Para os amantes da literatura, presentear amigos que não gostam de ler pode ser uma tarefa difícil. Mas, não impossível. A Revista Bula reuniu em uma lista dez ótimos livros capazes de agradar até mesmo aqueles que não são leitores assíduos. A lista reúne livros de diferentes épocas, gêneros e nacionalidades. Todas as obras selecionadas, além de serem clássicas e aclamados pela crítica, também possuem histórias envolventes e de leitura descomplicada. Entre os destaques, estão “O Conde de Monte Cristo”, de Alexandre Dumas, um dos livros mais celebrados da história da literatura; e “Comédias da Vida Privada”, de Luis Fernando Verissimo, considerado um dos maiores cronistas brasileiros contemporâneos. Os livros estão organizados de acordo com o ano de lançamento e não seguem critérios classificatórios.
O livro narra a história de Edmond Dantés, um marinheiro que é preso injustamente, vítima de um complô. Quando escapa da prisão, toma posse de uma misteriosa fortuna e arma uma plano mirabolante para vingar-se daqueles que o prenderam. A galeria de personagens criada por Dumas faz um retrato fiel da França do século 19, um mundo em transformação, onde se era possível a mudança de posições sociais. “O Conde de Monte Cristo é, juntamente com “Os Três Mosqueteiros”, a obra mais conhecida de Alexandre Dumas e uma das mais celebradas da literatura universal. Estima-se que o livro tenha vendido entre 200 e 250 milhões de cópias ao redor do mundo, o que o torna um dos mais famosos da história. A obra é livremente inspirada nas experiências de Pierre Picaud, um sapateiro que vivia em Nîmes, na França.
A história se passa no interior dos Estados Unidos, em meados do século 19, e é a continuação do livro “As Aventuras de Tom Sawyer”. O narrador é Huckleberry Finn, o melhor amigo de Tom. Para se livrar do pai bêbado e violento, o garoto Huckleberry se refugia em uma pequena ilha do rio Mississippi. No local, ele conhece Jim, um escravo fugido, que se torna o seu aliado. Usando uma balsa, a inusitada dupla se lança numa viagem pelo leito do rio, às margens da sociedade pré-Guerra Civil Americana. O objetivo deles é chegar até a cidade de Cairo, onde eles podem pegar uma embarcação para os Estados livres, onde não existe escravidão. Marco fundador da narrativa norte-americana, “As Aventuras de Huckleberry Finn” inaugurou a tradição do anti-herói jovem e espirituoso. O livro é conhecido como “O Maior Romance Americano”.
Emil Sinclair é um jovem criado por pais piedosos e religiosos. Apesar do amor que sente pela família, Sinclair se enxerga de maneira diferente e já não quer levar a vida da mesma maneira que seus pais. Atormentado pela falta de respostas às suas questões sobre a vida, ele faz amizade com Max Demian, um colega de classe precoce e carismático, que o ajuda em sua busca de respostas. Demian defende que o ser humano deve celebrar não apenas seu lado bom, mas também seus defeitos e instintos perversos. Influenciado pelo novo amigo, Sinclair começa a descobrir os perigos e prazeres da adolescência. Hermann Hesse foi homenageado com os maiores prêmios da literatura mundial, como o Prêmio Goethe e o Nobel de Literatura. Após a eclosão do movimento de contracultura, na década de 1960, Hesse se tornou o autor europeu mais lido e traduzido do século 20.
O romance narra a história de Eugênio, um homem que, pelo esforço da família, consegue ingressar na faculdade de Medicina. No dia de sua formatura, ele conhece Olívia, uma jovem simples, por quem se apaixona. Os dois têm uma filha, Ana Maria. Mas, Eugênio tem vergonha de suas origens e abandona a família para se casar com Eunice, uma jovem da elite. Anos depois, Eugênio fica sabendo que Olívia está doente e resolve viajar para visitá-la. Durante a viagem, ele reflete sobre os sonhos e pessoas que abandonou para viver um casamento infeliz com Eunice. A partir desse momento, ele percebe que precisa dar um novo rumo à sua vida. Erico Verissimo foi um dos escritores brasileiros mais populares do século 20. Ele foi homenageado com o Prêmio Machado de Assis pelo conjunto de sua obra e também ganhou o Prêmio Jabuti de Literatura.
Isadora Wing é uma escritora nova-iorquina casada pela segunda vez. Aos 29 anos, ela acaba de publicar um livro de poesias eróticas e se torna uma grande sensação. Isadora é uma mulher sonhadora, mas insegura, que costuma ir atrás de psiquiatras para tentar resolver seus problemas. A escritora viaja para Viena para acompanhar o marido, Bennet, em um congresso de psicanálise. Lá, ela se envolve com um outro psicanalista participante do evento, Adrian Goodlove, por quem se sente imediatamente atraída. Isadora sente que Adrian lhe oferece tudo o que ela deseja, mas não encontra em seu casamento: paixão, desejo, excitação e perigo. Assim, ela começa a trair Bennet. Durante os encontros, Isabela relata para Adrian os excêntricos relacionamentos afetivos que já viveu. “Medo de Voar” vendeu mais de 20 milhões de cópias ao redor do mundo e transformou Erica Jong em uma das maiores inspirações do movimento feminista durante a década de 1970.
Em “Comédias da Vida Privada” estão concentradas situações hilárias vividas principalmente pela classe média brasileira. É nesse território imenso, opaco, denso e impreciso que circulam os personagens de Verissimo. Seus heróis são anônimos, vivem em ambientes onde transitam a maioria dos habitantes deste país. Um universo ao mesmo tempo rico e banal onde o autor se inspirou para produzir as 101 crônicas do livro. Nelas estão presentes as mesas de bar, as infidelidades, as angústias, o trágico e o cômico combinados na estranha sinfonia do cotidiano. Filho do renomado escritor Erico Verissimo, Luis Fernando Verissimo já publicou mais de 60 títulos e é considerado um dos maiores cronistas brasileiros contemporâneos, tendo ganhado honrarias importantes, como o Prêmio Juca Pato e o Prêmio Jabuti de Literatura.
“Correio do Tempo”, é uma coletânea de contos dividida em quatro partes: Sinais de Fumaça, Correio do Tempo, As Estações e Colofão, que, em sua etimologia, significa “o fim de uma obra”. Os contos tratam dos mais diversos tipos de encontros e despedidas, do distanciamento, da ressignificação e da passagem do tempo: uma criança que passa alguns dias na casa do pai separado, um homem doente que escreve ao amigo pela última vez, uma visita inesperada de um preso político ao seu algoz, sobreviventes de naufrágios que se encontram acidentalmente em uma ilha deserta, e o relato de um homem preso por matar quem amava. Mario Benedetti é considerado um dos maiores escritores uruguaios e escreveu mais de 80 livros, assim como roteiros para cinema. Seus livros foram traduzidos para mais de 20 idiomas.
Nascido no porão de uma livraria de Boston, nos anos 1960, o rato Firmin foi o único da sua ninhada a desenvolver a capacidade de leitura. Marginalizado pela sua família ele busca fazer amizade com um livreiro, que é seu herói, e com um escritor fracassado. Firmin tem uma fome insaciável pelos livros e, por meio da leitura, se transporta para diferentes lugares. A biblioteca é o seu refúgio e o mundo lá fora lhe parece frio e repugnante. À medida em que aperfeiçoa seus conhecimentos, o rato adquire emoções e sonhos com características humanas e passa os dias imaginando como seria uma vida entre os homens. “Firmin”, a primeira obra de Sam Savage, foi publicada originalmente pela Coffee House Press, uma pequena editora independente de Minneapolis. Ainda assim, vendeu mais de 1 milhão de cópias e se tornou um grande sucesso em todo o mundo, principalmente nos Estados Unidos, Brasil, Itália e Espanha.
Em “Nu, de Botas”, Antonio Prata revisita as passagens mais marcantes de sua infância. As memórias são iluminações sobre os primeiros anos de vida do autor, narradas com precisão e humor. As primeiras lembranças no quintal de casa, os amigos da vila, as férias na praia, o divórcio dos pais, o cometa Halley, Bozo e os desenhos animados da televisão, a primeira paixão, o sexo descoberto nas revistas pornográficas — toda a educação sentimental de um paulistano de classe média nascido nos anos 1970 aparece no livro. Os textos não são memórias do adulto que olha para trás e revê sua trajetória com nostalgia ou distanciamento. Ao contrário, o autor retrocede ao ponto de vista da criança, que se espanta com o mundo e a ele confere um sentido muito particular: cômico, misterioso, lírico, encantado. Antonio Prata é o cronista de maior destaque de sua geração e um dos maiores do país.
“O Livro das Semelhanças” é uma reunião dos poemas de Ana Martins Marques, dividido em quatro seções: Livro, Cartografias, Visitas ao lugar-comum e O Livro das Semelhanças. Estão presentes na obra, com uma força que já podia ser antecipada em seus livros anteriores, peças que versam, sobretudo, a respeito da tentativa desafiadora de recuperar o mundo e as coisas por meio da palavra. Do amor à percepção de que há um espaço para o lugar-comum, do entendimento da precariedade do nosso tempo à graça proporcionada pela memória: Ana Martins é uma poeta que fala diretamente ao leitor. Ou, como diz em um de seus versos: “Ainda que não te fossem dedicadas / todas as palavras nos livros / pareciam escritas para você”.