Ainda que, ao longo da história, as mulheres tenham sido relegadas a papéis secundários, algumas cientistas e inventoras ultrapassaram os obstáculos impostos por uma sociedade machista e patentearam criações que foram fundamentais na história da humanidade. No mês da mulher, a Revista Bula reuniu em uma lista dez coisas que muitos imaginam terem sido criadas por homens, mas foram invenções de mulheres, como a tecnologia que possibilitou a telecomunicação, desenvolvida pela física e doutora americana Shirley Ann Jackson; e o primeiro algoritmo de computador, de autoria da inglesa Ada Lovelace.
No livro “Beer O’Clock: An Insider’s Guide to History, Craft, and Culture”, a historiadora e sommelier Jane Peyton revela que a cerveja foi inventada pelas mulheres, há mais de 10 mil anos, na Mesopotâmia. Naquela época, as mulheres eram responsáveis pela fabricação da bebida e também pela administração das tabernas. As sociedades antigas, inclusive, consideravam a cerveja o presente de uma deusa, e nunca de um deus masculino.
Entre as criações da inventora e empresária Maria Beasely, está o bote salva-vidas como conhecemos hoje: compacto, seguro e à prova de fogo. Em 1882, Beasely observou o grande número de pessoas que morriam em acidentes marítimos e inventou o bote, uma criação que a deixou muito rica. Outro sucesso de Beasely foi uma máquina para fazer barris de vinho, que produzia até 1500 unidades por dia.
Em 1947, a física Maria Telkes, em parceria com a arquiteta Eleanor Raymond, inventou a primeira casa com sistema de aquecimento solar. A pesquisadora trabalhou por 14 anos no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e realizou avanços importantes no estudo da energia solar, ficando conhecida como “A Rainha do Sol”.
Em 1965, na busca por um material com a resistência térmica do amianto e com a rigidez da fibra de vidro, a química Stéphane Kwolek inventou o Kevlar, principal elemento utilizado na fabricação de coletes à prova de bala. O Kevlar é uma fibra de alto rendimento, cinco vezes mais resistente que o aço, leve e resistente ao fogo. O material também é usado para proteger motores de aviões.
A física Grace Murray foi analista de sistemas da Marinha dos Estados Unidos entre as décadas de 1940 e 1950, onde trabalhou programando o primeiro computador de grande capacidade, o Mark I. Ela inventou o Flow-Matic, a primeira linguagem de programação que usava palavras em inglês para o processamento de dados. A criação de Murray foi uma das maiores influências para o surgimento da COBOL, linguagem de programação usada até hoje.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Hedy Lamar, uma inventora e atriz de Hollywood, criou um sofisticado sistema de interferência de rádio para despistar radares nazistas, cuja patente foi registrada em 1940. O sistema foi usado pelas Forças Armadas dos Estados Unidos e serviu como base para a invenção do Wi-Fi e da telefonia celular.
Ada Lovelace, filha do famoso escritor Lord Byron, é conhecida mundialmente como a primeira programadora da história. Entre 1842 e 1843, ela escreveu notas sobre a máquina analítica de Babbage, que foram publicadas mais de cem anos depois. Essa máquina foi reconhecida como o primeiro modelo de computador, e as anotações de Lovelace como o primeiro algoritmo criado para a computação.
Além de ter sido a primeira mulher negra a conquistar um Ph.D. em física nuclear do Instituo de Tecnologia de Massachusetts (MIT), Shirley Ann Jackson realizou a pesquisa científica que permitiu avanços em telecomunicações, como a criação do fax, do telefone touchscreen, dos cabos de fibra óptica e da tecnologia que está por trás da identificação de chamadas.
A primeira máquina de lavar louças automática foi desenvolvida pela americana Josephine Cochrane, que apresentou sua invenção na Feira Mundial de Chicago, em 1893, atraindo a atenção de restaurantes e hotéis. Já existiam tentativas de criar uma lava-louças, mas a de Josephine se concretizou por ser moderna e prática. Ela era neta de John Fitch, o inventor do barco a vapor.
Marie Van Brittan Brown, natural do bairro do Queens, em Nova York, se incomodava com a demora da polícia para atender os pedidos de ajuda em sua vizinhança. Então, em 1969, ela mesma resolveu criar o primeiro sistema de vigilância por vídeo para uso doméstico. O sistema funcionava com uma câmera que podia ser controlada remotamente e transmitia imagens para um monitor dentro de casa. A invenção foi a base para os sistemas de vigilância modernos.