De acordo com uma pesquisa realizada pelo psicólogo e escritor britânico evolucionista Satoshi Kanazawa, da Escola de Economia e Ciência Política de Londres, as pessoas que escutam música clássica são intelectualmente superiores àquelas que preferem canções populares, como sertanejo e rap. Para chegar a essa conclusão, Kanazawa usou uma teoria da psicologia evolucionária, chamada de Savanna-IQ.
Segundo essa corrente teórica, as pessoas inteligentes são mais abertas à novidades do que seus pares menos esclarecidos. Como a canção instrumental surgiu na história depois da versão cantada, que é ancestral, a música clássica seria uma “novidade” na linha do tempo da evolução. Sendo assim, Kanazawa argumenta que os indivíduos inteligentes povoam concertos e clubes de jazz porque têm maior capacidade de responder a obras puramente instrumentais.
Para provar sua tese, Kanazawa oferece duas evidências. A primeira utiliza dados de uma pesquisa realizada pela Universidade de Chicago, em que os 1,5 mil entrevistados tiveram que classificar 18 gêneros musicais em uma escala de 1 (não gosto) a 5 (gosto muito). Depois, eles fizeram um teste de inteligência verbal. Por fim, os participantes mais inteligentes preferiam música instrumental, enquanto os outros gostavam de gêneros como o rap e o country, que equivale ao sertanejo brasileiro.
Como segunda evidência, o pesquisador utilizou a pesquisa British Cohort Study, realizada com todos os bebês nascidos no Reino Unido em uma semana de 1970. Em 1986, quando todos tinham 16 anos, foi solicitado que eles avaliassem suas preferências por 12 gêneros musicais. Depois, os participantes também fizeram um teste de inteligência verbal. Como no estudo anterior, os britânicos com as maiores notas no teste preferiam músicas instrumentais.
“Por fim, como se suspeita, a preferência por gêneros como o rap e o country está correlacionada negativamente com a inteligência”, disse Kanazawa. O pesquisador trabalha com o método Savanna-IQ há muitos anos, mas alguns teóricos apontam contradições no estudo, que não leva em conta, por exemplo, a renda e a escolaridade das pessoas, o que impacta diretamente nos tipos de lazer aos quais elas têm acesso.