Na esfera da economia, a miséria surge pela combinação da inflação elevada, dos altos custos dos empréstimos e do desemprego. A maneira mais segura de mitigar a miséria é pelo crescimento econômico. Mas, algumas nações estão em recessão há anos e o cenário é desanimador. O economista norte-americano Steve H. Hanke publicou na revista Forbes o Misery Index, um ranking que, a partir de dados disponibilizados pelos países, classifica as melhores e as piores economias do mundo. Para chegar ao resultado divulgado, Hanke somou as taxas de desemprego, inflação e empréstimos bancários e diminuiu pela variação percentual do PIB de cada nação. A Revista Bula reuniu em uma lista os dez primeiros colocados do ranking, que representam as economias mais miseráveis do mundo.
Com 30 milhões de habitantes, a Venezuela é dona das maiores reservas de petróleo do mundo, mas vem sofrendo uma grande recessão econômica há três anos, desde que os preços caíram. Índices econômicos baixíssimos, instabilidade política e violência são alguns dos problemas que assolam o país. A inflação cresce de forma desmedida e a população sofre com a falta de insumos básicos, como alimentos, produtos de higiene e remédios.
Desde a década de 1990, quando se iniciou o déficit fiscal no país, a Argentina vive uma grave crise econômica. Essa situação levou à desvalorização do peso argentino e ao crescimento da inflação. As altas taxas de desemprego agravaram ainda mais a crise fiscal, diminuindo o poder de compra da população. O país ainda pediu ajuda ao Fundo Monetário Internacional (FMI), fazendo uma dívida de 50 bilhões de dólares.
Quando Hassan Rohani assumiu a presidência do Irã, em 2013, ele conseguiu abaixar os índices da inflação e aumentar o PIB do país. Mas, as taxas de desemprego continuam crescendo e, atualmente, cerca de 29% dos jovens iranianos não estão trabalhando. A moeda do país está enfraquecida, o que causa o aumento dos preços de produtos básicos. O governo é autoritário e se envolve constantemente em escândalos de corrupção.
A atual crise no Brasil teve início em 2014. Uma de suas consequências foi a forte recessão econômica, que levou a uma queda do Produto Interno Bruto (PIB) por dois anos consecutivos. A crise também gerou desemprego e cerca de 13 milhões de brasileiros estão sem trabalho. Por fim, a instabilidade econômica foi acompanhada de uma crise política: além do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, muitos políticos estão sendo investigados por corrupção.
A política expansionista do governo turco, a inflação descontrolada e os créditos a juros baixos fizeram com que a moeda do país desvalorizasse 40% frente ao dólar. No início de 2019, a taxa de desemprego atingiu 14,7%, o maior nível dos últimos dez anos. E, além da crise econômica, o governo turco ainda iniciou uma disputa comercial com os Estados Unidos, boicotando os produtos do país, o que desestabilizou os investidores da Turquia.
A Nigéria é a maior produtora de petróleo da África e depende em 90% da exportação do produto. Mas, com o barateamento dos barris de petróleo, os últimos anos foram devastadores para a economia do país. Em 2018, a taxa de desemprego chegou a 23,1%. Com quase 200 milhões de habitantes, a Nigéria é um dos países com o maior índice de corrupção no mundo e tem mais de 70% da sua população vivendo com menos de três dólares por dia.
No ano passado, o ex-presidente da África do Sul, Jacob Zuma, renunciou ao cargo. Pesavam contra ele acusações graves de corrupção, que minaram sua reputação e popularidade. Desde 2010 o país também passa por uma grave crise econômica, motivada, principalmente, pela queda do preço do petróleo. O novo presidente, Cyril Ramaphosa se esforça para reanimar a economia do país, mas sem sucesso até então. A taxa de desemprego chega a 27%.
Entre 1992 e 1995, a Bósnia-Herzegovina viveu uma intensa guerra civil, que deixou mais de cem mil mortos. Ainda hoje, a nação não conseguiu se recuperar totalmente. A Bósnia é um dos países mais pobres da Europa e aproximadamente 18% de seus habitantes vivem em extrema pobreza. O desemprego afeta quase metade da população, mas os salários dos governantes políticos são exorbitantes, assim como os índices de corrupção.
A crise no Egito teve início com a Revolução Egípcia de 2011, quando centenas de milhares de pessoas saíram às ruas para protestar contra o governo, obrigando o presidente Hosni Mubarak a deixar o cargo. A turbulência política abalou a confiança dos investidores, desvalorizou a moeda egípcia e aumentou a taxa de desemprego. Além disso, o atual governante, Abdel Fattah al-Sisi, controla o país de forma repressiva.
A Ucrânia vive uma das piores crises institucionais e econômicas de sua história. Em 2013, o país deixou de assinar um acordo comercial com a União Europeia para favorecer suas relações com a Rússia, que oprimiu a Ucrânia por séculos. Em resposta, manifestantes tomaram as ruas da capital Kiev e foram reprimidos. A economia já não ia bem, mas a instabilidade política piorou o cenário. Hoje, a inflação em alta e o desemprego preocupam os ucranianos.
Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado