A cada ano, desde 1901, um novo escritor é laureado com o Prêmio Nobel de Literatura, considerado o mais importante e renomado do mundo. O vencedor é escolhido pela Academia Sueca, que analisa a importância do conjunto da obra do autor, bem como o impacto cultural, político ou social causado por ela. A Bula reuniu em uma lista as obras mais importantes dos ganhadores das últimas 15 edições do Nobel: de Elfriede Jelinek, em 2004, a Peter Handke, em 2019. Foram escolhidos os livros mais significativos de cada escritor premiado que possuem tradução para o português. Para Bob Dylan, vencedor do Nobel de 2016, foi considerada a publicação “Tarântula” (1971), embora seja público que a premiação se deu em função do conjunto de sua obra musical.
Aos 36 anos, uma professora de piano frustrada com a carreira ainda vive com a mãe, com quem mantém uma relação de amor e ódio. Certo dia, o pior pesadelo da mãe se materializa: um estudante de música se apaixona pela filha. Ao se envolver com o rapaz em uma relação masoquista, a pianista inicia uma verdadeira guerra com a sua genitora. O livro inspirou o filme “A Professora de Piano”, dirigido por Michael Haneke.
O único romance de Harold Pinter descreve as vidas e preocupações de quatro jovens na Inglaterra. Através da evolução, tumultuosa e destrutiva da sua amizade, Pinter explora o modo como as vidas comuns são moldadas pelas limitações e fronteiras da sexualidade, da intimidade e da moralidade, ao mesmo tempo que põe a nu as profundas verdades existentes em acontecimentos aparentemente correntes.
A trama se passa em Istambul, no fim do século 16. Para comemorar o primeiro milênio da Hégira (a fuga de Maomé para Meca), o sultão encomenda um livro para demonstrar a riqueza do Império Otomano. Para provar a superioridade do mundo islâmico, porém, as imagens devem ser feitas com técnicas de perspectiva da Itália renascentista. As intenções secretas do sultão logo dão margem a especulações, desencadeando uma onda de intrigas, e um dos artistas que trabalhava no livro é assassinado.
Talvez poucas autobiografias modernas sejam tão reveladoras da mente de seu criador. “Debaixo da Minha Pele”, que abrange os primeiros trinta anos de vida da escritora Doris Lessing, mostra uma mulher reta e inflexível desde o início, uma mulher que quebra regras, que luta contra as amarras que sua formação e seu ambiente tentaram lhe impor. Ao recordar, ao refazer a vida por escrito, Doris Lessing mantém a disposição para o enfrentamento.
O livro narra a vida da garota Ethel e sua família, na Paris dos anos 1920 e 30. Com a dimensão de um épico, a trama envolve os personagens em acontecimentos terríveis como o Nazismo, a Segunda Guerra e a Ocupação da França. O autor aborda a brutalidade dos fatos históricos e suas consequências, colocando a questão do racismo e da xenofobia no centro das indagações da obra.
O fim da guerra, em 1945, para a minoria alemã na Romênia é o início de um período de horror e silêncio. Nos cinco anos seguintes, por volta de 30 mil saxões residentes na Transilvânia foram deportados para campos de trabalhos forçados. Entre eles, Leo Auberg, um jovem de 17 anos, gay. Ali ele convive com a fome, trabalhos forçados, doenças, solidão e morte. Cinco anos depois, Leo volta para casa, mas percebe que tal retorno é impossível.
No Peru, em meados dos anos 1960, Zavalita, um jornalista que é filho de uma família de classe média alta, e Ambrosio, antigo motorista de seu pai, se encontram num pequeno bar chamado Catedral. Enquanto bebem e desfilam recordações fragmentadas sobre suas vidas e seus conhecidos, recompõem, como um mosaico, o panorama político peruano nos anos 1950. Aos poucos, o leitor tem diante de si, não só um rico panorama histórico da América Latina, como uma fascinante história de amor e morte, que liga os dois personagens.
“Peito Grande, Ancas Largas”, publicado na China em 1995, causou grande controvérsia, acabando por ser retirado de circulação. Num país onde os homens dominam, este é um romance épico sobre as mulheres. Sugerido no próprio título, o corpo feminino serve como imagem e metáfora ao livro. A protagonista nasce em 1900 e casa-se com 17 anos. Mãe de 9 filhos, apenas o mais novo, Jintong, é garoto. Inseguro e fraco, ele contrasta com as oito irmãs, fortes e corajosas.
O livro reúne nove contos, centrados em protagonistas mulheres, entre elas: Johanna, que encontra a solução para sua carência afetiva em cartas apaixonadas; Jinny, que se deixa seduzir por um adolescente; Alfrida, admirada pela sobrinha, apesar da postura masculina e supostamente inadequada para sua época; e Nina, que busca desesperadamente o bilhete póstumo deixado por Lewis, o marido cético que, por intolerância, causou a ira dos religiosos de sua cidade.
Guy Roland é um detetive particular que sofre de amnésia há quinze anos. Na tentativa de elucidar o segredo de sua identidade, ele sai em busca de pessoas que possam lhe oferecer pistas acerca de seu passado e das circunstâncias que causaram seu problema. Atuando como uma espécie de detetive de si mesmo, ele percorre ruas obscuras e bares enfumaçados de Roma ou de Bora-Bora, em sua incansável investigação.
O povo russo assistiu com espanto à queda do Império Soviético. A política de abertura do governo Mikhail Gorbachev impôs uma mudança drástica da estrutura social, do cotidiano e, sobretudo, da direção ideológica da população. Em “O Fim do Homem Soviético”, Svetlana Aleksiévitch examina a vida das pessoas afetadas por essa transformação. Em cada personagem está um pouco da história russa.
Publicado pela primeira vez em 1971, depois que cópias piratas começaram a circular pelos Estados Unidos, “Tarântula” é uma prosa poética, extensão do trabalho que Bob Dylan apresentou aos fãs ao longo de décadas na forma de canções. Você já viu aqui na Bula Todas as músicas de Bob Dylan em ordem cronológica.
O mordomo Stevens, já próximo da velhice, rememora as três décadas dedicadas à casa de um distinto nobre britânico, lord Darlington, hoje ocupada por um milionário norte-americano. Por insistência do novo patrão, Stevens sai de férias em viagem pelo interior da Inglaterra. O mordomo vai ao encontro de miss Kenton, antiga companheira de trabalho. No caminho, recorda passagens da vida de lord Darlington e reflete sobre o papel dos mordomos na história britânica.
Em uma remota região da Polônia, vive a sra. Dusheiko, uma professora de inglês aposentada que costuma se dedicar ao estudo da astrologia, à poesia de William Blake, à manutenção de casas para alugar e a sabotar armadilhas para impedir a caça de animais silvestres. Sua excentricidade é amplificada por sua preferência pela companhia dos animais aos humanos e pela crença na sabedoria advinda dos astros. Quando alguns caçadores da região começam a morrer misteriosamente, Dusheiko tenta descobrir quem é o responsável pelos assassinatos.
Don Juan (Narrado por ele Mesmo), apesar do seu subtítulo, é recontado, de fato, por um cozinheiro solitário e ocioso, ávido leitor, que, um belo dia, em meio a leituras de Racine e Pascal, decide dar um basta nos livros. Sua imprevista decisão coincide com a igualmente repentina e abrupta aterrissagem de Don Juan no jardim do albergue onde ele vive, nas ruínas do monastério de Port-Royal-des-Champs, na França. Não um Don Juan qualquer, mas o próprio Don Juan, a figura legendária cujas aventuras já foram contadas e recontadas e que Peter Handke decide ambientar definitivamente na contemporaneidade.