Ainda que não apareçam nos livros de história, muitas mulheres foram responsáveis por grandes revoluções e invenções da humanidade. Para dar espaço e relembrar a luta delas, a Revista Bula reuniu em uma lista 15 exemplos de mulheres que contrariaram os estereótipos, venceram o sexismo e abriram portas para suas sucessoras nas mais diferentes áreas do conhecimento. Entre as listadas, estão a paquistanesa Malala Yousafzai, que luta para que todas as garotas recebam educação formal; Ella Fitzgerald, a primeira mulher negra a ganhar o Grammy; e Virginia Apgar, médica norte-americana criadora do Teste Apgar, responsável por diminuir a mortalidade infantil em todo o mundo.

Se hoje as mulheres norte-americanas podem votar, Susan B. Anthony é uma das maiores responsáveis por essa conquista. Ela participou da sua primeira convenção pelos direitos das mulheres em 1852 e, desde então, percorreu todo o país lutando e discursando a favor do sufrágio universal e da abolição da escravatura. Em 1872, ela foi presa por votar e se recusou a pagar a multa de cem dólares: “Eu nunca pagarei um dólar por uma sentença injusta”, disse Susan. Ela morreu em 1906.

A paquistanesa Malala Yousafzai começou a enfrentar o Talibã aos 11 anos. Quando a organização terrorista ocupou sua cidade natal e proibiu a frequência escolar das garotas, Malala começou a escrever um blog para a BBC, sob pseudônimo, denunciando as opressões dos talibãs. Mesmo após sofrer uma tentativa de assassinato, sendo atingida por três tiros, a garota continuou sua luta em defesa da educação. Em 2014, ela se tornou a pessoa mais jovem a ganhar o Nobel da Paz.

Ali Stroker marcou a história da arte quando, em 9 de junho de 2019, se tornou a primeira pessoa em cadeira de rodas a ganhar o Tony Award, a maior honraria do teatro nos Estados Unidos, pela sua interpretação de Ado Annie, no musical “Oklahoma!”. Ali iniciou sua carreira nos palcos em 2009 e foi finalista do reality show “The Glee Project”, que selecionava novos talentos para a série “Glee”. Em 2015, também foi a primeira atriz a usar cadeira de rodas nos palcos da Broadway.

Tornar-se médica não era um sonho de Elizabeth Blackwell durante a juventude, até que uma amiga, prestes a morrer, lhe disse que seu tratamento teria sido menos doloroso se o médico fosse mulher. Isso estimulou Blackwell a estudar medicina, mesmo sabendo que mulheres não eram aceitas em universidades. Ela se candidatou em 12 instituições, mas recebeu aprovação apenas da Faculdade de Medicina de Genebra. Em 1849, se tornou a primeira mulher a se formar e exercer a medicina nos Estados Unidos. Ela morreu em 1910.

Romancista e contista, Edith Wharton pertencia a uma das famílias mais ricas de Nova York e a profissão de escritora era vista como imprópria para alguém de sua classe social. Ainda assim, ela persistiu e publicou mais de 40 títulos. Em 1921, por sua obra “A Idade da Inocência”, se tornou a primeira mulher a receber o Prêmio Pulitzer de Ficção, um dos maiores prêmios da literatura. Durante a 1ª Guerra Mundial, abrigou mais de 600 órfãos refugiados, em Paris, e foi condecorada pela Legião de Honra da França. Ela morreu em 1937.

A história não tem relatos do ano de nascimento da japonesa Murasaki Shikibu e até seu nome verdadeiro se perdeu — o que usamos hoje era seu pseudônimo artístico. Durante a infância, ela demonstrou grande inteligência, o que incentivou seu pai a deixá-la estudar literatura chinesa e budista, o que era proibido às mulheres da época. Murasaki escreveu, provavelmente entre 1000 e 1012 d.C., uma obra de 54 capítulos, chamada “A História dos Genji”, considerada o primeiro romance do mundo.

Joan Ganz Cooney provocou mudanças relevantes na televisão, em uma época em que as mulheres não tinham poder na indústria da mídia. Em 1966, ela produzia programas para a rede pública de Nova York, quando chamou a atenção do executivo Lloyd Morrisett. Cooney propôs a ele transformar a TV em um meio educacional para crianças. Assim, em 1969, ela criou o programa “Vila Sésamo” e foi nomeada diretora executiva do canal CTW, o que foi uma evolução importante na história das mulheres na mídia.

Ella Fitzgerald, conhecida como “A Primeira Dama do Jazz” teve uma infância marcada por episódios de abusos, humilhações e abandono. Mas, ela nunca desistiu do sonho de se tornar uma grande cantora. Após sua estreia em uma competição musical, em 1934, Fitzgerald conquistou um público fiel e construiu uma carreira de sucesso, ao lado de grandes nomes da música, como Louis Armstrong e Frank Sinatra. Ela foi a primeira mulher da história a ganhar dois Grammys de uma vez e a primeira negra a receber o prêmio. A cantora morreu em 1996.

Junko Tabei se tornou a primeira mulher a atingir o pico do Monte Everest, 22 anos após alpinistas alcançarem o topo da montanha. Acompanhada de nove xerpas (guias locais), ela liderou uma equipe de 15 mulheres, e chegou ao cume com uma das xerpas no dia 16 de maio de 1975. Durante o percurso, o grupo foi atingido por uma avalanche, mas Tabei não desistiu da aventura. Ela também foi a primeira mulher a escalar os Sete Cumes, as montanhas mais altas de cada continente. A alpinista morreu em 2016.

Chiquinha Gonzaga foi uma compositora, instrumentista e maestrina brasileira. Além de ter criado, em 1899, a primeira marcha carnavalesca (Ó Abre Alas), ela também foi a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil, em 1888. Em seu repertório, estão mais de 2 mil composições originais. Considerada uma mulher a frente de seu tempo, Chiquinha também militava pela abolição da escravatura e pela proclamação da república. Ela morreu em 1935.

A física Grace Murray foi analista de sistemas da Marinha dos Estados Unidos entre as décadas de 1940 e 1950, onde trabalhou programando o primeiro computador de grande capacidade, o Mark I. Ela inventou o Flow-Matic, a primeira linguagem de programação que usava palavras em inglês para o processamento de dados. A criação de Murray foi uma das maiores influências para o surgimento da COBOL, linguagem de programação usada até hoje. Ela também cunhou o termo “depuração”, processo para remoção de bugs de um computador. Grace morreu em 1992.

Em 1960, Sirimavo Bandaranaike foi eleita Primeira-Ministra do Sri Lanka, cargo até então nunca havia sido ocupado por uma mulher em todo o mundo. Ela governou em três períodos distintos: 1960-1965, 1970-1977 e 1994-2000. Considerada uma líder carismática, Sirimavo enfrentou muitos ataques sexistas, sendo chamada de “dona de casa na política”, mas continuou firme em suas posições e trouxe muitas melhorias para o Sri Lanka. Ela morreu em 2000. Sua filha, Chandrika Kumaratunga, se tornou presidente do país.

Virginia Apgar, médica norte-americana, foi líder em vários campos da anestesiologia e foi a responsável pela criação do que viria a ser a neonatologia. Em 1952, inventou o Teste de Apgar, método que avalia a saúde de recém-nascidos e que reduziu significativamente a mortalidade infantil em todo o mundo. Em seu tempo livre, Virgínia era uma exímia violinista e construía seus próprios instrumentos. Ela também é reconhecida por ter sido a primeira professora titular da Universidade de Columbia. Apgar morreu em 1974.

Desde cedo, Katherine Johnson mostrou um talento excepcional para as exatas. Ela ingressou em uma HBCU (universidade para negros) com apenas 14 anos, onde fez todas as matérias de matemática oferecidas. Em 1952, começou a trabalhar na “Unidade de Computação da Área Oeste”, na NASA, uma seção apenas para mulheres negras. Mas, em poucas semanas, a inteligência de Johnson se sobressaiu e ela foi a responsável pelos cálculos que tornaram possível a missão Apollo 11, que levou o homem à lua.

Eleita pela revista “Time”, em 2010, uma das pessoas mais influentes do mundo, a cineasta norte-americana Kathryn Bigelow foi a primeira mulher a ganhar o Oscar de Melhor Direção, nesse mesmo ano. Ela levou o prêmio com o filme “Guerra ao Terror”. Infelizmente, ela ainda é a única mulher vencedora e levou oito anos para que outra diretora, Greta Gerwig, fosse indicada. Outros filmes famosos de Bigelow são “O Peso da Água” (2000) e “A Hora Mais Escura” (2012).