 1950, como crítico de teatro do jornal “Diário Carioca”. Após o golpe de 1964, trabalhou no semanário “O Pasquim” e no jornal “Tribuna da Imprensa”, comentando assuntos internacionais.

Preso várias vezes e visado pela censura e pelos órgãos de repressão ligados à ditadura civil-militar, mudou-se para Nova York em 1971 e passou a atuar como correspondente de jornais, revistas e televisão. Morreu em Nova York, em 4 de fevereiro de 1997, vítima de um ataque cardíaco. A autenticidade de cada frase foi checada para não incorrer no risco das falsas atribuições em meio a profusão de textos apócrifos e equívocos relativos à autoria.

— O Brasil é um asilo de lunáticos onde os pacientes assumiram o controle.

— É preciso ter mingau na cabeça para acreditar em astrologia.

— A descoberta do clarinete por Mozart foi uma contribuição maior do que toda a África nos deu até hoje.

— Marx escrevendo sobre dinheiro é como padre falando sobre sexo.

— Quando ouço falar em ecologia, saco logo meu talão de cheques.

— A sociedade de massas é por definição o fim da civilização. Bolsões de vida inteligente sobrevivem a duras penas.

— Todo otimista é um mal-informado.

— A função da universidade é criar elites e não dar diplomas a pés-rapados.

— A ignorância é a maior multinacional do mundo.

— Intelectual não vai a praia. Intelectual bebe.

— O PT diz ter um programa operário. Mas é um programa de radicais de classe média que imaginam representar a classe operária, e não os operários, porque estes querem mesmo é se integrar à sociedade de consumo, ter empregos, boa vida. Não lhes passa pela cabeça coisas como socialismo.

— Os baianos invadiram o Rio para cantar ‘Ó, que saudades eu tenho da Bahia….’ Bem, se é por falta de adeus, PT saudações.

— O filme é uma merda, mas o diretor é genial.

— Ser da classe média é achar Godard o máximo.

— Hitler nos provou que política dá sempre errado. Tudo o que ele mais queria era acabar com o comunismo e com os judeus. No final da Guerra a União Soviética virou superpotência e os judeus conseguiram fundar Israel.

— Dizem que escrever é um processo torturante para Sarney. Sem dúvida, mas quem grita de dor é a língua portuguesa.

— A melhor propaganda anticomunista é deixar um comunista falar.

— Apenas os idiotas não se contradizem.

— Não levo ninguém a sério o bastante para odiá-lo.

— Quem não lê não pensa, e quem não pensa será para sempre um servo.

— Ignorância é o nosso grande patrimônio nacional.

— Não vi e não gostei.

— Eu gostaria de ser o fantasma do Metropolitan Museum.

— Dizem que ofendo as pessoas. É um erro. Trato as pessoas como adultas. Critico-as. É tão incomum isso na nossa imprensa que as pessoas acham que é ofensa. Crítica não é raiva. É crítica.

— A vida é muito mais variada, anárquica e imprevisível do que sonham os ideólogos.

— A alma do homem, ao contrário do que diz Oscar Wilde, não é socialista.

— Talvez o Brasil já tenha acabado e a gente não tenha se dado conta disso.

— Até paranoicos têm inimigos de verdade.

— Jornalismo é a segunda mais antiga profissão.

Carlos Willian Leite

Jornalista especializado em jornalismo cultural e enojornalismo, com foco na análise técnica de vinhos e na cobertura do mercado editorial e audiovisual, especialmente plataformas de streaming. É sócio da Eureka Comunicação, agência de gestão de crises e planejamento estratégico em redes sociais, e fundador da Bula Livros, dedicada à publicação de obras literárias contemporâneas e clássicas.