Se você se considera preguiçoso, pode ser malvisto pelas pessoas, mas a ciência indica que ser um pouco ocioso é, na verdade, algo bom para a saúde. Cientistas da Universidade de Oxford, liderados pelo neurologista Masud Husain, descobriram que o cérebro dos indivíduos preguiçosos é mais ativo quando comparado aos outros.
Quarenta voluntários saudáveis participaram da pesquisa e preencheram um questionário sobre seus níveis de motivação. Eles foram categorizados como motivados, apáticos e meio-termo. Depois, todos fizeram um teste, onde avaliaram se diferentes recompensas valiam o esforço físico. Sem surpresa, as ofertas com altas retribuições e pouco empenho foram mais escolhidas, enquanto as pequenas recompensas que exigiam alto esforço foram menos populares.
Quando os voluntários fizeram o teste em uma máquina de ressonância magnética, para que os pesquisadores pudessem estudar seus cérebros, uma descoberta surpreendente surgiu. Embora as pessoas preguiçosas tenham menos probabilidade de aceitar ofertas com grande esforço, uma área de seus cérebros mostrou ser mais ativa do que em indivíduos motivados.
“Esperávamos ver menos atividade, porque eram menos propensos a aceitar escolhas difíceis, mas descobrimos o contrário. É como se fosse complicado para eles tomar uma decisão, seus cérebros precisavam trabalhar mais para avaliar se o empenho era válido ou não”, afirmou Masud Husain. Ou seja, ainda que não se esforcem, os preguiçosos gastam mais energia que as pessoas ativas.
Pouco se sabe sobre a preguiça, por esse motivo o estudo de Husain foi importante, pois mostra como os sistemas cerebrais estão envolvidos na motivação. Para a professora da Universidade de Cambridge, Anastasia Burge, a preguiça não deveria ser tão problemática, mas é a sociedade que a caracteriza assim. “Na Inglaterra, no passado, as atitudes preguiçosos eram punidas severamente. Na União Soviética, por exemplo, as pessoas podiam ser processadas por ‘parasitismo social’.”