A coleção “Para Gostar de Ler”, da Editora Ática, marcou a vida das crianças e adolescentes durante os anos 1980 a 2000 no Brasil. Destinados a estudantes do Ensino Fundamental e Médio, os livros de crônicas, poesias e pequenos contos são lembrados com nostalgia até os dias de hoje. O projeto nasceu a partir da intenção da Editora Ática em incentivar a leitura de grandes cronistas brasileiros. A primeira edição, lançada em 1977, reuniu textos de Rubem Braga, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e Carlos Drummond de Andrade. Leves e bem-humoradas, as crônicas conquistaram rapidamente o público, e a editora precisou ampliar o leque de escritores. Ao todo, foram publicados 47 títulos, o último em 2013. A Revista Bula realizou uma enquete para descobrir quais são, segundo os leitores, os melhores livros da coleção. A consulta foi feita junto a colaboradores, assinantes — a partir da newsletter — e seguidores da página da revista no Facebook e no Twitter. As dez obras mais citadas foram reunidas em uma lista, que contempla coletâneas de poesias, contos e crônicas.
A coletânea reúne histórias escritas por alguns dos maiores cronistas brasileiros: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e Rubem Braga. Os autores formaram a primeira equipe escolhida pela Editora Ática para lançar a coleção “Para Gostar de Ler”. Com bom humor, os escritores convidavam crianças e adolescentes para conhecer o mundo da leitura. Os textos leves e fáceis de ler conquistaram rapidamente o público. A aceitação foi tão grande, que foi necessária uma segunda tiragem com 150 mil exemplares. Segundo o editor Jiro Takahashi, o primeiro volume da coleção serviu para quebrar o mito de que livros de crônicas não vendiam.
O dia a dia de pais e filhos é marcado por momentos inesquecíveis. Desse cotidiano, Moacyr Scliar extraiu a inspiração para escrever as crônicas de “Um País Chamado Infância”. “Há um país chamado infância, cuja localização ninguém conhece ao certo. Pode ficar lá onde mora o Papai Noel, no Polo Norte; ao sul do Equador, onde não existe pecado, ou nas florestas da Amazônia ou na África misteriosa, ou mesmo na velha Europa (…)”, assim o autor descreve o mundo imaginário que criou nesta obra. Com mais de 74 livros publicados, Scliar foi um dos maiores cronistas e romancistas brasileiros. Famoso pelo seu estilo leve e irônico, ganhou o Prêmio Jabuti de Literatura em 1988, 1993, 2000 e 2009. O escritor morreu em 2011.
No livro, Luis Fernando Verissimo flagra cenas cotidianas e as retrata com humor e descontração. Em uma das crônicas, uma mulher, de repente, começa a recitar trechos de propagandas de produtos no meio da sala. Em outra história, um pai briga com a professora do filho por um motivo banal. Passeando por lugares-comuns, como a escola, o ônibus ou uma casa de família, o autor revela que é possível se divertir mesmo em situações adversas. Filho do escritor Erico Verissimo, Luis Fernando Verissimo já publicou mais de 60 títulos e é considerado um dos maiores cronistas brasileiros contemporâneos.
Como se estivesse conversando despretensiosamente com o leitor, Rachel de Queiroz desfia, ao longo de 25 crônicas, histórias comoventes sobre o povo brasileiro. Crianças que descobrem o mundo, adultos que lutam pela sobrevivência sem abrir mão de seus sonhos, relações entre mães e filhos e outros casos curiosos compõem o livro. São rápidos flagrantes da realidade brasileira durante as décadas de 1940, 50 e 60; que se mostram ainda atuais. Autora de destaque na ficção social, Rachel de Queiroz foi uma das mais importantes romancistas brasileiras, a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras e a vencer o Prêmio Camões. Ela morreu em 2003.
A coletânea apresenta uma seleção de crônicas publicadas por Marcos Rey nas revistas “Veja São Paulo” e “Vejinha”, entre 1992 e 1996. As histórias são divididas em três categorias: “Situações Embaraçosas”, “Flashes da Vida Moderna” e “Figurinhas Carimbadas”. Marcos Rey, pseudônimo de Edmundo Donato, foi um escritor e dramaturgo brasileiro. Entre suas obras mais famosas, estão “Café na Cama” (1960), e “Memórias de Um Gigolô” (1970), que foi adaptada pela Rede Globo em forma de minissérie. Em 1994, Marcos Rey ganhou o Prêmio Jabuti pelo livro “O Último Mamífero do Martinelli”. Ele morreu em 1999.
Esta coletânea de 30 crônicas reúne casos sobre o cotidiano das relações familiares, lembranças da infância, fatos curiosos e assuntos literários. Com sutileza e bom-humor, o escritor compõe um retrato original da vida, transformando momentos comuns em histórias que divertem e emocionam o leitor. Integrante da mesma geração mineira dos escritores Fernando Sabino e Murilo Rubião, Paulo Mendes Campos foi um renomado jornalista, poeta, tradutor e cronista. Traduziu para o português obras de grandes autores da literatura mundial, como Júlio Verne, Oscar Wilde, Jane Austen, Gustave Flaubert e Shakespeare. Seu livro de poesia mais prestigiado é “O Domingo Azul do Mar” (1958). Ele morreu em 1991.
Medo, tensão e finais surpreendentes transformam o leitor em refém das histórias de detetive. Neste volume, José Paulo Paes reúne seis das melhores amostras do gênero, representadas desde Edgar Allan Poe até o brasileiro Marcos Rey. Os textos mostram como os contos policiais mudaram ao longo do tempo pelas mãos de grandes escritores. As seis histórias presentes no livro são: “À Beira da Morte”, de Conan Doyle, que apresenta o detetive mais famosos de todos, Sherlock Holmes; “Tu é o Homem”, de Edgar Allan Poe; “O Fantasma da Quinta Avenida”, de Jerônimo Monteiro; “O Último Cuba-Libre”, de Marcos Rey; “Código 12”, de Edgar Wallace; e “Se Eu Fosse Sherlock Holmes”, de Medeiros e Albuquerque.
Uma imagem vale mais que mil palavras? Para a escritora Marina Colasanti, não. Afinal, “até para louvar a imagem foi preciso fazer uma frase”, disse. Nestas 25 crônicas, as palavras provam sua força. Dispostas com esmero, elas tocam com coragem em feridas abertas no povo brasileiro, como a miséria, o descaso dos governantes, a violência e a destruição da natureza. Também jornalista, Marina Colasanti publicou seu primeiro livro, “Eu Sozinha”, em 1968. Deste então, lançou mais de 50 obras no Brasil e no exterior, incluindo livros de poesias, contos, crônicas, ensaios e literatura infanto-juvenil. “Uma Ideia Toda Azul” (1978) e “Hora de Alimentar Serpentes” (2013) são alguns de seus livros mais conhecidos. Em 2010, recebeu o Prêmio Jabuti pelo livro “Passageira em Trânsito”.
Um marido infiel, uma criança metida a espertinha e uma velha intrometida: esses são apenas alguns dos personagens reunidos por Stanislaw Ponte Preta em “Gol de Padre e Outras Crônicas”. Graças à imaginação e ao humor do cronista, situações do cotidiano se transformam em histórias que divertem o leitor. A crônica que dá título ao livro conta o caso de um padre que organiza uma partida de futebol com muito rigor, mas, ao final do jogo, levanta a batina e dribla a bola a caminho do gol, mostrando que ainda sabe brincar como criança. Stanislaw, pseudônimo de Sérgio Porto, foi um jornalista e escritor carioca. Conhecido pelo seu humor ácido, ele morreu em 1968.
Ver as coisas com simplicidade não é tão fácil assim. A poesia de Mario Quintana é prova disso. Em seus versos, o dia a dia se revela profundo e belo, além de divertido. Essa coletânea, dividida em quatro eixos temáticos, explora assuntos recorrentes na obra do autor: a fantasia em “Paisagens Sonhadas”, o cotidiano em “O Mundo Gira”, o humor em “Entre Risos e Espantos”, e a metalinguagem no capítulo “O Criador e a Criatura”. A antologia, que cobre toda a carreira do autor, apresenta uma grande riqueza de temas e formas, reunindo sonetos, versos livres, haicais e prosa. Considerado “o poeta das coisas simples”, Quintana foi um dos maiores autores brasileiros do século 20. Ele morreu em 1994.