A última década foi decisiva para o cinema. Manifestações recentes, como o #MeToo, fizeram com que o público se tornasse mais consciente, cobrando responsabilidade social dos cineastas. Por isso, muitos filmes geraram polêmicas intensas. Temas como diversidade, violência extrema, embranquecimento, assédio sexual e sexualização precoce agora são abordados com cautela por Hollywood. A Revista Bula reuniu em uma lista os filmes mais polêmicos lançados entre 2010 e 2019. Entre eles, alguns se beneficiaram do marketing negativo e se tornaram sucessos de bilheteria, enquanto outros foram boicotados pelo público.
O filme conta a origem do vilão Coringa. Em 1981, ele é Arthur Fleck, um homem que sofre com problemas psicológicos e vive em Gotham, uma cidade sombria, tomada pela violência e pela desigualdade social. Após ser agredido por três executivos ricos no metrô, Arthur os mata. O assassinato inicia um movimento de revolta contra a elite em Gotham e o palhaço se torna um herói entre o povo. O filme foi criticado pelas cenas violentas. Enquando Todd Phillips defendia que elas eram necessárias, muitos críticos diziam que o filme era irresponsável e poderia incentivar atos de violência.
O filme segue 12 estranhos que misteriosamente acordam em uma cabana na floresta. Eles não sabem onde estão e nem como chegaram lá. Depois, descobrem que foram escolhidos para participar de um jogo violento criado pelas famílias nobres da elite norte-americana. Com muitas cenas de violência, o filme, que seria lançado em setembro, foi suspenso devido aos tiroteios em massa que ocorreram no Texas. Além disso, a obra foi severamente criticada pelos apoiadores de Donald Trump, que encararam a trama como um ataque pessoal.
Em 1994, Ophélie descobre que está grávida de seu amante, Tony. Ela está noiva de outro homem, o casamento se aproxima, e Tony se recusa a assumir o relacionamento. Agora, Ophélie se sente perdida entre as duas escolhas possíveis: ir a Paris e fazer um aborto ou seguir seu instinto materno e cuidar da criança sozinha. Do mesmo diretor de “Azul é a Cor Mais Quente”, o filme apresenta longas cenas de sexo não simuladas, o que chocou o público de Cannes. O enfoque dado ao corpo das atrizes também foi considerado vulgar e machista pelos críticos.
O domador de animais fantásticos Newt Scamander é recrutado pelo seu antigo professor de Hogwarts, Alvo Dumbledore, para enfrentar o terrível bruxo das trevas Gellert Grindelwald, que escapou da prisão do Congresso Mágico dos Estados Unidos. J.K. Rowling, escritora do livro que inspirou o filme, foi mundialmente atacada por permitir a escalação de Johnny Depp para viver Grindelwald. O ator, que estava sendo investigado por agressão à ex-esposa, Amber Head; teve que se ausentar dos eventos de promoção do longa.
Em 2029, a Hanka Corporation, empresa líder de tecnologia de implantes cibernéticos, constrói pela primeira vez um corpo mecânico, chamado de casulo, capaz de dar suporte ao cérebro humano. Após ter o corpo destruído em um ataque terrorista, a jovem Mira é a escolhida para testar o casulo. Scarlett Johansson protagonizou o filme. O diretor, Rupert Sanders, foi acusado de tentar “embranquecer” o elenco, já que no mangá que inspirou a trama Mira é uma mulher asiática.
Um casal vive em uma mansão no campo. Enquanto a mulher passa os dias tentando restaurar a casa, que passou por um incêndio, o marido tenta recuperar a inspiração para escrever poemas. Quando visitantes desconhecidos batem à porta, a tranquilidade do casal é abalada. Além de ser um filme cheio de metáforas e simbolismos, “Mãe!” foi criticado pela violência brutal que apresenta. Nos últimos minutos, a personagem de Jennifer Lawrence é espancada e chutada repetidamente.
Dave Skylark e Aaron Rapoport têm um programa de TV sobre celebridades chamado “Skylark Tonight”. Eles descobrem que o ditador norte-coreano Kim Jong-un é fã do show e decidem fazer uma entrevista com ele. Enquanto se preparam para viajar para Pyongyang, a CIA os recruta para assassinar Kim Jong-um. Pela imagem negativa do governante no filme, a Coréia do Norte ameaçou tomar severas medidas contra os Estados Unidos. Pouco tempo depois, os computadores da Sony Pictures foram hackeados por um grupo que o FBI acredita ter laços com o país asiático.
Após fracassar em sua última missão, o militar Brian recebe a chance de retornar à sua terra natal, Havaí, para recomeçar sua carreira supervisionando o lançamento de um satélite. Lá, ele conhece Allison, uma promissora jovem da Força Aérea que o acompanha no trabalho. Allison, que se apresenta como descendente de havaianos e chineses, é interpretada por Emma Stone. Devido ao elenco predominantemente branco e pela falta de diversidade, a Rede de Ação de Mídia para asiático-americanos criticou Cameron Crowe.
Adèle é uma adolescente de 15 anos que descobre sua primeira paixão por outra mulher. Sem poder revelar a ninguém seus desejos, ela inicia uma intensa relação com Emma, que a leva para uma viagem de descobertas e prazer. O filme, ganhador da Palma de Ouro do Festival de Cinema de Cannes, em 2013, foi inicialmente polêmico pelas cenas de sexo explícito. Mas, após reclamações das atrizes principais, descobriu-se que o diretor as pressionava. Elas gravavam por mais de dez horas, com próteses de vagina que machucavam.
“Ninfomaníaca: Volume 2” dá continuidade à história de Joe, uma mulher de 50 anos viciada em sexo. Ela conta a um homem toda a sua trajetória sexual, desde a adolescência. O filme inclui intensas cenas de sadomasoquismo e uma tentativa de sexo a três. As cenas íntimas são reais, embora protagonizadas por dublês. Além do erotismo, a obra mostrou uma sequência de aborto que chocou o público dos festivais ao redor do mundo. Em Berlim, alguns espectadores chegaram a desmaiar.
Depois do ataque terrorista em 11 de setembro de 2001, os Estados Unidos iniciaram uma grande operação para capturar o líder da Al Qaeda, Osama Bin Laden. Maya, uma agente da Inteligência Americana, descobre quem são os interlocutores do terrorista e se torna a responsável pela operação que comanda uma invasão de militares americanos no território paquistanês. Com fortes cenas de tortura, o filme gerou um debate sobre os métodos usados pela CIA durante interrogatórios com terroristas. Alguns críticos chegaram a alegar que o longa de Bigelow incentiva a tortura.