Como o Brasil foi colonizado por Portugal e recebeu imigrantes de diferentes países durante os séculos 18 e 19, a origem dos sobrenomes mais famosos do país é estrangeira. Com base em dados recentes, a Revista Bula reuniu em uma lista os 12 sobrenomes mais comuns no Brasil, bem como suas origens e significados. Entre eles, estão “Oliveira” e “Souza”, que surgiram em Portugal; e “Martins”, originário da Espanha. Grande parte dessas famílias chegou ao Brasil durante o início da colonização, com as capitanias hereditárias, e se fixaram, principalmente, na região Nordeste. Desde então, se espalharam pelo resto do país, popularizando os sobrenomes.
Mais de 5 milhões de brasileiros possuem o sobrenome “Silva”, que também é o mais comum em Portugal. Derivado do latim, significa “selva”, ou floresta. A tese mais aceita é a de que o sobrenome teve origem no século 11, na Torre e Honra de Silva, o solar de uma família de nobres do Reino de Leão, uma das antigas monarquias ibéricas. No Brasil, o sobrenome foi difundido ao ser adotado por escravos e crianças filhas de pais incógnitos. Também foi usado por imigrantes que chegavam ao país e queriam começar uma nova vida, sem vínculos com o passado na Europa.
Aproximadamente 4 milhões de brasileiros têm o sobrenome “Santos”, sem contar a variação “dos Santos”, que soma mais de 706 mil pessoas. De origem cristã, deriva da palavra latina “sanctus”, que significa “santo”. Durante a era medieval, era o sobrenome dado aos nobres ibéricos que nasciam no dia primeiro de novembro, o Dia de Todos os Santos. No Brasil, foi atribuído aos portugueses que se estabeleciam na província da “Bahia de Todos os Santos”, mas também foi adotado pelos escravos que ali residiam após a abolição da escravatura, em 1888.
Presente na certidão de mais de 3,8 milhões de brasileiros, o sobrenome faz referência à arvore da azeitona. “Oliveira” surgiu como uma alcunha, para designar aqueles que possuíam plantações do fruto. O primeiro a possuir esse nome, provavelmente no século 13, foi Pedro Oliveira, um homem muito rico de Évora, em Portugal, cidade conhecida pela diversidade de olivais. O sobrenome se tornou conhecido no Brasil graças à chegada dos imigrantes, com maior concentração na região Nordeste.
“Souza” é o 4º sobrenome mais comum no país, presente na certidão de cerca de 2,6 milhões de brasileiros, enquanto “Sousa” reúne cerca de 830 mil pessoas. A origem dos dois é a mesma: derivam da palavra “saxa”, em latim, que significa “rocha”. Foi usado, inicialmente, pelas famílias que habitavam a beira do rio Sousa, no norte de Portugal. Segundo os genealogistas, o primeiro a adotar o sobrenome foi o nobre D. Egas Gomes de Sousa, nascido em 1305. No Brasil, sofreu uma variação e passou a ser escrito com “z”.
Com origem em Portugal, Rodrigues significa o “filho de Rodrigo”, já que, antigamente, o sufixo “es” era usado para designar a filiação. Tornou-se popular no Brasil com a chegada dos imigrantes, na época das capitanias. Hoje, são mais de 2,4 milhões de “Rodrigues” no país. Em espanhol, o equivalente é “Rodriguez”, nome comum em países de colonização espanhola. No censo norte-americano, o sobrenome também aparece como um dos mais usados, confirmando o crescimento da comunidade hispânica nos EUA.
O sobrenome “Ferreira” remonta ao século 11, na Península Ibérica. De origem geográfica, era usado como alcunha para designar aqueles que moravam em lugares onde existiam jazidas de ferro. Segundo relatos históricos, Rui Pires de Ferreira foi o primeiro a adotar a alcunha como sobrenome. Há indícios de que a família Ferreira veio em caravanas para o Brasil, logo após a colonização, e fixou residência no estado de Alagoas. Hoje, mais de 2,3 milhões de brasileiros possuem o sobrenome.
Assim como “Rodrigues”, “Alves” é um sobrenome patronímico, ou seja, derivado do nome do patriarca da família. Nesse caso, é a abreviação de “Álvares”, o “filho de Álvaro”. Possui dois significados aceitos: “o que tudo vigia, cuida, protege e defende” ou “guerreiro, defensor dos elfos”. No Brasil, a família “Alves” se estabeleceu no século 18, inicialmente nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Pará. Hoje, cerca de 2,2 milhões de brasileiros têm esse sobrenome.
“Pereira” pertence ao sobrenome de aproximadamente 2,2 milhões de brasileiros. Não existe consenso sobre sua origem, mas evidências históricas remontam ao português Rodrigo Gonçalves de Pereira, que recebeu como pagamento de seus serviços uma propriedade chamada Pereira, referência à plantação de peras que existia no local. Em 1534, Francisco Pereira Coutinho veio para o Brasil, após receber uma capitania hereditária na Bahia. A partir daí, o sobrenome se espalhou pelo país.
De origem geográfica, “Lima” era usado para designar as comunidades que viviam à beira do Rio Lima, que nasce na Espanha e deságua ao Norte de Portugal. O primeiro a adotar o sobrenome foi Dom João Fernandes de Lima, conselheiro do Reino e patriarca de uma das principais famílias de Portugal, no século 15. No Brasil, os “Lima” se estabeleceram, inicialmente, no Paraná. Hoje, mais de 2 milhões de brasileiros possuem o sobrenome em seus registros.
Esse é outro exemplo de sobrenome patronímico, uma forma de criação de sobrenomes durante a Idade Média, que indicava a origem paterna da pessoa. “Gomes” significa “filho de Gomo”, nome abreviado de “Gomoarius” (homem de guerra). Possui as variações “Gomez” e “Gómez”, muito comuns em países hispânicos. No Brasil, os “Gomes” participaram do processo de colonização do nordeste. Hoje, cerca de 1,6 milhão de brasileiros possuem esse sobrenome.
Derivado da palavra “ripariu”, do latim, “Ribeiro” significa “rio pequeno” e era utilizado como alcunha, para designar as pessoas que viviam em regiões banhadas por rios. Dom Ramiro, último regente do reino de Leão, em Portugal, foi um dos primeiros membros da família “Ribeiro”. O nome se espalhou pelo mundo por meio das navegações portuguesas do século 16 e chegou ao Brasil com a caravana de Pedro Álvares Cabral. Hoje, mais de 1,5 milhão de brasileiros possuem esse sobrenome.
Assim como em Portugal, “Martins” é um sobrenome muito comum no Brasil. De origem espanhola, deriva de “Martim” ou “Martino”, nome que vem do latim e significa “homem marcial, belicoso, guerreiro”. Em alguns livros, “Martim” também é apontado como diminutivo de “Marte”, o deus da guerra. No Brasil, a família “Martins” chegou logo após o início da colonização. Hoje, cerca de 1,5 milhão de brasileiros possuem o sobrenome em seus registros.